Escondida entre as colinas verdejantes da província de Guangxi, na China, existe um dos lugares mais inusitados do mundo para quem ama livros: a Mianhua Library. Ao contrário do que muitos pensaram nas redes sociais, não se trata de uma criação de inteligência artificial, a biblioteca é de verdade, e fica cravada na lateral de um penhasco, dentro de uma enorme caverna que mais parece saída de um cenário de fantasia.
A jornada até lá já é uma aventura. Primeiro, uma trilha que corta a floresta leva os visitantes até o início de uma sequência de passarelas de madeira presas à encosta. As estruturas, que rangem sob os pés, oferecem uma vista de tirar o fôlego do vale logo abaixo, um mosaico de campos e rios cintilando ao sol. Para alcançar a entrada da biblioteca é preciso atravessar essas passagens suspensas, segurando firme nos corrimãos quando o vento resolve soprar mais forte.
Dentro da caverna, o espaço impressiona. Esculpido ao longo de milhares de anos pela ação da água e do vento, o salão abriga milhares de livros distribuídos em estantes que acompanham as irregularidades da rocha, criando um labirinto literário único. A luz natural invade o local pela abertura do penhasco, iluminando lombadas de romances, poesias e volumes históricos. Pequenas varandas de madeira foram construídas no interior, funcionando como refúgios perfeitos para sentar, abrir um livro e ler enquanto se contempla o horizonte enevoado das montanhas.
Claro que manter uma biblioteca nesse cenário não é tarefa fácil. As passarelas e sacadas precisam de constante manutenção para resistirem ao tempo e ao clima, enquanto os livros devem ser protegidos da umidade e de temperaturas instáveis. Mas é justamente essa combinação de fragilidade e beleza que dá charme ao lugar, mostrando que o conhecimento pode florescer nos cantos mais improváveis do mundo.

A Mianhua Library se junta a outros templos literários espetaculares, como a futurista Dujiangyan Zhongshuge, em Sichuan, um labirinto de espelhos e prateleiras infinitas, e a imponente Abadia de Admont, na Áustria, considerada a maior biblioteca monástica do planeta, com corredores dourados que parecem saídos de um conto clássico.
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