O FaceApp tomou as redes sociais. O aplicativo manipula as fotos que os usuários enviam, simulando como eles seriam mais velhos. À primeira vista, parece uma brincadeira inofensiva. Mas é preciso saber alguns fatos antes de instala-lo no celular.
O app funciona por meio de um sistema neural baseado na inteligência artificial que analisa automaticamente a foto enviada, retornando rapidamente uma nova imagem – também é possível rejuvenescer alguns anos e adicionar outros detalhes.
Instalar o app implica em concordar com seus termos de uso, que são vagos em alertar os usuários sobre política de dados e privacidade.
É especificado no pedido de autorização que os dados sejam cedidos a terceiros, mas não é esclarecido de que maneira eles serão usados com quem serão compartilhados.
Desta maneira, é difícil saber o que acontece quando as fotos são submetidas no sistema. Até agora, o mais preocupante é que, após instalado, o app tem acesso ao rolo da câmera dos usuários (álbum de fotos tiradas pela câmera do celular).
O FaceApp foi lançado em 2017, pela companhia russa Wireless Lab, localizada em São Petesburgo. E existe uma questão preocupante que vai além do escândalo de uso de dados privados pela Rússia para manipular as eleições.
Se a base central está fora da União Europeia, é difícil aplicar a legislação continental sobre proteção de dados, uma das mais severas existentes.
Tudo isso levou o senador Chuck Schummer, senador de Nova York, a pedir uma investigação do FBI sobre os riscos de segurança nacional do FaceApp.
Por enquanto, Yarolasv Goncharov, o fundador da Wireless Lab, se pronunciou em um comunicado ao Tech Crunch:
“Não vendemos nem compartilhamos dados de usuários com terceiros.”, contradizendo o que o próprio termo de uso do app, ele continua. “Embora a equipe central da P&D esteja localizada na Rússia, os dados do usuário não são transferidos para a Rússia”, disse.
“O FaceApp realiza a maior parte do processamento de fotos na nuvem. Apenas enviamos uma foto selecionada por um usuário para edição. Nunca transferimos nenhuma outra imagem do telefone para a nuvem.”
“Podemos armazenar uma foto carregada na nuvem. A principal razão para isso é o desempenho e o tráfego: queremos garantir que o usuário não carregue a foto repetidamente para cada operação de edição. A maioria das imagens é excluída dos nossos servidores em 48 horas a partir da data de envio.“, completa.
O analista de segurança da Kaspersky explicou ao El País sobre os riscos de compartilhar fotos com terceiros: “Devemos ter em mente que ao subir algo à nuvem, perdemos seu controle”. Ele ainda ressalta como o bom senso é indispensável, também, na Internet.
No geral, o que o FaceApp faz não é tão diferente do que os outros apps que usamos com frequência. O Facebook e o Twitter, por exemplo, exigem que o usuário concorde com uma vasta lista de termos de uso que permite o acesso aos seus dados – sendo estes, justamente, a moeda de troca para você poder usá-los.
É aquela história: se você não está pagando por algo, o produto pode ser você. Vale pensar até que ponto é interessante abrir mão da própria privacidade para estar sempre conectado.