O neurologista, professor de psiquiatria e comportamento humano da Universidade da Califórnia, James Fallon, admite ter um cérebro muito semelhante ao de um psicopata, como os matadores em série Ted Bundy e Eric Harris. Ele, que é casado e tem três filhos, descobriu em 2005 o que sua família suspeitava por anos: ele é um psicopata.
“Eu não tenho vínculos emocionais especiais com aqueles que estão perto de mim – trato todos da mesma maneira”, disse ele. “Estou envolvido em uma série de instituições de caridade e coisas boas, e minhas intenções para o mundo são muito positivas. Mas eu não tenho a sensação de romance ou amor que eu deveria ter com a minha esposa. Essa sensação simplesmente não está lá”.
Em seu livro The Psychopath Inside: A Neuroscientist’s Personal Journey Into the Dark Side of the Brain (O Psicopata Interno: Uma jornada pessoal de um neurocientista ao lado obscuro do cérebro) ele tenta entender porque, mesmo com tantas semelhanças, ele não é um assassino.
A descoberta do lado obscuro
Ao estudar diversos tipos de criminosos, Fallon queria ver se encontrava alguma relação de cérebros normais com os de assassinos. Para isso, fez exames com a sua família e analisou os dados neurológicos com os dos criminosos.
“A última varredura na pilha era impressionantemente estranha”, escreve ele sobre a descoberta de 2005. “Na verdade, parecia exatamente como a mais anormal das varreduras. Eu tinha acabado de escrever sobre isso, o que sugere que o pobre indivíduo que ela pertencia era um psicopata – ou pelo menos compartilha uma quantidade desconfortável de traços com um… Quando eu descobri de quem a digitalização pertencia, eu tive que acreditar que havia um erro… Mas não houve erro. A varredura era minha”.
Os exames mostraram que há pouca atividade (ou atividade quase inexistente) no lobo frontal do cérebro. Região que controla a empatia.
Em investigações mais profundas, ele notou que seus genes realmente eram propensos à psicopatia. Vários antepassados dele pelo lado paterno tinham sido criminosos extremamente violentos. Entre eles, Lizzie Borden, acusada de matar o pai e a madrasta em 1892. E Thomas Cornell, que foi enforcado em 1672 por ter matado sua mãe.
Fallon disse também que teve diversas conversas reveladoras com sua mãe. “Ela me disse que sempre percebeu um lado sombrio em mim e tomava cuidado especial para neutralizar essas tendências e incentivar outras, mais positivas”, disse.
Sua esposa também comentou que é casada com duas pessoas. “Uma é inteligente, engraçada e afetuosa. A outra é um sujeito perverso, de quem eu não gosto”.
O neurologista comenta que ele pode ser extremamente manipulador e que gosta de ter “poder” sobre as pessoas. Mas que ele prefere terminar uma discussão sem qualquer violência e na base dos argumentos, além de nunca ter matado ou estuprado ninguém.
Genética não é tudo
Fallon diz que se não fosse o ambiente em que cresceu, ele possivelmente poderia se tornar em um criminoso violento ou um assassino em série. E teve até de desbancar sua teoria de que a genética é determinante para a personalidade de uma pessoa. Seus estudos revelaram que o ambiente exerce enorme influência no caráter e ações dos seres humanos.
Ele comenta que não tem dúvidas de que o amor de sua família impediu que ele se tornasse um criminoso.
“Todos foram tão amorosos comigo, tenho uma mãe afetuosa e uma esposa maravilhosa”, relata. “Além disso, não tive experiências de abandono, abuso ou traumas violentos na infância. Tudo isso neutralizou minha biologia”.
O pesquisador também comenta que não se julga um bom marido.
“Eu não me casaria comigo”, disse ele. “Eu sou um pé no saco e extremamente competitivo. Posso ser manipulador, mas eu não vou matar ninguém ou estuprar ninguém”.
James Fallon portanto, diz que a melhor maneira de mudar o mundo é com a educação.