Não há nerd que não aprecie uma boa história de viagem no tempo. E, se for nerd de carteirinha, vai querer ver o filme e depois discutir com os amigos (igualmente nerds) todos os deliciosos paradoxos temporais.
Também conhecidos como “paradoxo do avô”, esses fatos se baseiam na ideia de que se você voltar ao passado, poderá mudar acontecimentos que afetam o presente. Exemplo: você volta no tempo e mata seu avô. Se ele morreu, como você poderia ter nascido e ter voltado no tempo para matar seu avô?
Essa ideia da interferência na timeline da vida é adorável, e já rendeu ótimos filmes. O mais famoso talvez seja “De Volta para o Futuro”, em que um jovem dos anos 80, Marty McFly, volta para a adolescência de seus pais, nos anos 50, e acidentalmente faz sua mãe se apaixonar por ele… Além de todas as implicações freudianas que se possa inferir, há inúmeras sacadas temporais geniais, como o primo de Chuck Berry no baile da escola e a galhofa com a presidência de Ronald Reagan.
Em “De Volta para o Futuro 2”, a mixórdia temporal acontece quando Marty compra um almanaque de esportes no futuro, e a revista cai nas mãos do malvado Biff no passado. O valentão acaba se tornando um gênio das apostas esportivas – e mudando todo o curso da história – e da família de Marty. O filme ainda profetizou inventos que já existem hoje, como o desejado skate hoover.
O paradoxo também aparece, de forma explícita, em um episódio de Futurama, quando Fry volta ao passado e encontra seu avô que, lamentavelmente, não se sente atraído por mulheres. Aqui o sarcasmo de Matt Groening se mistura à bagunça com o tempo, criando uma solução ótima e engraçadíssima.
O seriado “Love, Death and Robots”, especializado em ficção científica, tem um episódio dedicado a uma empresa de viagens no tempo que apresenta um vídeo promocional com seis futuros alternativos, de acordo com seis possíveis mudanças em um fato do passado. Um humor ácido, mas que vai no cerne do inevitável questionamento “e se…” que está por trás de toda ideia do paradoxo temporal.
Outro seriado, “Dark”, também explora as interconexões de passado e presente com um futuro distópico. Aqui, o mais legal é ver os personagens nas realidades temporais diferentes, e tentar descobrir quem é quem em cada mundo. E além do paradoxo do avô, outros conceitos metafísicos aparecem na trama.
As consequências nefastas de mudar o passado também são fartamente exploradas em “Efeito Borboleta”, um filme aflitivo em que cada tentativa de consertar a besteira anterior parece piorar ainda mais a situação.
E a ideia de viajar no tempo não é nova. No final dos anos 70, um filme desse estilo ficou famoso: “Em algum lugar do passado” contava a história de um jovem dramaturgo que recebe um relógio antigo de uma senhora. Ele fica obcecado pela mulher e volta no tempo, para quando ela era uma linda e jovem atriz e – evidentemente – se apaixonam.
Após o cálido amor, ele a presenteia com o mesmo relógio que ela deu para ele, anos mais tarde, ou seria anos mais cedo? A pergunta que fica é: se um deu para o outro, e o outro deu para o um, quem comprou o relógio, em primeiro lugar?
Mas antes de todos esses filmes e seriados, um autor genial já escrevia sobre as viagens no tempo. Isaac Asimov abordou o tema várias vezes, de várias formas. Em “O fim da eternidade” ele conta a história de uma espécie de funcionalismo público temporal, que propositalmente altera momentos do passado para criar um futuro melhor, com direito a elevador para se deslocar ao longo dos séculos.
Tudo vai bem, até que um caso de amor põe tudo – inclusive a eternidade – em risco. Até o presente, a obra não tem versão em vídeo. Quem quiser saber como ela acaba, vai ter que fazer um tipo viagem no tempo e voltar ao passado, quando uma boa história era contada em livros.