Há exatamente cinquenta anos, uma imagem correu o mundo e se tornou o símbolo crueldade da Guerra do Vietnã: a foto conhecida como “Menina do Napalm”, que mostra Kim Phuc Phan Thi, então com apenas 9 anos, correndo nua e em pânico após um bombardeio com napalm. Hoje, cinco décadas depois, ela finalmente concluiu seu último tratamento para as queimaduras que sofreu naquele dia.
A fotografia, intitulada oficialmente “O Terror da Guerra”, foi feita pelo fotojornalista Nick Ut em 8 de junho de 1972 e rendeu a ele um Prêmio Pulitzer. Kim Phuc aparece gritando e fugindo das chamas, com as roupas totalmente queimadas. Em recente depoimento, ela relembrou o momento de terror. “Ainda me lembro do fogo ao meu redor. Eu estava aterrorizada. Graças a Deus meus pés não queimaram e pude correr. Não parávamos de correr. Gritava ‘muito quente, muito quente!'”.
Foi o próprio fotógrafo quem a salvou após fazer o registro. “Assim que tirou a foto, ele viu que eu estava muito queimada, abaixou a câmera e me levou para o hospital mais próximo. Ele salvou minha vida”, contou Kim. “Devo tudo a ele. É meu herói. Não fez apenas seu trabalho como repórter, mas agiu como ser humano. Hoje o considero parte da família”.
Kim passou 14 meses internada após o ataque. “Fiquei deformada, não sentia mais nada. Precisei de máquinas para recuperar os nervos. Hoje pareço normal”, relata. O último procedimento, realizado no Miami Dermatology and Laser Institute, consistiu em uma sessão de laser nas costas, a 12ª e última de uma longa jornada de tratamentos. Ainda assim, as dores permanecem até hoje.
Para Kim, o cinquentenário da foto não é sobre revitimização, mas sobre resiliência. “Quero que todos celebrem minha vida, 50 anos depois. Não sou mais uma vítima da guerra. Sou uma sobrevivente. Naquela época, eu era a menina do napalm. Hoje sou uma amiga, uma ajudante, mãe, avó e uma voz pela paz”.
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