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Pacificador – Episódios 1, 2 e 3 | Crítica: Pura Insanidade

Eu me considero alguém que já consumiu bastante conteúdo de super-heróis, mas não estava preparado para ver a série Pacificador, que estreou ontem na HBO Max. Em alguns momentos você se questiona como os executivos da Warner e DC permitiram isso sair, em outras vai perguntar para si mesmo o que se passava na cabeça de James Gunn para aquela intro bizarra e viciante…mas a mais pura verdade é que o conteúdo é impressionante de todas as formas boas possíveis.

A mente de Gunn trouxe o que havia de mais tosco neste universo, assim como foi em O Esquadrão Suicida, e fez milagres ao transformar em uma série que começou empática, cheia de alma e com um carisma dificilmente visto em vários outros materiais do gênero. O seriado é um daqueles produtos que você pode até acabar não gostando, mas nunca dirá que é ruim. A qualidade dos episódios, de trama ou computação gráfica, deixa qualquer um de queixo caído e toca em várias feridas da sociedade.

É loucura, mas você não se arrependerá de assistir

O Esquadrão Suicida e o Pacificador

A história começa exatamente de onde O Esquadrão Suicida parou, com a equipe de Amanda Waller sendo punida pelo motim organizado no fim do filme e com o Pacificador despertando no hospital após quase morrer no confronto contra o Sanguinário. Ele é convocado para trabalhar com alguns dos agentes novamente, na missão “Projeto Borboleta”. E é partir daí que começam a escancarar todos os clichês e descascá-los na frente dos fãs de histórias em quadrinhos.

Afinal de contas, onde está a criatividade dos nomes? Em O Esquadrão Suicida, o “Projeto Estrela-do-Mar” era contra a presença de Starro. Ou seja, neste ele enfrentaria uma borboleta gigante? Além disso, o Pacificador é conhecido por ser um exímio assassino que mantém a paz a qualquer custo. Inclusive matando pessoas que cometem diversos crimes. Porém, qual a razão pela qual há mais negros em sua lista de mortos do que criminosos brancos? Racismo, preconceito, percepções, tudo vira um debate bem-humorado de como nossa visão de tudo isso é equivocada e fazem isto sem a menor cerimônia.

Quando finalizei o terceiro episódio, estava extremamente convencido de que desejava assistir tudo aquilo logo até o grande final. Além de seguir um ritmo muito bom, o seriado não parece se cansar de brincar com estes personagens de forma íntima e que pareça que tudo isso aconteça no mundo real. Seja pelos problemas que os agentes possuam em suas vidas fora desta loucura, pela psique do próprio Cristopher Smith ou por tudo que rodeia eles em sua aventura. Quem não rir com o casal do segundo episódio definitivamente já morreu por dentro, pois está de longe como um dos melhores momentos desta trilogia.

Apesar do humor, a série trabalha muito bem os personagens também

A grande questão é: vale a pena? Sim, muito. O Pacificador tem muita alma, parecendo que nos levará em uma viagem mais longe até do que o filme foi. Sem temores de usar os heróis e vilões mais esquisitos do panteão da editora, algumas coisas soarão como uma novidade até mesmo para alguns dos fãs mais assíduos das HQs. Isso tudo aliado ao próprio John Cena, que transmite um carisma sem igual, eleva e muito o conteúdo daquilo que vimos nestes episódios.

Se você lê as minhas outras críticas por aqui, deve até estar estranhando toda essa hype. Porém, ela é merecida justamente pelo fato de que nem Gunn ou o elenco ou qualquer membro da produção sente o menor medo de fazer o que for preciso para te prender ali. Há momentos incômodos, assim como existem trechos cheios de humor e graça que brilham aos olhos. Misturando tudo isso a boas músicas na trilha-sonora, ação e uma história contida no que se propôs, temos de longe um dos melhores materiais já vistos nos últimos anos.

Temos figuras inéditas também para ajudar este universo a se expandir

Um novo passo para as séries da DC Comics

Vamos combinar, caros leitores, algumas séries da CW começaram bem. Arrow e Flash foram sensacionais em seu início e foram feitas para fã nenhum botar defeito. Supergirl começou um pouco mais fraquinho, conquistando o público conforme avançava. Legends of Tomorrow, apesar de ter sua própria base de apaixonados, nunca quis ser um estouro como as demais. Apesar disso, todos sabemos onde isso foi parar e na descrença do público de que isso continue funcionando até hoje. O futuro está agora nas mãos de James Gunn e no universo criado a partir de O Esquadrão Suicida.

O próprio diretor já afirmou que gostaria de voltar com o Pacificador no futuro, assim como está com um novo projeto que pode trazer de volta outros personagens de seu filme. Se eu ver a mesma qualidade trabalhada aqui em uma série da Arlequina, por exemplo, isso vai colocar a DC Comics em um patamar semelhante ao que a Marvel Studios tem feito desde Wandavision sem o menor esforço. São “produtos premium”, feitos para abalar as estruturas como os seus próprios longa-metragens.

Se este é um vislumbre do futuro, parece que finalmente estão acertando a mão em questão de conteúdo. A série sabe o absurdo que é e do esforço que o público fará para assistir. Compensando todos com algo que vai além daquilo oferecido, sem se levar a sério em momento algum, eles produziram algo que poderia descrever como “único” nesta realidade. Há alguns anos tínhamos “O Libélula” para tirar sarro de filmes como o Homem-Aranha. Agora, temos algo assim dentro do próprio universo onde vivem Superman, Batman, Aquaman e diversos outros heróis.

O Pacificador não teme em trazer heróis e vilões obscuros para a brincadeira

Faça um favor para si mesmo e abra o seu aplicativo da HBO Max para assistir ao menos um episódio de Pacificador. Caso assista, vai compreender que tudo que estou escrevendo aqui fará o maior sentido. Ou não, o que seria ainda melhor, acredite. Só confia em quem já consumiu tudo que é produto multimídia dentro da indústria dos super-heróis e está aqui afirmando que a loucura de James Gunn, John Cena e dos demais membros da equipe vai te atingir em cheio, de formas como nenhuma outra o fez antes.

Consistindo em oito episódios, a série está já chegando na sua metade com apenas um dia de lançamento, mas que continuará sendo transmitida com um capítulo inédito por semana. Prepare a sua pipoca, aumente o volume e só curta o momento, valerá cada segundo que você tem disponível. E caso eu esteja errado, ao menos você terá dado algumas risadas e aproveitado para criticar este universo dos heróis junto com os demais personagens dali. Não vejo uma situação em que saia perdendo, independente se goste ou não.

Ainda há muita água para rolar nisso, mas pelo seu impactante início é seguro afirmar que o seriado continua o trabalho de dividir as águas que O Esquadrão Suicida iniciou. Se há um ponto onde a DC Comics está acertando, é justamente neste e ter investido nessa produção foi genial para manterem a atenção do público. Quero ver se isso será mantido até o final, mas estou empolgado com essa nova abordagem dentro de uma realidade já desgastada e que estava prestes a ser descartada em Flashpoint.

O Pacificador é exibido todas as quintas-feiras através da HBO Max a partir das 5h. Veja mais críticas de filmes e séries!

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