Arte Tecnologia

Máscara criada por IA promete restaurar obras de arte danificadas em horas, não em dias

Restaurar pinturas com séculos de história é um trabalho que exige tempo, paciência e precisão. Mas um novo projeto do MIT quer transformar esse processo, usando inteligência artificial para devolver vida a obras de arte danificadas em questão de horas, e sem sequer encostar um pincel na tela original.

A técnica, liderada pela estudante de engenharia mecânica Lisa Kachkine, funciona com uma espécie de “máscara” digital, que age como um curativo de alta tecnologia para as obras.

Tudo começa com um escaneamento ultra detalhado da pintura. A partir disso, algoritmos de IA recriam as cores, texturas e padrões originais que foram desgastados pelo tempo.

Esse trabalho digital é então impresso em um filme de polímero super fino, que é cuidadosamente aplicado sobre a obra e fixado com um verniz protetor. E o melhor: se for necessário, a máscara pode ser retirada sem deixar qualquer resíduo, preservando completamente a pintura.

“Nosso foco é na precisão e, principalmente, na reversibilidade”, explica Lisa em entrevista ao MIT News. “A máscara consegue reproduzir dezenas de milhares de cores em poucas horas, algo que um restaurador humano levaria anos para fazer. E como ela é removível, não alteramos a essência da obra.”

Enquanto os métodos tradicionais podem levar meses ou até anos, essa nova abordagem do MIT entrega resultados em uma fração desse tempo.

Uma pintura do século XV, cheia de rachaduras e falhas, pode ser escaneada, analisada e restaurada no mesmo dia. Segundo um artigo publicado na revista Nature, o processo é até 66 vezes mais rápido que as técnicas convencionais.

O diferencial está na precisão da IA, que consegue mapear milhares de tonalidades, imitando de forma quase perfeita a paleta original do artista.

Não é simplesmente aplicar um filtro genérico, o sistema estuda cada detalhe da obra e entende suas características únicas. “Não estamos chutando. A IA aprende a intenção do artista e preenche as lacunas com uma riqueza de detalhes que chega a ser impressionante”, comenta Lisa.

Apesar de ser extremamente avançado, o processo ainda não é totalmente automático. A IA faz a análise e gera a reconstrução, mas a aplicação da máscara é feita sob supervisão de especialistas humanos.

Para Lisa, essa tecnologia não substitui os restauradores, mas sim oferece uma ferramenta para que eles façam seu trabalho de forma muito mais ágil e segura.

Por outro lado, há desafios. O método depende de scanners de altíssima resolução e impressoras especiais, equipamentos que ainda são bastante caros.

Além disso, adaptar a técnica para obras maiores e mais complexas, como murais, vai exigir mais desenvolvimento.

Mesmo assim, Lisa acredita que essa tecnologia é só o começo. Ela já imagina futuras aplicações para preservar esculturas, manuscritos e até tapeçarias.

“Se conseguimos salvar uma pintura, por que não um afresco ou um tapete? A lógica é a mesma: mapear os danos, reconstruir o original e aplicar uma solução reversível”, conclui.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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