A Mozilla Foundation acaba de dar um passo importante para se distanciar visualmente e filosoficamente da Mozilla Corporation, sua contraparte mais comercial e conhecida. A organização sem fins lucrativos, que atua há quase 20 anos nos bastidores em defesa dos direitos digitais e da ética na tecnologia, resolveu reforçar sua própria voz com uma nova identidade visual, e um posicionamento bem mais ousado.
A reformulação foi conduzida pela renomada agência de design Pentagram, sob liderança criativa de Natasha Jen. O resultado é uma estética que foge dos padrões tecnológicos clássicos como grids de pixels ou efeitos brilhantes, e aposta em elementos mais orgânicos e expressivos. A ideia é representar de forma visual o compromisso da fundação com uma internet mais humana, inclusiva e centrada nas pessoas.
Para isso, o novo sistema gráfico se apoia em “blocos de construção” visuais moduláveis, inspirados nos espaços negativos do próprio logotipo. Esses elementos formam uma linguagem visual versátil que vai além de um simples logo, funcionam quase como andaimes simbólicos para sustentar um movimento coletivo em torno da criação de tecnologias mais éticas.
Apesar de manter algumas semelhanças tipográficas com a marca Mozilla original, a mudança representa mais uma reestruturação conceitual do que um retoque estético. A nova identidade busca deixar clara a missão da Mozilla Foundation como entidade dedicada à educação digital, ao combate à desinformação e à defesa por uma inteligência artificial mais ética. Essa guinada vem num momento em que as discussões sobre privacidade, dados e os rumos da IA generativa se tornam cada vez mais urgentes.
Nabiha Syed, diretora executiva da Mozilla Foundation desde 2024, destacou em uma carta aberta que esse novo visual é também uma forma de reafirmar o propósito da organização em promover uma internet moldada por escolhas humanas, e não ditada por automatismos inevitáveis. Ela destacou projetos como o Common Voice (voltado para governança ética de dados), iniciativas locais de tecnologia e programas educacionais focados em letramento digital e IA como áreas prioritárias.
A proposta de uma “internet mais humana” também vem acompanhada de uma mudança no tom de atuação da fundação: a ideia é sair dos bastidores e ocupar um lugar mais visível no debate público, estreitando colaborações entre diferentes setores e apostando em narrativas que coloquem as pessoas, e não as plataformas, no centro da conversa.
Com uma identidade visual tão rica e multifacetada quanto a missão que carrega, a Mozilla Foundation sinaliza que o futuro da tecnologia não deve ser apenas eficiente ou inovador, mas também imaginativo, inclusivo e, acima de tudo, humano.











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