No dia da Consciência Negra separamos alguns negros que marcaram a história da música brasileira. Confira abaixo.
Negros do Samba
Clementina de Jesus
Clementina de Jesus era só mais uma entre os milhões de pobres brasileiros, trabalhava como lavadeira e passadeira, quando era bem menina costumava acompanhar a mãe que gostava de cantar corimas, jongos, lundus, incelenças e modas, enquanto trabalhava. Foi nessa época, provavelmente, que ela aprendeu o canto dos escravos que mais tarde a destacaria.
Durante mais de 20 anos, Clementina trabalhou como empregada doméstica, lavadeira e passadeira e, durante esse tempo, esse foi o seu sustento. Com o tempo, o seu canto rouco e quase falado, descrito como “fora dos padrões estéticos”, conquistou não só a crítica, mas compositores, artistas e, principalmente, o povo.
Um dos retratos do trabalhador brasileiro, Clementina estabeleceu uma ponte entre o folclore dos terreiros de candomblé com a linguagem contemporânea. Em 1964, quando já estava com 62 anos, a cantora teve a sua grande oportunidade profissional.
Clementina era só mais uma entre tantos, mas algo a tornava especial: sua insistência em cantar, a sua voz e o destino.
Cartola
Cartola nasceu no Rio de Janeiro no dia 11 de outubro de 1908. Batizado como Angenor de Oliveira, aos oito anos de idade ele já integrava blocos de carnaval, e, nesta mesma época, aprendeu a tocar cavaquinho com o pai (Sebastião Joaquim de Oliveira). Sete anos mais tarde, quando cartola tinha quinze anos, perdeu a mãe (Aida Gomes de Oliveira), e decidiu abandonar a família e os estudos, dando assim início à sua vida de boemia.
Mesmo com o abandono do lar e dos estudos, Cartola foi fértil na sua produção poética, mas jamais se enquadrou profissionalmente. Ele passou a vida trabalhando em empregos temporários, como pedreiro, pintor de paredes, lavador de carros, vigia de prédios e contínuo em uma repartição pública. Para sobreviver, ele vendia, a princípio, as suas composições. A primeira dessas canções foi “Que infeliz Sorte”, de 1927, negociado por trezentos contos de réis e lançado por Francisco Alves.
Em 1940, Cartola ganhou notoriedade e fez parcerias com Pixinguinha, João da Baiana, Donga, Jararaca, Zé da Zilda e outros. Porém, nos anos 50 ele fica esquecido e volta a ser lavador de carros, mas é redescoberto por Sérgio Porto e volta ao sucesso. Apesar de ter mais de quinhentas músicas e sucessos como “As Rosas Não Falam”, “O Mundo é um Moinho”, “Ensaboa Mulata”, “O Sol Nascerá”, entre outros, ele morre na pobreza no ano de 1980 no Rio de Janeiro.
Sem dúvidas, Cartola foi e será um dos maiores cantores, compositores e poetas brasileiros.
Martinho da Vila
Cidadão carioca, criado na Serra dos Pretos Forros, sua primeira profissão foi como auxiliar de Químico Industrial, função aprendida no curso intensivo do SENAI. Mais tarde, Martinho, enquanto servia o exército como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador, profissões que abandonou em 1970, quando deu baixa para se tornar cantor profissional.
Foi no ano de 1969 quando ele deu início a sua carreira de cantor e lançou o LP intitulado Martinho da Vila, que foi o maior sucesso no Brasil em execução e vendagem, com grandes sucessos como “Casa de Bamba” e “O Pequeno Burguês”. Além de clássicos, como “Quem é Do Mar Não Enjoa”, “Iaiá do Cais Dourado” e “Tom Maior”.
Logo, tornou-se um dos mais respeitados artistas brasileiros, além de um dos maiores vendedores de discos do Brasil. Martinho foi o primeiro sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias. Nacionalmente conhecido como sambista, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB, além de compositor e cantor, é escritor e autor de dez livros.
Bezerra da Silva
José Bezerra da Silva nasceu em Recife (PE), em 9 de março de 1938. Veio para o Rio de Janeiro aos 15 anos fugindo da fome e apenas com a roupa do corpo. Fez a viagem em um navio que carregava açúcar.
Passou então a trabalhar na construção civil como pintor de paredes e tinha como endereço a obra no centro da cidade, onde exercia a sua profissão. Foi nessa época, lá pelos idos de 1949, que enamorou-se uma “dona” e foi morar com ela no morro do Cantagalo (zona sul do Rio).
Iniciado na música de Jackson do Pandeiro, começou em 1950 a sua carreira como ritmista na Rádio Clube – tocava tamborim, surdo e instrumentos de percussão em geral. Como ele próprio explica, sua ligação com o mundo musical se deu por causa do “medo da fome”.
Diz também que a única saída que tinha era “lutar por dias melhores”, pois “tinha dias que trabalhava e não comia”. Não se cansa de afirmar que saiu do ramo da construção civil porque achava que algum dia iria “virar uma escada, um tijolo, um saco de cimento”.
Macumbeiro, filho de Ogum e assíduo frequentador do terreiro do Pai Nilo, em Belfort Roxo, Bezerra da Silva é o rosto de uma parcela do povo brasileiro que a mídia insiste em esconder. Cantor e compositor de verve ácida, Bezerra da Silva atira contra as injustiças sociais.
Dizem que sou malandro, cantor de bandido e até revoltado
Porque canto a realidade de um povo faminto e marginalizado.
Pixinguinha
Alfredo da Rocha Viana Filho nasceu em 23 de abril de 1898, no Rio de Janeiro. Recebeu o mesmo nome do pai, mas a avó, quase centenária, trazida da África para o cativeiro, deu para chamá-lo de Pizidim. O apelido pegou. Já crescido, Alfredinho indagou a avó o significado de Pizidim e ela explicava:
– Isso é nome africano, meu neto; pizin quer dizer bom menino. Você é um bom menino.
Depois de alguns anos, ele virou Bexiguinha, devido a uma doença que contraiu, e só mais tarde recebeu o apelido de Pixinguinha que o consagrou. Esse grande compositor foi autor de dezenas de valsas, sambas, choros e polcas.
Compôs orquestrações para o cinema, teatro e circo, além de arranjos para intérpretes famosos, entre os quais Carmen Miranda, Francisco Alves e Mário Reis. Também já foi considerado o maior flautista brasileiro e mestre do chorinho.
Bom de música, de amigos e de copo, Pixinguinha foi uma das figuras mais representativas da cultura e da cidade do Rio de Janeiro. Ritmos musicais, como o samba, não existiriam como são hoje se não houvesse a figura de Pixinguinha em sua história. Mário de Andrade dizia que Pixinguinha surgiu quando:
A música popular tornou-se violentamente a criação mais forte e a caracterização mais bela da nossa raça, nos últimos dias do Império e primeiros da República.
Em 1973, morre Pixinguinha aos 75 anos e se encerra uma das mais belas épocas da música popular brasileira.
Fica aqui o nosso muito obrigado a todos esses mestres que tanto contribuíram com a cultura e com a música brasileira!
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