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Ninja Gaiden Ragebound: ninjas ainda são legais?

Nos anos 80 ninjas estavam “na moda”. Existiu uma Ninjamania! Eram certamente muito presentes nos videogames, além de filmes e séries. Foi nesse período que surgiram as duas principais IPs de ninjas: Shinobi (da Sega) e Ninja Gaiden (da Tecmo, atual Koei Tecmo). Hoje, em 2025, 37 anos depois do lançamento do jogo original, Ninja Gaiden continua na ativa.

A trama de Ninja Gaiden Ragebound

A história começa quando Ryu Hayabusa viaja para os EUA para honrar o testamento de seu pai. Enquanto ele está fora, a barreira entre o mundo humano e o demoníaco se rompe repentinamente, liberando um exército aterrorizante sobre a Vila Hayabusa, que agora enfrenta uma ameaça sem precedentes na ausência de Ryu.

Para enfrentar essa nova ameaça, Kenji Mozu, um jovem ninja da Vila Hayabusa, encara o desafio! Treinado por Ryu, ele luta ferozmente, mas logo se vê em uma situação desesperadora. Forçado a recorrer a um poder proibido, Kenji deixa de lado séculos de animosidade e forma uma aliança com Kumori, membro do sinistro Clã da Aranha Negra, convencido de que combinar suas almas e habilidades é a única maneira de proteger o mundo das garras do Lorde Demônio!

O jogo se passa no Japão, e ao longo do jogo os personagens enfrentarão demônios e agente da CIA. Os chefes de cada fase são demônios que estão tentando libertar o Lorde Demônio.

Jogabilidade old school com um novo polimento

Combinando a atmosfera old school com a precisão moderna, Ninja Gaiden: Ragebound mantém a ação simples dos títulos clássicos, ao mesmo tempo em que introduz novas camadas de profundidade. Ao lado do novo protagonista, Kenji Mozu, está a assassina Kumori. O jogador precisará assumir o controle desses dois ninjas simultaneamente para passar pelos desafios e desvendar suas histórias interligadas.

Pixel Art

Ninja Gaiden Ragebound utiliza uma pixel art muito bela, fluida e detalhada. Similar a Blasphemous, mas mantendo (e elevando) todo o colorido dos Ninja Gaiden clássicos. As cutscenes, no estilo dos clássicos, ficaram muito mais belas.

Mecânica de jogabilidade

Ninja Gaiden Ragebound é o primeiro Ninja Gaiden side-scrolling (rolagem lateral) desde Ninja Gaiden Trilogy, de 1995, para SNES.

Assim como nos Ninja Gaiden clássicos, onde Ryu podia coletar power-ups para adicionar variabilidade na jogabilidade e ganhar vantagens, Kenji e Kumori também podem contar com esses poderes extras. Mas em Ragebound eles são obtidos na loja de Muramasa, através de escaravelhos. Esses escaravelhos podem ser coletados ao longo das fases. É na Loja de Muramasa onde Kenji pode equipar talismãs e Kumori pode esquipar artes secretas.

Uma das mecânicas de jogabilidade mais desafiadoras ocorre nos momentos em que Kumori, partindo de um artefato demoníaco, precisa agir dentro de um certo período de tempo para ativar algum dispositivo que libera caminho para seguir adiante na fase.

O fato de que inimigos com auras azuis precisam ser derrotados com a espada e inimigos com auras rosas precisam ser derrotados com a kunai para que seu reforço de poder possa ser absorvido, é uma mecânica que acrescenta ainda mais complexidade à jogabilidade.

Mas apesar desse aumento de complexidade nas mecânicas em relação aos Ninja Gaiden clássicos, os chefões de fase continuam com padrões de ataque muito similares ao da geração 8 bits.

Dificuldade

Sempre que Ninja Gaiden era mencionado, uma característica estava sempre associada: dificuldade! Apesar de Ragebound contar com tutoriais e checkpoints, continua sendo um jogo de dificuldade elevada. O jogo acaba exigindo que as ações realizadas pelo jogador sejam precisas, e muitas vezes até sincronizadas.

Ninja Gainden Ragebound, assim como outros jogos recentes da Dotemu, conta com a opção de assistência, que permite alterar vários parâmetros e facilitar em muito o jogo. A análise escrita aqui foi feita baseada no jogo sem o uso desta assistência.

Ao final da fase, o jogador recebe uma nota, que vai depender do cumprimento de desafios específicos para cada fase.

E aqui um pequeno spoiler…

Depois de terminar o jogo, é liberado o modo difícil!!!

The Messenger

Ninja Gaiden tem em Shinobi sua franquia rival. Mas recentemente as duas podem ser vistas unindo forças em um bundle na Steam: Conjunto Path of the Ninja.

Mas antes desse triunfal retorno das duas maiores IPs de ninjas em seu formato tradicional, houve um jogo que foi uma grande homenagem a Ninja Gaiden: The Messenger. Lançado em 2018 pela Sabotage Studio e Devolver Digital, saciou a vontade dos fãs da franquia em uma época em que o último Ninja Gaiden 2D havia sido lançado em 1995.

Ninja Gaiden

Ninja Gaiden é uma franquia de jogos de ação criada pela Tecmo (atual Koei Tecmo) e que tem o ninja Ryu Hayabusa como protagonista.

A série ganhou popularidade no NES por sua jogabilidade de plataforma de ação, alto nível de desafio, música cativante e por ser o primeiro jogo de console a ter a história apresentada em cenas cinematográficas (cutscenes).

São 23 jogos até o momento.

Primeiro jogo (1988): Ninja Gaiden. Arcade. Tecmo.

Jogo mais recente (2025): Ninja Gaiden 4. Playstation 5, Xbox Series X/S, Windows. Team Ninja, Platinum Games, Xbox Game Studios.

Dotemu

A Dotemu é uma empresa francesa fundada em 2007 por Xavier Liard e Romain Tisserand. É mais conhecido por seus ports, remasterizações e remakes.

Primeiro jogo (2008): Nicky Boom.

Jogo mais recente (2025): Absolum.

Próximo jogo será lançado em dezembro: Marvel Cosmic Invasion.

The Game Kitchen

A The Game Kitchen é uma empresa espanhola fundada em 2010

Primeiro jogo (2013): The Last Door.

Jogo mais recente antes de Ninja Gaiden Ragebound (2023): Blasphemous 2.

Análise dos elementos que constituem a obra

A avaliação foi feita jogando a versão de Playstation 5.

Gráficos: Os gráficos são uma bela pixel art, muito detalhados, bastante semelhantes aos de Blasphemous. Têm um colorido vibrante e reforça o tom de ação intensa do jogo. Há ainda a opção de filtro TV de Tubo (que, evidentemente, casa muito bem com pixel art), pra aumentar ainda mais a sensação nostálgica.

Trilha sonora: A trilha é excelente, empolgante, criando toda a intensidade e urgência da ação constante do jogo. Têm todos os elementos de uma característica trilha sonora oitentista!

Efeitos sonoros: Os efeitos sonoros são bons. Eficientes. Mas não chegam se destacar com relação aos demais elementos do jogo.

Jogabilidade: Apresenta uma mecânica impecável que é fácil de aprender, mas difícil de dominar de verdade, desafiando as habilidades até dos fãs mais experientes da série Ninja Gaiden! Jogabilidade rápida e desafiadora. Movimentação “corrida” como nos Ninja Gaiden clássicos. Exige reflexos rápidos.

Fator replay

O jogo de uma forma geral tem um baixo fator replay, já que é quase tão direto quanto os Ninja Gaiden clássicos. E assim como nos clássicos, a extensão no tempo de jogo acaba se dando no tempo em que o jogador leva para dominar totalmente as mecânicas.

Por outro lado, a busca pelos escaravelhos e missões secretas podem aumentar o fator replay.

Prós e contras

Prós: Belos gráficos. Trilha sonora empolgante. Jogabilidade precisa.

Contras: Pode se tornar um pouco repetitivo.

Conclusão

Gráficos bonitos, movimentação ágil, trilha sonora moderna fazendo referência à antiga… Ninja Gaiden Ragebound é um prato cheio para o gamer com saudade de um era onde os jogos eram mais simples e diretos, e ainda assim a Dotemu elevou o nível ao aprimorar todos os elementos e ainda acrescentar complexidade. Tudo isso em um equilíbrio perfeito que vai agradar tanto os jogadores que estão tendo seu primeiro contato com Ninja Gaiden quanto os veteranos.

Por fim, respondendo à pergunta do título: Sim! Ninjas ainda são muito legais!

##

Nota Final: 4,5/5

Avaliação: 4.5 de 5.

Acesse o site oficial do jogo.

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Biólogo/geneticista pesquisador na área de evolução humana, genética de populações humanas, coevolução gene-cultura, videogames e sua interação com a ciência. Pós-Doutorando no PPG Patologia/UFCSPA. Pesquisador colaborador no Game_Pesq, grupo de pesquisa sobre jogos eletrônicos, cultura e sociedade. Consultor científico no Science Game Center e no Molecular Jig Games. Autor no Nerdizmo.

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