Poucos consoles marcaram tanto a história dos videogames quanto o lendário NES, ou como ficou conhecido por aqui, o Nintendinho. Lançado no Japão em 1983 e apenas dois anos depois nos Estados Unidos, o console não só conquistou milhões de jogadores como também salvou uma indústria inteira do colapso.
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Antes do NES chegar às prateleiras americanas, o mercado de games nos Estados Unidos vivia um momento crítico. O excesso de jogos mal produzidos e a falta de controle de qualidade fizeram com que o público perdesse a confiança nesse novo tipo de entretenimento.
Foi então que a Nintendo entrou em cena com uma abordagem ousada: controle rígido de qualidade, design pensado para parecer um equipamento eletrônico comum, e um catálogo de jogos que não deixava dúvidas, os videogames estavam de volta, e melhores do que nunca.

Assim, jogos como Super Mario Bros, The Legend of Zelda e Metroid não apenas fizeram sucesso, como deram origem a algumas das franquias mais amadas da história. Esses títulos mostraram que videogames podiam ir além do entretenimento simples e criar experiências memoráveis, com personagens, trilhas e mundos inesquecíveis.
O controle com o famoso direcional em cruz, hoje padrão na indústria, também surgiu com o NES, marcando uma revolução na forma como se jogava.

A parte técnica do Nintendinho
Apesar de parecer simples, o hardware do NES era uma pequena maravilha tecnológica para os anos 80. A CPU de 8 bits, baseada no chip 6502 modificado, rodava a 1,79 MHz. Pode parecer pouco hoje, mas naquela época, era o suficiente para mundos inteiros ganharem vida.
O console contava com:
- 2 KB de RAM
- 2 KB de memória de vídeo
- Paleta de 64 cores simultâneas
- Resolução de 256×240 pixels
Os jogos vinham em cartuchos com circuitos integrados, e muitos deles traziam chips adicionais para expandir as capacidades gráficas, sonoras e de animação.
A arte de criar jogos para o Nintedinho com pouquíssimos recursos
Na era do Nintendinho, não existiam ferramentas prontas e kits acessíveis para criar jogos. A maior parte das empresas precisou recorrer à engenharia reversa. Algumas, como a Rocket Science, criaram seus próprios kits com tábuas de madeira e chips soldados à mão, tudo para tentar entender o console e desenvolver para ele.
Programadores escreviam os jogos em linguagem Assembly, digitando instruções de baixo nível diretamente para que a CPU entendesse. Nada de Unity, nada de Unreal. Era tudo raiz.
Mais tarde, em 1986, a Nintendo finalmente lançou um programa oficial de licenciamento para desenvolvedores. Assim, isso permitiu a chegada de estúdios mais preparados e organizados, que passaram a receber documentação e mapas de memória para facilitar o desenvolvimento.

O segredo da mágica gráfica do NES estava em blocos de imagem chamados Tiles. Esses blocos formavam cenários, personagens e elementos interativos. Os sprites eram objetos que podiam se mover na tela, como Mario correndo ou inimigos voando.
Já o scrolling, que criava a ilusão de movimento ao mover o cenário em vez do personagem, era feito com técnicas engenhosas de otimização. Alguns jogos até usavam parallax scrolling para dar profundidade ao cenário, tudo isso com recursos extremamente limitados.
Mais do que um console, o NES foi a salvação de uma indústria e o ponto de partida para gerações de jogos e jogadores. Mesmo com limitações técnicas, o Nintendinho ensinou que a criatividade pode vencer qualquer barreira.
Para quem nunca teve um ou sequer jogou, vale lembrar: se hoje você joga videogame, em grande parte, é graças ao impacto que esse pequeno console teve no mundo.