Como enfrentar manifestações que inflamam discursos de ódio, sem usar a violência? Para estes músicos de jazz dinamarqueses, é “fazendo ruído onde há ruído”. Se trata de uma iniciativa do coletivo “Free Jazz Mod Paludan”, que toca jazz horrível propositalmente em protestos da extrema direita na Dinamarca organizados pelo político extremista Rasmus Paludan.

Fundador do partido Stram Kurs (Hard Line), Paludan é famoso por organizar manifestações em bairros com grandes populações de imigrantes, onde ele queima e pisa no Alcorão atrás de barreiras policiais. Autoproclamado como “guardião da liberdade” e “luz dos dinamarqueses”, ele considera os imigrantes e islamitas como inimigos do povo dinamarquês, bem como os valores do país, tradições e modo de vida geral.

É importante destacar que há um aspecto histórico e social envolvido nos termos “islamita” e “islamista”; o primeiro diz respeito àqueles que seguem o islã como fé, enquanto o último designa pessoas que a usam religião como arma política de terrorismo.

A distinção dos termos é importante, uma vez que é observado uma crescente islamofobia pela Europa. Portanto, os termos separam a maioria pacífica dos radicais terroristas.

Durante os protestos, Paludan inflama a divisão social e intolerância aos islamitas em uma tentativa de provocar um verdadeiro caos social, como o manifestante Jørn Tolstrup diz, “O que ele quer, é apanhar de alguns imigrantes”.

Em contrapartida, os manifestantes da oposição estão aderindo a arte contra a intolerância, sendo que o free jazz deliberadamente mal tocado é uma arma mágica contra o neofascismo. Trompetes, bongôs e saxofones são usados para tocar “alto o suficiente para abafar os gritos intolerantes durante os protestos”, diz o coletivo.

O free jazz é um estilo de jazz criado por músicos afro-americanos como os lendários John Coltrane e Rashied Ali, que propunha ao músico total liberdade de improvisação na hora de tocar.

O coletivo de músicos ativistas “Free Jazz Mod Paludan” declara em sua página do Facebook que “qualquer um pode participar, com exceção de apenas ele [Paludan]. Ele não pode”.

Enfrentar o espetáculo com espetáculo é a lição que ficamos com a iniciativa do coletivo. O que você acha dessa ideia? Aqui no Brasil, um samba seria arma mágica contra protestos da extrema direita?

Músicos tocam Jazz horrível em protestos da extrema direita na Dinamarca


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