Parece que a Branca de Neve não é mais a “mais bela de todas” — pelo menos não nas bilheterias. A mais recente aposta da Disney em live-action escorregou feio, com um orçamento astronômico de US$ 370 milhões arrecadou apenas US$ 42,2 milhões nos EUA e US$ 86,1 milhões mundialmente em sua estreia.
Segundo o The Hollywood Reporter, o filme consumiu US$ 270 para produção e US$ 100 milhões em marketing. Parte desse custo veio de protocolos de COVID, das greves de Hollywood em 2023, um incêndio nos sets e refilmagens caríssimas — muitas delas motivadas pela reação negativa do público a vazamentos sobre mudanças na trama.
Um executivo de outro estúdio resumiu:
“Você não pode dizer que um remake live-action do filme mais icônico do cofre que custou [US$ 270] milhões e foi refilmado várias vezes estreando com US$ 50 milhões está OK. A matemática não funciona. Esse filme deveria ser um filme de um bilhão de dólares.”
As expectativas eram altíssimas, mas é improvável que o filme chegue à marca de US$ 400 milhões. E considerando que precisa de pelo menos US$ 500 milhões só para empatar… sim, não é bom.
O problema chamado Rachel Zegler
Grande parte da polêmica gira em torno da protagonista Rachel Zegler e sua relação conturbada com a Disney. Tudo começou quando ela postou “Free Palestine” nas redes sociais durante o lançamento do trailer no D23. O estúdio teria ficado furioso, com o produtor Marc Platt voando para Nova York para uma conversa tensa. Zegler não recuou.
Depois, seus comentários anti-Trump acenderam o pavio de vez. Um insider contou à Variety: “Ela não entendeu as consequências de suas ações para o filme, para a Gal Gadot ou para qualquer um envolvido.”
Falando em Gal Gadot (a Rainha Má), a atriz chegou a receber ameaças de morte e precisou de segurança extra. Zegler, por sua vez, ganhou um “guru de mídia social” para monitorar suas postagens. Apesar de não haver conflito direto entre as duas, sua relação com a Disney está “congelada” — um ressentimento que remonta a West Side Story, quando Zegler teria brigado com o estúdio por perder o Oscar para começar as gravações de Branca de Neve.
Quem realmente foi ver o filme?
Ao contrário do que se especulava, não foi um boicote conservador que afundou o filme. Dados da EnTelligence mostram que:
- 40% do público veio de estados conservadores (contra 37% em filmes de família normalmente).
- Já os estados progressistas, que costumam responder por 67% das vendas, ficaram em 60%.
Ou seja: não foi um boicote organizado, mas o público tradicional da Disney simplesmente não compareceu. O filme recebeu um B+ no CinemaScore — o pior resultado de todos os remakes live-action do estúdio.
Tem volta?
O analista Jeff Bock foi direto: “Dizem que toda publicidade é boa, mas no caso de Branca de Neve, estavam redondamente enganados. O filme acumulou anos de polêmicas negativas, e as críticas fracas só pioraram a situação.”
Há uma chance mínima de reviravolta, como aconteceu com Mufasa: O Rei Leão (que começou mal mas chegou a US$ 718 milhões). Mas, com toda a toxicidade em torno do projeto e zero entusiasmo do público, é melhor a Disney não criar expectativas.
Entre conflitos internos, uma protagonista problemática e um orçamento fora de controle, o estúdio pode ter acabado de definir o que é um fracasso bilionário.
Nem o espelho mágico previu essa queda.
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