A marca de erva-mate Yerba Madre (anteriormente conhecida como Guayakí) apresentou talvez seu produto mais conectado à natureza até hoje: sapatos feitos de terra, biodegradáveis, de seiva, fibras vegetais e sementes de flores silvestres.
Batizado de Dirt Shoes (“sapatos de terra”), o modelo é limitado e foi criado justamente para não durar. A ideia é que os tamancos se desintegrem pouco a pouco conforme são usados, espalhando sementes pelo caminho e, com o tempo, desaparecendo no solo.
A proposta foi desenvolvida ao longo de cinco meses em parceria com o estúdio de design conceitual Basura, de Nova York, liderado pelo artista Rajeev Basu. O desafio era criar um sapato resistente o bastante para ser calçado, mas frágil o suficiente para se quebrar de forma intencional. O resultado surgiu com uma mistura compactada de terra, materiais orgânicos e goma de acácia, tudo unido em moldes 3D e recheado com sementes nativas. A cada passo, as rachaduras surgem, os fragmentos se soltam e o calçado literalmente volta à terra.
Visualmente, o Dirt Shoe fica entre o rústico e o escultural. O design é minimalista, com aparência de um tamanco de barro e superfícies texturizadas à mão, cada par é único. A imperfeição faz parte da proposta, assim como a efemeridade, reforçando a ideia de ciclos naturais de crescimento e decomposição.
Mais do que calçados funcionais como os tradicionais Crocs, os Dirt Shoes são uma declaração simbólica. Um convite para repensar consumo, sustentabilidade e a ideia de “deixar uma marca” no mundo. Em vez de buscar durabilidade, eles propõem um legado em forma de flores silvestres brotando no solo.
A campanha também aposta em uma abordagem ecológica em todos os detalhes, incluindo embalagens feitas de resíduos reciclados, tintas vegetais e elementos solúveis em água. A modelo e ativista ambiental Zaya Guarani, nascida e criada na Amazônia, dá rosto à ação em fotos e vídeos que falam da relação entre moda, meio ambiente e identidade cultural.
Os Dirt Shoes provocam uma reflexão: e se, em vez de criar coisas para durar eternamente, pensássemos em produtos que se desfizessem de forma intencional e benéfica? Mesmo que não sejam feitos para o uso diário, seu impacto é plantar uma nova ideia, e talvez um campo de flores, onde antes havia apenas pegadas.







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