Desde que estreou, a série Tremembé se tornou um dos assuntos mais comentados entre os fãs de produções brasileiras baseadas em histórias reais. Inspirada em casos verídicos e ambientada em um dos presídios mais conhecidos do país, a obra conquistou o público ao misturar drama, crítica social e curiosidade sobre o destino de personagens marcantes. Agora, anos depois, muita gente ainda se pergunta o que aconteceu com as figuras que inspiraram o enredo e como estão hoje os rostos que deram vida a elas.

O impacto da série foi tão grande que Tremembé, exibida pelo Prime Video, ultrapassou o formato televisivo e virou pauta constante nas redes. Os atores que participaram do projeto também ganharam destaque, tanto pelos papéis intensos quanto pela fidelidade com que retrataram personalidades envolvidas em histórias que o público reconhece de imediato. Alguns seguiram carreira em novas produções nacionais, explorando outros gêneros e conquistando prêmios, enquanto outros optaram por se afastar da mídia, mantendo um perfil mais reservado depois do turbilhão de fama que veio com a série.

O presídio, cenário central da trama, volta e meia ganha os holofotes novamente, seja por novos casos de repercussão nacional, seja por curiosidades que envolvem seu cotidiano, seus internos e a estrutura que abriga nomes conhecidos da crônica policial brasileira. Mas não foram apenas os intérpretes que chamaram atenção. Como estão as pessoas reais que inspiraram Tremembé e continuam despertando o interesse do público?
Suzane Von Richthofen

Suzane foi condenada por assassinar seus pais em 2006 e ficou presa por cerca de 20 anos. Em 11 de janeiro de 2023, ela saiu do regime fechado e passou a cumprir pena em liberdade sob condições. A partir daí, começou a reconstruir a vida fora do ambiente prisional.
Hoje, ela vive no interior de São Paulo, em união estável com o médico Felipe Zecchini Muniz. Ela adotou o nome “Suzane Louise Magnani Muniz”, retirando o “von Richthofen” oficial, como parte de uma tentativa de recomeço. Em janeiro de 2024, Suzane teve seu primeiro filho, um menino.
Depois da saída do presídio, Suzane inaugurou um ateliê de artesanato chamado “Su Entrelinhas”, que vende chinelos personalizados e outros acessórios pela internet. Ela também retomou os estudos: matriculou-se em curso de Direito.
Elize Matsunaga

Elize foi condenada pelo homicídio qualificado e ocultação de cadáver após matar e esquartejar o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, em 2012.
Hoje ela cumpre liberdade condicional desde 2022. Ela vive de forma discreta no interior de São Paulo, em Franca, e teria trabalhado como motorista de aplicativo. Mais recentemente, teria iniciado atividades de produção e venda de roupas e acessórios para pets.
Daniel Cravinhos


Daniel Cravinhos, cúmplice no assassinato dos pais de Suzane von Richthofen, foi condenado pelo crime e hoje cumpre pena em regime aberto desde 2018. Hoje atua como piloto de motovelocidade e é dono de uma oficina de customização de motos, carretas e aviões no Grande ABC, São Paulo. Também mantém perfil ativo nas redes sociais onde mostra parte de sua rotina com a atual esposa.
Cristian Cravinhos

Na série, Cristian ganhou destaque por um enredo que explorou seu romance com outro preso famoso e pela emblemática “cena da calcinha”, um dos momentos mais comentados pelo público nas redes sociais. As representações desse relacionamento e de sua vida dentro do presídio reacenderam discussões sobre o limite entre realidade e dramatização.
Fora das telas e longe das grades, Cristian parece investir em um estilo de vida mais tranquilo. Em suas redes sociais, ele compartilha fotos surfando, pilotando motos e curtindo viagens, em uma tentativa de reconstruir a própria imagem e se distanciar do passado que ainda o persegue. Mesmo com a liberdade, o nome Cravinhos continua carregando o peso de uma história que marcou o país e agora, também, o imaginário da cultura pop brasileira.
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá

Alexandre Nardoni, que foi condenado a 30 anos, 2 meses e 20 dias de prisão pela morte da filha Isabella Nardoni, alcançou a progressão para o regime aberto no dia 6 de maio de 2024 e deixou a unidade prisional da Penitenciária II de Tremembé no fim da tarde daquela data. Na sequência, em junho de 2024, ele abriu uma empresa individual (MEI) com atividade declarada de promotor de vendas de imóveis novos e usados e também de supervisão e acompanhamento de obras.
Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella e condenada a 26 anos e 8 meses de prisão, teve a progressão de sua pena autorizada em regime aberto após cumprir mais de 15 anos de prisão na Penitenciária Feminina I de Tremembé. Informações posteriores indicam que o Ministério Público de São Paulo chegou a requerer que ela fosse recolhida de volta ao sistema prisional, alegando “comportamento impulsivo e agressividade” e ausência de arrependimento.
Embora o casal tenha se separado ao longo do cumprimento da pena, em eventos recentes. Alexandre e Anna Carolina foram apontados juntos participando de confraternizações e até planejando passar o Réveillon em um condomínio de luxo no litoral paulista. O reencontro, somado à nova ocupação de Alexandre no mercado imobiliário e à nova liberdade de ambos, tem alimentado rumores de uma possível reconciliação.
Sandra Regina Ruiz Gomes (Sandrão)

Sandra Regina Ruiz Gomes, conhecida como Sandrão, foi condenada pelo sequestro e morte de um adolescente em 2003, em Mogi das Cruzes (SP), com pena inicial de 27 anos, depois reduzida para cerca de 24. Ganhou notoriedade por sua liderança no presídio de Tremembé e por relacionamentos com Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga, retratados na série Tremembé. Desde 2016, cumpre pena em regime aberto e mantém uma vida discreta, longe dos holofotes e sem informações recentes sobre sua rotina.
Roger Abdelmassih

Roger Abdelmassih foi um dos mais famosos médicos de reprodução humana do Brasil, atendia celebridades, tinha clínica de luxo, parecia estar no auge da carreira. Porém, veio à tona que ele usava essa reputação para cometer abusos sexuais contra suas pacientes, muitas vezes sedadas durante tratamentos de fertilização.
Depois de investigação, fuga para o Paraguai, prisão em 2014 e julgamento, ele foi condenado a mais de 170 anos de prisão pelos estupros e atentados violentos ao pudor. Seu registro profissional como médico foi cassado em 2011
Atualmente, Abdelmassih continua cumprindo pena no sistema prisional de São Paulo, enfrentando problemas de saúde. Ele tentou conseguir prisão domiciliar humanitária pela idade avançada e quadro médico debilitado (insuficiência cardíaca, infecções, internações) mas teve o pedido negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em novembro de 2023. Houve relato de agressão contra ele dentro de ala hospitalar penitenciária, motivada por outra detenta que era parente de uma das vítimas, o que mostra que ele permanece em ambiente de contenção e vigilância.
Da cela aos holofotes
Mesmo depois de crimes que deixaram marcas profundas na memória coletiva, muitos dos nomes ligados a Tremembé hoje circulam em liberdade, com rotinas aparentemente comuns e, em alguns casos, até ganhando popularidade renovada graças à série que revive suas histórias. É curioso, e ao mesmo tempo perturbador, perceber como figuras que antes simbolizavam o horror agora ocupam espaço em redes sociais, manchetes e até discussões sobre estilo de vida “pós-prisão”.
O sucesso da produção expõe um fenômeno inquietante: a transformação de criminosos em personagens de entretenimento. Tremembé virou palco de um espetáculo onde o crime se mistura ao carisma, e o castigo parece perder o peso diante da curiosidade coletiva. No fim, a série pode até ser um sucesso, mas levanta uma questão incômoda até que ponto estamos dispostos a dar palco para quem não merece aplausos?
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