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O raríssimo Nintendo 3DS XL do Louvre: o áudio-guia que virou peça de colecionador

Entre as obras gigantescas do Museu do Louvre, um dispositivo pequeno e curioso costuma chamar a atenção de quem repara nos detalhes: um Nintendo 3DS XL totalmente remodelado para funcionar como áudio-guia oficial do museu.

A Nintendo produziu apenas 5 mil unidades e as entregou ao Louvre em 2020, transformando o portátil em uma espécie de relíquia tecnológica perdida entre esculturas, pinturas renascentistas e turistas apressados.

A ideia nasceu da mente de Shigeru Miyamoto, o lendário criador de Mario e Zelda. Depois de provar um áudio-guia tradicional em um museu local, ele percebeu que digitar códigos por obra já não fazia sentido em um mundo cada vez mais multimídia.

Queria algo mais leve, intuitivo e capaz de criar memórias imediatas enquanto o visitante encara uma obra de perto. Ele apresentou o conceito quando o Nintendo DS ainda era novidade, testando protótipos em shoppings e escolas até convencer o Louvre de que a tecnologia poderia acompanhar o ritmo e a grandiosidade do palácio.

A versão final do aparelho ganhou várias adaptações. O slot da caneta foi lacrado e a entrada de cartuchos bloqueada para evitar distrações ou tentativas de uso fora da função de guia.

Na base, uma faixa larga permite pendurar o console no pescoço, deixando as mãos livres durante o passeio.

Com isso, o 3DS passa a balançar calmamente enquanto você explora corredores que guardam séculos de história, sempre acompanhado do fone de ouvido oficial da Nintendo que vem no kit.

Ao ligar o aparelho, ele leva alguns minutos para encontrar os sinais de Wi-Fi invisíveis espalhados pelo teto do museu, são pequenos faróis posicionados para mapear sua localização dentro do gigantesco prédio.

Depois de algumas luzes piscando, as telas ganham vida: no topo, um mapa completo dos andares do Louvre; na parte inferior, os comandos esperando por toques e escolhas.

É só colocar o fone e deixar que a narração comece, em francês, inglês ou uma dezena de idiomas. O visitante pode seguir um percurso clássico de 90 minutos, focado em obras-primas, ou optar por um roteiro mais leve, pensado para famílias.

Para garantir que o portátil continue exclusivo do museu, a Nintendo implementou sistemas de bloqueio logo na inicialização.

Um aviso deixa claro que o aparelho não aceita softwares comerciais e foi criado especificamente para a visita ao Louvre.

A SD card pode até ser removida para análise, mas qualquer alteração aciona um contador que permite ao dispositivo funcionar apenas por alguns minutos longe da rede interna do museu.

Depois disso, se não encontrar os beacons oficiais, o software bloqueia o acesso e exige conexão com o sistema do Louvre para ser reativado.

O resultado é um híbrido fascinante: ao mesmo tempo uma ferramenta educativa para milhões de visitantes e uma raridade cobiçada por colecionadores de videogames.

Um 3DS pensado para guiar pessoas entre obras imortais acaba, ironicamente, virando ele próprio um item digno de exposição.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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