O período entre junho e setembro é triste para muitos fãs das séries “blockbusters”(The Flash, Arrow, The Walking Dead, Game of Thrones…). Praticamente todas as grandes emissoras colocam seus carros-chefe em hiato, e assim esse público acaba tendo um tempo livre para respirar e conhecer séries diferentes. Com isso em mente, venho lhes apresentar Mr. Robot, criação com potencial para ser o grande nome desse período, como foi True Detective no ano passado.
A série criada por Sam Esmail estreou na TV americana (no canal USA) recentemente, no dia 24 de junho, mas antes passou no festival SXSW (South by Southwest Film Festival), ganhando um prêmio de melhor “filme episódico” por parte da audiência. E isso é muito em conta de sua proposta e reflexo de seu perfil jovem.
A História de Mr. Robot e a fuga de clichés
No início de Mr. Robot, somos apresentados a Elliot Anderson (Rami Malek), um hacker que trabalha para uma empresa de cibersegurança, ao mesmo tempo em que usa seus conhecimentos para saber tudo sobre a vida das pessoas ao seu redor e prender os que fazem algo errado. Isso segue até o momento em que ele entra para um grupo de ciberativistas — que têm a intenção de quebrar o sistema capitalista dos EUA, limpando os débitos de todas as pessoas do país.
Fugindo do esquema heroico que a série poderia seguir, Mr. Robot mostra um retrato muito mais profundo da geração jovem dos EUA, focando em apresentar o lado psicológico da trama ao construir um protagonista realmente perturbado e complexo. Elliot está longe de ser alguém convencional, sofrendo de depressão e ansiedade social, além de não ser puramente bom, já que se envolve em diversos tipos de delitos.
Produção diferenciada
Além disso, a série apresenta uma produção impecável, que mostra uma fotografia nua, sem excesso de filtros, tornando a aparência de tudo levemente amadora, e combinando isso com uma direção que nos coloca na visão de Elliot durante boa parte dos episódios. A 4ª parede é quebrada o tempo todo, com o personagem se dirigindo diretamente a nós, tornando-nos parte de suas decisões. Nós deixamos a nossa mente para entrar na dele.
Por trás desse visual ainda há um roteiro que traz ótimos diálogos, especialmente para quem gosta de algo mais filosófico. A presença, ainda pequena (ao menos até agora), da anarquia na trama promete se tornar interessante, ainda mais aliada ao conceito de revolução do mundo que os personagens buscam. Fechando com chave de ouro, a série parece fugir do velho esquema de tramas semanais e terá apenas dez episódios, um tempo ótimo para contar uma boa história sem criar tramas paralelas inúteis para a história geral.
Ainda não sabemos muito da história, já que Mr. Robot está em seu começo, mas tudo que vimos a transforma em uma ótima pedida para esse período de escassez de séries. É fácil se identificar com todos os problemas que as pessoas lá vivem, como débitos com bancos, empregos que não gostam e a eterna dúvida entre tomar uma decisão. Segundo um dos personagens, somos um 0 ou um 1, um sim ou não. Já deixamos a dica de série, qual número você será em relação a ela?
Autor: Guilherme Souza