Não é à toa que a bandeira do Uruguai traz um pequeno sol estampado no canto superior esquerdo. De 15 dias que passamos no país vizinho ao Brasil, 14 estavam ensolarados.
A pequena nação nem se compara em tamanho com a terra tupiniquim: são 176 mil Km² que abrigam uma população de “apenas” 3,5 milhões de habitantes – sendo que 1,8 milhão dessas pessoas vivem na capital, Montevidéu.
Começamos nossa viagem em Punta del Este, depois visitamos algumas cidades vizinhas, como Maldonado, La Barra, Manantiales, La Paloma, Cabo Polônio e Montevidéu.
Vamos contar para vocês o que achamos de mais legal, assim você fica com algumas dicas do que fazer no Uruguai caso planeje uma viagem para este simpático país.
O que fazer no Uruguai?
Parrillada, Chivito e outras maravilhas da culinária local
A culinária do Uruguai certamente agrada a maioria dos brasileiros. Grande parte dos restaurantes e bares servem churrasco, e do bom. Eles usam uma churrasqueira inclinada para assar pedaços generosos de carne vermelha, de frango, porco ou cordeiro.
As Parrillas normalmente são vendidas em forma de Parrilladas (uma porção com vários tipos de cortes e carnes) e em cortes separados. Geralmente, há uma entrada com pães, patê e azeite.
O Chivito também é uma das maravilhas locais. Consiste em mais ou menos um X-Tudo no prato: batatas fritas, filés de carne de boi, bacon, presunto, queijo, ovos e salada. Há algumas variações que vem com ou sem pão, ou alguma adição extra, como maionese, ervilha, etc.
É importante ter em mente que todos os pratos que eles falam que é para uma pessoa servem tranquilamente duas pessoas (que não sejam muito esfomeadas, claro).
Vale prestar atenção nessa dica, principalmente, porque a alimentação no Uruguai é em geral muito cara. Um prato varia de 350 pesos até 650, dependendo do local – que daria algo entre os R$ 40 e R$ 70.
Punta del Este e Região
A parte mais rica do Uruguai é Punta del Este. A cidade está entre os dez balneários de luxo mais famosos do mundo, e é um dos mais charmosos da América Latina. Lembra um pouco o centro de Búzios e de Ilhabela, no Brasil, só que em uma escala mais pomposa.
Tudo por lá é muito bonito, desde os prédios, construções, até o porto e um bairro luxuoso chamado de Beverly Hills, que é cheio de mansões em colinas, no meio de árvores, jardins minuciosamente cuidados e o som de animais e pássaros.
Não há muito o que fazer em baixa temporada. Poucos bares abrem e a cidade fica bem pacata. No entanto, caminhar pela costa em direção ao porto é uma boa opção – coisa que muitos uruguaios e argentinos fazem por lá, sempre acompanhados de um chimarrão.
O pôr do sol do porto, em especial, é um dos destaques da cidade. É um excelente lugar para sentar e contemplar a beleza da natureza.
Em relação às praias de Punta, os destaques ficam para a Playa Brava – onde há o famoso monumento dos dedos – e a Playa Mansa, sendo que uma fica muito próxima da outra, basta atravessar Punta Del Este, coisa que você faz caminhando menos de dez quadras. Se você estiver em uma rua no centro da cidade é possível enxergar a costa dos dois lados.
Não deixamos de notar também que não existem negros em Punta del Este. O único que vimos era um turista brasileiro, no ônibus. Não sabemos qual a relação disso, mas aparentemente o lugar abriga em geral pessoas muito ricas – como próprios uruguaios nos disseram mais tarde em Montevidéu.
A região ao redor de Punta del Este também tem praias muito bonitas, bares, bons lugares para comer, o Museo del Mar, um Cassino e a Casapueblo: antiga casa de verão do artista uruguaio Carlos Páez Vilaró e que é agora uma cidadela-escultura que inclui um museu, uma galeria de arte e um hotel. Local que vale uma visita.
Cabo Polônio
Cabo Polônio é um lugar com uma beleza singular, mas é totalmente descampado. Como diria a Silvia, que nos atendeu no Hotel em Punta del Este: “És un agreste. No hay nada”. Para chegar ao local, é preciso viajar cerca de 149 Km de Punta del Este ou 249 Km mais ou menos de Montevidéu.
Há linhas de ônibus que levam para lá, e uma opção pode ser alugar um carro – o que pode servir para conhecer outros lugares, como Punta del Diablo, La Paloma e outras regiões.
Depois de chegar na portaria de Cabo Polônio, é preciso pagar uma taxa para acessar o parque. Algo em torno dos R$ 30 por pessoa. Não é possível acessar o local de carro. Um caminhão leva os turistas para o local, passando no meio de uma floresta até chegar à costa, onde é possível avistar casas no meio da areia.
O principal de Cabo Polônio é a beleza natural. Há faixas enormes de areia nas duas praias desertas que cercam o local. Além disso, dá para ver leões marinhos de perto, em seu habitat natural e visitar o farol de Cabo Polônio. As pessoas em geral oferecem hospedagem para quem chega lá, e há alguns hostels para quem quer passar a noite.
Montevidéu: Rambla, caminhada pelas ruas e a brisa agradável
Montevidéu é uma cidade apaixonante. Daquelas que se gosta cada vez mais à medida que os dias passam. Para começar, é completamente cheia de árvores. Todas as ruas são cobertas de grandes árvores que cruzam entre si, deixando um ar agradável e sombra por todos os lugares.
Há parques por toda a cidade, muito verde, lugares incrivelmente bonitos e a Rambla – a parte que fica na costa da cidade e se estende por cerca de 20 Km. É onde as pessoas vão caminhar, pescar, fazer piqueniques, tomar chimarrão, conversar, namorar ou apenas apreciar o maravilhoso pôr do sol.
É muito agradável caminhar por Montevidéu. A brisa do sul é muito gostosa e caso você fique com calor, é só buscar uma das variadas praias que a cidade oferece e se refrescar.
Cultura, museus, arte e história
A maior cidade do Uruguai também reserva muita arte e cultura por toda parte. Há diversos museus espalhados pela cidade. Destaque para Museo Nacional De Artes Visuales, que fica no Parque Rodó; o Palacio Estévez e o Museo Torres Garcia, ambos na Plaza Independencia.
Outro lugar que vale a visita é o Shopping Punta Carretas. Ele foi construído em cima de uma prisão, onde teve uma fuga de 111 prisioneiros, em 1971, entre eles estava o presidente Pepe Mujica.
As praias de Montevidéu
Uma das maiores surpresas de Montevidéu são as praias de água doce. Isso mesmo, você mergulha e, além da água ter uma temperatura ótima, não fica aquela salmora na boca. Isso acontece por que todas elas são banhadas pelo Rio Prata. O rio dá um aspecto marrom à água, que pode enganar e fazer com que pensemos serem praias sujas, mas ao dar um mergulho, a mágica acontece.
Há uma grande variedade de praias na capita uruguaia. Desde as mais descampadas, como Malvín, até Pocitos – que fica na parte rica da cidade – e Ramirez, localizada próximo ao Parque Rodó, onde há feiras de artesanato e eventos culturais nos finais de semana.
A noite em Montevidéu
Bares, pubs, restaurantes. Achamos quase de tudo em Montevidéu, menos casas que tocam música latina típica. O negócio deles parece ser rock’n roll mesmo. Uma das melhores ruas para curtir bares é a Bartolomé Mitre. Lá está o El Pony Pisador, onde tem cerveja e pizza boa, além de uma banda (geralmente de rock) tocando. Há também mais uns quatro pubs na rua que valem a visita.
Para ter uma ideia de preços da noite, uma cerveja de um litro custa cerca de 160 pesos… uns R$ 20. Long-necks, chamadas por lá de “chicas”, saem por 90 pesos, cerca de R$ 10.
Mais tarde encontramos algumas casas com som mais típico. Em especial o Tango de raiz. O Bar Fun Fun promove shows de tango e músicas latinas durante os finais de semana (a partir de quinta-feira), e é uma ótima opção para passar a noite. O custo benefício do show e o requinte do local vale a pena: duas pessoas comem e bebem por cerca de R$ 100, incluindo os shows de tango.
Durante a madrugada, poucos bares ficam abertos. Normalmente são padarias ou restaurantes. Uma dica valiosa que temos é o bar do Fabián, o Pool Picapalos, que fica próximo da avenida principal, a 18 de Julio (Coronel Brandsen 1968, 11200 Montevidéu). Ele só abre durante as madrugadas, tem mesa de sinuca, jukebox e bebidas. Nada para comer. Ou seja, para quem realmente tá querendo curtir a madrugada.
Chimarrão, Dulce de Leche, regalos e comprinhas
Voltamos do Uruguai com muita bagagem cultural, e uma que permaneceu foi o Chimarrão. Tinha tomado poucas vezes no passado, mas não peguei o gosto. Isso mudou no Uruguai. Assim como passei a gostar de Guinness depois de visitar Dublin, passei a gostar de chimarrão depois de visitar o Uruguai. O mesmo valeu para o doce de leite deles, que é muito bom.
Em relação às compras, os preços em geral são muito mais caros do que o Brasil. Porém, há algumas lojas que fazem boas promoções de roupas, calçados e acessórios, como o caso da Daniel Cassin e Indian. A dica vale mais para a mulherada, já que para homens não há nada tão atrativo e que valha a compra. Já para as garotas, há Outlets e lojas que tem sapatos a 250 pesos (R$ 30), calças, bolsas e artigos de vestuário com preços bons.
No meu caso, o que achei de mais interessante foram alguns molhos artesanais e locais, doce de leite, vinhos (da uva Tannat, tradicional da região) e coisinhas para comer e desfrutar da culinária artesanal do Uruguai.
Um bom local para comprar regalos (presentes) é no Mercado Del Puerto em Montevidéu. Há lojas com produtos típicos e restaurantes ótimos.
Lo que Quiero es el Rock
Há boas músicas uruguaias e argentinas que tocam na rádio e em toda parte. A maioria delas são de soft rock, rock’n roll e indie. Elaboramos uma playlist para você conhecer alguns dos sons que descobrimos por lá:
Expo Cannabis
Quando estivemos em Montevidéu, coincidiu com a data da viagem de a primeira exposição de cannabis do Uruguai, a Expo Cannabis. O espaço propôs uma demonstração de plantio e cultivo, além de palestras, conferências nacionais e internacionais, intervenções artísticas, música ao vivo e exibição de filmes sobre o tema. Isso levando em conta que o Uruguai recentemente aprovou a regulamentação da droga, que será produzida e comercializada com aval do governo.
A Paula Romano, editora e uma das fundadoras do Geekness, escreveu sobre o evento no Update or Die. Confere lá!
Algumas dicas válidas para sua viagem
- Ande sempre com pesos uruguaios na carteira. Muitos lugares não aceitam cartão ou simplesmente não passam. Há bancos Santander e Itaú, por exemplo, mas eles não são ligados às agências brasileiras. Ou seja… é melhor ir com o dinheiro na mão do que passar por apuro.
- Ônibus é sempre uma opção viável e muito útil no Uruguai. Nas cidades que fomos, o transporte público funcionou muito bem. O preço pode variar de acordo com o ônibus e percurso, mas os municipais custam 23 pesos, cerca de R$ 2,50.
- Separe uma boa grana para alimentação. Tudo é mais caro que o Brasil e não existe aquele “PF” que estamos acostumados. Você paga bastante, mas também vem bastante comida.
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Adorei a reportagem, vou pro uruguai prox semana, + ficarei baseada em punta. Onde voce trocou os pesos uruguaios? Ouvi dizer q é melhor faze-lo no aeroporto
Olá! Acho que o melhor mesmo é trocar no aeroporto. De preferência no Brasil, pois aí você entende bem quanto vai estar as taxas e tudo mais. Fora isso, em Punta tem muitas casas de câmbio também. Recomendo levar pesos uruguaios em espécie do que usar o cartão — pois muitas vezes o cartão acaba não passando.
Como você vai pra Punta, dá pra ficar tranquila, pois a cidade é bastante segura e tranquila. Pelo menos na época que fui. Agora deve estar mais temporada né. Bom que você vai pegar mais casas noturnas e bares abertos. Quando fui muitos nem abriram.
Boa viagem! 🙂
Uruguai é fantástico, um lugar tranquilo e seguro (morei lá durante 4 meses em 2010).
Um lugar fantástico é José Ignácio (praia dos argentinos kkk já que eles não tem é pra lá que vão).
Acredito que ainda tem um motor de navio perto da praia, é um lugar bonito e perfeito pra ouvir o “silêncio”.