Quase cinco décadas depois de ter ajudado a iniciar a revolução dos computadores pessoais, a Microsoft acaba de abrir ao público um dos tesouros mais valiosos de sua história: o código fonte original do interpretador BASIC para processadores 6502, escrito ainda na década de 1970 por ninguém menos que Bill Gates e Ric Weiland.
Essa versão específica do BASIC foi a alma de máquinas lendárias como o Commodore PET, VIC-20 e o famoso Commodore 64. Agora, disponibilizada no GitHub sob a Licença MIT, ela está pela primeira vez acessível sob uma licença open-source moderna, permitindo que desenvolvedores, entusiastas de retrocomputação e preservadores digitais possam estudar, modificar e reutilizar o código livremente.
Batizado como “BASIC M6502 8K VER 1.1”, o interpretador foi a base de diversos sistemas de 8 bits, incluindo o Apple II por meio do Applesoft BASIC. O código recém-liberado inclui correções iniciais feitas pelo próprio Gates e por John Feagans, engenheiro da Commodore, além de melhorias no coletor de lixo da linguagem. Até o cabeçalho original foi mantido, com a grafia “BY MICRO-SOFT”, um registro histórico do nome da empresa na época.
Apesar de escrito em assembly para processadores antigos, o código continua functional e didático. Ele inclui suporte a matemática de ponto flutuante, manipulação de strings, arrays e gerenciamento eficiente de memória, elementos que formaram uma geração inteira de programadores.
A iniciativa faz parte de um movimento maior de preservação digital liderado pela Microsoft, que em 2020 já havia liberado o código do GW-BASIC. A empresa reconhece o valor histórico desse material em uma era de revival retro, onde clones em FPGA e emuladores ganham cada vez mais espaço.
Como afirmou Scott Hanselman, VP de Comunidade de Desenvolvedores da Microsoft, “Desde o cursor piscante de 1977 até as recriações em FPGA em 2025, o BASIC ainda cabe na palma da sua mão”.
Mais do que um gesto nostálgico, a liberação desse código é um convite para mergulhar nas origens da computação pessoal, e lembrar como linhas de código escritas há quase 50 anos continuam inspirando e educando até hoje.
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