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A cultura pop é, por definição, popular. A cultura de massa, o que está na boca do povo. É mutável, já que depende do que se gosta no momento, e do referencial. Ela se ramifica, vira uma teia cheia de pequenos núcleos, representando grupos mais específicos dentro de si. Se divide nas diferentes mídias, e essas mídias trazem suas próprias divisões, de acordo com temas e produtos específicos. E assim os fãs de cultura pop acabam se descobrindo dentro de certos grupos, fora de outros tanto, de acordo com seus gostos e conhecimentos.

Por mais que a cultura pop seja mais pop que o papa (e não é fácil, hein), ela sempre vive dentro de uma bolha. Tem suas limitações, não chega muito longe, ainda mais quando se pensa em algo minimamente antigo (um conceito que varia, dependendo da mídia). Exceto, é claro, em alguns casos específicos, quando algo dentro da cultura pop rompe barreiras e atinge um público bem diferente do que normalmente atinge.

Quando a Cultura Pop rompe barreiras

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No dia 21 de Outubro deste ano, nós tivemos o tão aguardado #FutureDay, o dia em que Marty McFly e Doc Brown vieram ao futuro. E este é um exemplo claro da cultura transcendendo barreiras. De Volta Para o Futuro é um dos pilares da cultura pop como a conhecemos, e esse dia é aguardado há anos. Todo ano nós víamos alguém alterar a data para a daquele ano (acontece desde 2012, até antes, se bobear), e enganar muita gente, até que os fãs com mais conhecimento avisassem do problema. Sites de cultura pop, portais de notícia, grandes nomes das internet e outros já tinham falado sobre o dia, sem perceber o erro.

Neste ano não foi muito diferente, tirando o fato da data finalmente ser a correta, foi o mesmo esquema. Sites fazendo especiais sobre a trilogia, fãs tuitando, celebridades entrando na história, portais falando sobre o dia. Muitos dos quais nunca viram os filmes. Não conhecem Marty McFly, nem o Doc, nem o DeLorean. E isso não é um problema, é algo intrigante na verdade. É a cultura pop transcendendo a barreira de fãs que normalmente atingiria, chegando a uma camada de pessoas que não conhecem a data, mas que querem participar. Quando se vê muita gente falando sobre algo, você se sente compelido a saber o que está acontecendo, a entrar no assunto, na brincadeira, e não ficar isolado. É a cultura pop ficando tão pop que ninguém quer ficar de fora.

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O mesmo aconteceu com outro dos maiores produtos da cultura pop: Star Wars. O filme quebrava recordes a cada trailer de Star Wars: O Despertar da Força lançado, vendendo mais ingressos do que muitos lugares esperavam, inclusive superando o gigantesco Jogos Vorazes: A Esperança Pt. 2 nas vendas e quebrando recordes de vendas. Assim como De Volta Para o Futuro, quebrou a barreira da cultura pop, e pessoas que nunca viram um filme da franquia foram ver o trailer do Episódio VII. Pessoas que não devem saber muito mais do que “No, I am your father” (que, por si só, já é outra quebra da barreira). Pessoas que estavam perguntando aos colegas de trabalho, no dia seguinte, “Você viu o trailer daquele Star Wars que saiu? ” sem nunca ter visto um dos filmes. Não tenha dúvidas de que milhões de fãs de Star Wars estarão nas filas para os cinemas no lançamento do filme, mas preste atenção e encontrará pessoas que devem estar experimentando a franquia pela primeira vez, carregadas pelo alcance de um nome que superou a barreira que limitava seu núcleo.

E tudo isso é alavancado pelas redes sociais, essa dádiva da internet. Ao usá-las, é muito mais fácil se abrir para novos conteúdos, visões e produtos. Você pode não gostar de futebol, mas retwittou muitas piadas e OEAs da Copa do Mundo de 2014. Ainda deve estar fazendo piadas com o 7 a 1. Pode não ver o Master Chef, mas sabe do que se trata, deve até conhecer alguns participantes (abençoada seja a Jiang), as eleições então, nem se fale. As redes democratizaram a informação, a cultura, e mostraram elas para o mundo. É mais fácil conhecer produtos novos, é mais fácil compartilhar o que você gosta.

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Ainda não é fácil romper as barreiras dos diferentes níveis da cultura pop. São poucos os que conseguem, mas é algo lindo de se ver, mesmo que você não goste muito do produto em questão. É incrível ver como algo (um produto da cultura pop) pode ligar tantas pessoas, pode atiçar a curiosidade e a vontade de participar de milhões ao redor do mundo, seja isso a chegada do futuro, o novo single da Adele ou o despertar da Força.

Autor: Guilherme Souza

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