Muita gente torceu o nariz quando a Disney comprou a Lucasfilm, outros quando J.J. Abrams foi anunciado como diretor, e quando saiu o elenco, e assim seguiu até o primeiro teaser de Star Wars: O Despertar da Força.
Ali a maré mudou. Quem estava cético passou a ter esperança, a acreditar de verdade no potencial do filme. Será que Abrams ia conseguir trazer o velho sentimento da franquia de George Lucas, as mesmas sensações que as pessoas mais velhas sentiram em 1977?
Star Wars: O Despertar da Força já está entre nós, e J.J. Abrams foi malandro. Seu filme consegue emular muito bem o que foi a saga original, com momentos para fazer o fã desses filmes chorar, enquanto apresenta a galáxia (muito, muito distante) para um novo público, de maneira parecida como a de 1977. Tecnologias mudaram, e é difícil imaginar que alguém tenha visto ou vá ver esse filme sem conhecimento dos anteriores, mas, se alguém assim for vê-lo, vai encontrar um universo convidativo, grande e, acima de tudo, emocional.
É isso que Star Wars se tornou para o público. Emoção. Um filme bem feito (tecnicamente) é essencial, mas isso nada adianta sem ter a emoção que Star Wars nos proporcionou antes. Sem a ingenuidade com que um personagem é apresentado ao universo (tal qual Luke foi), sem pessoas carismáticas e uma produção real, algo que nos faça entrar no filme. Algo tão real que emocione.
E aí fica o grande trunfo de Abrams e O Despertar da Força. Essa recuperação da essência de Star Wars que nos emociona quando as belíssimas trilhas sonoras surgem, ou quando Han Solo e Chewbacca aparecem em cena. Assim como eles, nós nos sentimos em casa ao ver o filme. Nós vibramos a cada referência ao passado, ou a cada vez que a Força entra na jogada. Nós ficamos tensos quando o lado sombrio surge, quando a ameaça parece que vai vencer, ainda mais neste filme, mais dramático e pesado que os anteriores. E se a pessoa não conhece nada? Ela também vai entrar no filme, ela vai conhecer a franquia de uma forma parecida com a que ela surgiu, lá no final dos anos 70. Ela vai ver um filme com bons personagens, visual e trilha estupendos e, novamente, emocionante, convidativo.
É essa emoção que ajuda a tornar os novos personagens tão carismáticos, que faz com que quem não conheça muito do universo se interesse mais e movimenta o filme.
Por trás disso, existem os aspectos técnicos do filme que, eles também, se transformam em emoção. O visual deslumbrante de uma galáxia diversa, cheia de criaturas de formas variadas, cheias de cores e idiomas próprios está ali, com pessoas por baixo deles, com um dróide real circulando por ali. A trilha sonora, um dos pontos altos da saga, está ali, pronta para emocionar nas cenas importantes, marcando ainda mais os personagens. A fotografia se alterna entre momentos singelos, delicados, e cortes frenéticos, ótimos para as cenas de ação. Tudo pronto para emocionar. O novo trio principal, formado por Daisy Ridley (Rey), John Boyega (Finn) e Oscar Isaac (Poe Dameron) está incrível, especialmente Daisy, que entrega uma incrível personagem em Rey.
O filme tem defeitos, é claro. Algumas soluções no roteiro são simples demais, soluções rápidas e falhas para facilitar o andamento da história. Alguns personagens não são bem explorados (ao menos nesse filme, vamos ver nos outros dois) e a história em si não é das mais originais (como eu disse, Abrams foi malandro).
Mas nada disso importa muito. Nada disso atrapalha na experiência de assistir ao filme. E isso porque a emoção é mais forte, a história é mais poderosa que seus pequenos defeitos, e por isso Star Wars: O Despertar da Força é tão arrebatador, o blockbuster do ano e o renascimento da franquia Star Wars. Sabendo emocionar e atingir tanto os fãs quanto os iniciantes, o filme reacendeu uma paixão que há alguns anos não estava tão forte.
Não há duvidas de que a Força, enfim, despertou.
Star Wars: O Despertar da Força
Diretor: J.J. Abrams
Roteiro: Lawrence Kasdan, J.J. Abrams e Michael Arndt
Duração: 135 minutos
Elenco: Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher, Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac
Lançamento: 17 de Dezembro de 2015
Autor: Guilherme Souza