Cinema

O ‘E Se’ de Hollywood: Quando Gene Hackman quis ser Hannibal Lecter

O universo do cinema é repleto de histórias de quase-roles, daquelas que fazem a gente coçar a cabeça e pensar: “como assim?”. E uma das mais fascinantes, e bizarras, envolve ninguém menos que o astro Gene Hackman e o personagem mais aterrorizante da história do thriller: Hannibal Lecter.

Tudo começa antes de Anthony Hopkins eternizar o canibal de fala mansa e olhar penetrante em O Silêncio dos Inocentes. Pouca gente se lembra, mas a primeira encarnação de Lecter nas telonas foi nas mãos do talentoso Brian Cox, no filme Caçada Humana (Manhunter), de Michael Mann. Apesar da atuação sólida de Cox, foi Hopkins quem elevou o personagem ao status de ícone aterrador, levando para casa o Oscar de Melhor Ator.

Mas e se a história tivesse sido completamente diferente? De acordo com Bob Bookman, detentor dos direitos originais do livro de Thomas Harris, o caminho até as telas foi cheio de obstáculos. O fraco desempenho de Manhunter nas bilheterias assustou os estúdios, que viam o tema de serial killers como uma aposta arriscada. O projeto estava encalhado.

Eis que surge uma reviravolta inesperada. O lendário Gene Hackman, astro de Os Imperdoáveis e A Conversação, não só se interessou pelo projeto como quis comprar os direitos. A ideia dele era ambiciosa: ele mesmo dirigiria o filme e, pasmem, seria o protagonista, Dr. Hannibal Lecter.

A notícia é daquelas que causa um misto de choque e curiosidade. Hackman, com toda sua aura de homem comum e, por vezes, até paternal, como o terrível e sofisticado canibal? É uma imagem quase impossível de conceber.

No fim, como tantas vezes acontece em Hollywood, os planos mudaram. A filha de Hackman leu o livro, ficou chocada com o nível de violência, e convenceu o pai a abandonar o barco. A Orion Pictures comprou a parte dele no negócio, e o resto é história.

Anthony Hopkins deu ao mundo uma performance inesquecível. E, ironicamente, no ano seguinte, Gene Hackman ganhou seu Oscar por Os Imperdoáveis. Tudo saiu como deveria.

Esses “quase” do cinema são deliciosos, não são? Eles nos lembram que por trás dos clássicos que adoramos, existe um emaranhado de acasos, escolhas e reviravoltas. E, por mais que admiremos Hackman, é difícil imaginar que seu Lecter teria a mesma aura de horror refinado. Algumas peças do quebra-cabeça simplesmente se encaixam perfeitamente, e graças a isso, temos a versão definitiva de um dos maiores vilões de todos os tempos.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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