Quando pensamos na cena do rock and roll da década de 1950, nomes como Elvis Presley , Little Richard e Chuck Berry rapidamente vêm à mente. Já as mulheres do rock, geralmente são lembradas a partir de 1960, quando seletos grupos femininos ficaram famosos.

Com o projeto Rock and Roll First Wave, a pesquisadora Leah Banstetter, Ph.D. em musicologia na universidade Case Western Reserve, mostra como mulheres tiveram um papel fundamental nos anos iniciais do rock’n roll, desmistificando a ideia do público feminino como mero consumidor [histérico] de música na época.

“Por sessenta anos, a sabedoria popular nos disse que as mulheres geralmente não tocavam rock’n roll, ou são apenas algumas delas que se destacaram no meio”, explica Leah.

O resultado das pesquisas de Leah estão no blog do projeto, onde ela narra a biografia de dezenas de mulheres que nunca ficaram particularmente famosas. Algumas, apenas conhecidas em suas cidades natais, outras, em pequenos clubes.

“Centenas – ou talvez milhares – de mulheres e meninas tocaram e gravaram rock and roll em seus anos iniciais. E muitas outras participaram de outras maneiras: escrevendo músicas, possuindo ou trabalhando para gravadoras, trabalhando como musicistas de sessão ou em turnês, projetando figurinos para shows, dançando ou gerenciando talentos… As carreiras das mulheres nem sempre se assemelham às de seus colegas masculinos mais famosos. Algumas artistas eram bem conhecidas e se apresentarem nacionalmente como estrelas, enquanto outras tiveram mais influência regional ou apenas em um pequeno clube.

Algumas chegaram às paradas de música pop, mas tiveram ainda mais impacto através de performances ao vivo. Algumas mulheres exibiram o tipo de comportamento selvagem no palco, o que era esperado de figuras como Jarry Lee Lewis ou Little Richard – mas essa não era a única maneira de ser rebelde, e outras encontraram seus próprios métodos de ser revolucionário.”, pontua Leah.

É dando visibilidade a todas essas mulheres que ultrapassaram as barreiras de sua época, que Lea confronta aquela frase que Joan Jett ouviu: “meninas não tocam rock’n roll” – e as diferentes versões que muitas ouviram antes dela.

Conheça algumas lendas do rock and roll da década de 1950

Rosetta Tharpe

Você já ouviu falar em Rosetta Tharpe? Este nome deveria ser um fenômeno global e lembrado especialmente quando tratamos de rock’n roll. Afinal, ela é considerada a mãe do gênero e inspirou as lendas Elvis Presley, Chuck Berry e Johnny Cash.

Rosetta era uma criança prodígio e tinha impressionantes habilidades vocais e na guitarra. Iniciou seu contato com a música em bandas gospel, e à medida que se afastava do gênero, ela criou nada menos do que… o rock.

Desafiou todos os estereótipos que poderiam minar sua carreira: era uma mulher, e negra. Em uma época de segregação racial nos EUA, onde o machismo, além do racismo, imperava.

https://youtu.be/MnAQATKRBN0

Sparkle Moore

Sparkle Moore, nascida em Omaha, Nebraska, se inspirou em Bill Haley para tocar rockabilly nos anos 50 em sua cidade natal. Fez uma turnê pelo país e lançou vários discos. Em 1957, ela tinha crédito de pelo menos 40 composições em seu nome.

Já foi descrita como de estilo semelhante a Elvis Presley e aparência de James Dean. Ela foi incluída no Rock ‘n Roll Hall of Fame de Iowa e também lançou um novo álbum em 2010: Spark-a-Billy.

Billie & Lillie

Lillie Bryant fazia parte da dupla Billie & Lillie, mandando um som R&B. Ela começou a se apresentar solo em clubes de Nova Iorque quando adolescente, e posteriormente formou dupla com Billy Ford, no início dos anos 50.

A dupla estrelou os lendários shows do DJ Alan Freed, incluindo uma turnê de seis semanas com Chuck Berry e Frankie Lymon. Até hoje ela se apresenta em sua cidade natal, Newburgh, Nova Iorque.

The Chantels

The Chantels foi um grupo formado por mulheres negras do Bronx, Nova Iorque, no início dos anos 50. Elas estavam entre os primeiros grupos vocais femininos afro-americanos a ganhar prestígio nacional.

Fizeram turnê com Alan Freed, participaram dos programas American Bandstand e The Dick Clark Show. Em 1961, o hit “Look in my Eyes” alcançou o 14º lugar nas paradas pop e 6º nas paradas R&B. Trinta anos depois, apareceram na trilha sonora do filme Goodfellas, de Martin Scorsese.

Conheça mais mulheres que ajudaram a construir o rock’n roll com esta playlist do projeto Rock and Roll First Wave.


Leia também: Projeto compartilha histórias de mulheres do rock

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