Quando a Fox anunciou Lucifer para 2016, os fãs dos quadrinhos entraram em polvorosa, e como era de se esperar, as polêmicas envolvendo a série sobre o Príncipe das Trevas ultrapassou os limites da ficção.
Grupos cristãos se irritaram com a temática, tais como a One Million Moms, que lutam pelo cancelamento, alegando que a série “glorifica Satã como uma pessoa carinhosa e amável de carne e osso”.
E não é que o Diabo é exatamente assim? A gente explica: O roteiro original que aparece no HQ que Mike Carey fez para a Vertigo (DC Comics) no final dos anos 90 até meados dos anos 2000, mostra Lúcifer entediado com o Inferno, se divertindo em Los Angeles sob comando de um piano bar chamado Lux, junto com sua fiel escudeira Mazikeen, um demônio da classe Lilim.
“Tocando o terror” em L.A em cenas cheias de álcool e drogas, o Capiroto recebe a visitinha do anjo Amenadiel, incumbido fazer um acordo com Lúcifer: o Anjo Caído precisa se livrar dos antigos deuses sem nome, mas o céu não quer se envolver diretamente. Como pagamento, uma Carta Divina da “liberdade” seria dada para que ele continuasse sua nova vida sem “ninguém encher o saco”.
Na série, é melhor esquecer a “treta” e pensar em uma espécie de Sherlock Holmes satânico. Mas nem tão satânico assim. Quando a “galera da petição” cita o Demo como uma pessoa “carinhosa e amável de carne osso”, está no caminho certo.
Lúcifer se preocupa com os seres humanos, defende criancinhas e ajuda a solucionar crimes. Tudo isso ao lado da detetive Chloe Dancer, uma loira bonitona que se faz de difícil e não se encanta pelos poderes sedutores de Lu.
O humor sarcástico da Estrela da Manhã é um dos pontos altos, unido ao sotaque britânico de Tom Ellis e ao carisma do ator. Por mais que em certos momentos o Príncipe do Mal pareça uma representação de um Christian Grey menos Grey, em uma primeira impressão foi divertido ver Lúcifer dar “vários tapas na cara da sociedade” ao se referir às pessoas como “humanos” e falar de si mesmo com orgulho “Eu sou o demônio” “Eu sou imortal” “As mulheres não resistem à mim”.
Ele fica chocado, porém, quando a policial Dancer não sente uma atração incontrolável por ele, como as outras mulheres. Seria ela um anjo enviado dos céus? Ou só uma garota de boa que não tem tempo para frescurinhas?
O preocupante é até quando o roteiro irá se sustentar. É claro que existem outros muitos personagens interessantíssimos na trama. Mas para um dos personagens mais poderosos da DC Comics, e agora protagonista da série da Fox, esperava algo mais “amarrado”, diabólico, sedutor, inteligente e até mesmo com um toque “filosófico”, um pouco mais da essência do HQ.
Por mais que Lúcifer seja uma série mid-season (não terá muitos episódios) meu maior receio é que se torne mais um roteiro com temática 100% policial, e o Príncipe das Trevas seja apenas mais um “detetive problemático com super poderes”. Poxa Fox, estamos falando do Diabo em L.A. O público quer ver o caos!