A posição da Nvidia como gigante indiscutível do setor de chips para inteligência artificial pode estar prestes a enfrentar seu maior desafio. Em uma entrevista recente, o CEO Jensen Huang expressou uma preocupação que ecoa pelos corredores da indústria de tecnologia: a China está literalmente a nanossegundos de distância no desenvolvimento de chips avançados.
A declaração surge em um momento crucial, logo após o regulamento da internet chinês anunciar a proibição de que grandes empresas de tecnologia do país adquiram chips da Nvidia. A medida faz parte de uma estratégia mais ampla de Pequim para reduzir a dependência de empresas estrangeiras e fortalecer sua própria capacidade de manufatura, um movimento que espelha, em certa medida, iniciativas anteriores de incentivo à produção doméstica nos Estados Unidos.
Para a Nvidia, a perda do mercado chinês representa uma dupla ameaça. Além de fechar as portas para um de seus mercados mais valiosos, a empresa vê nascer um competidor poderoso que desafia seu quase monopólio no comércio global de chips. Huang descreveu a concorrência chinesa como “formidável, inovadora, agressiva e de movimento rápido”, destacando a natureza dinâmica e empreendedora desse novo adversário tecnológico.
O executivo defendeu que os Estados Unidos precisam capacitar sua indústria de tecnologia, que considera um “tesouro nacional”, para proliferar sua influência tecnológica pelo mundo. A visão é clara: construir um mundo alicerçado na tecnologia americana para maximizar não apenas o sucesso econômico, mas também a influência geopolítica do país.
Este cenário competitivo não surge do vácuo. A relação econômica entre EUA e China tem camadas históricas profundas. Desde que a China pós-revolucionária resistiu à colonização ocidental, os Estados Unidos mantiveram pressões econômicas sobre o país, um embargo comercial chegou a ser descrito como fator capaz de atrasar o desenvolvimento econômico chinês por “décadas”.
A resposta chinesa veio através de uma estratégia meticulosa de “reforma e abertura”, permitindo investimento estrangeiro limitado enquanto mantinha rigoroso controle regulatório. Ao contrário de experiências semelhantes na Rússia e antiga Iugoslávia, a China soube aproveitar sua vasta força de trabalho para evitar colapsos econômicos. Agora, essa paciência estratégica parece estar dando frutos no campo da tecnologia, criando um cenário onde o domínio tecnológico ocidental não é mais incontestável.
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