Como todo bom gamer desde 1995, eu jogava videogame com meus amigos. Mas não era online, pois em Promissão, minha cidade natal, nem se sabia o que era internet nessa época. Aliás, como era bom não ter isso. Na boa, qual a graça de jogar com seu melhor amigo a quilômetros de distância?
Como fica a emoção de cada cena inesperada que desenrola o jogo? E o frenesi de conseguir resolver aquele puzzle dificílimo no Resident Evil? E o mais importante, como zoar o cara quando você faz aquele golaço no PES – que na minha época era Winning Eleven? Qual a graça de fazer isso sem o cara sentado do seu lado?
Admiro as novas tecnologias e respeito quem as utiliza, mas nada, nunca, vai substituir a presença daquele parceiro de jogatina. Aquele que lia o detonado enquanto você penava para passar o chefão ou que fazia os combos mais absurdos no The King of Fighters com a mesma facilidade com que alguém passa manteiga no pão. Esse cara, jamais será o mesmo no seu fone de ouvido, isso eu garanto.
Digo isso porque vejo as gerações de hoje super conectadas em seus tablets, ultrabooks, smartphones e, é claro, videogames de última geração. No entanto, vejo essa galera sempre isolada, cada um literalmente no seu canto, só dialogando no plano virtual. A tecnologia encurta as distâncias, isso é fato, mas já pararam para pensar o quanto isso também nos isola?
Estamos próximos e ao mesmo tempo muito longe. O virtual se torna o padrão, e o real vira ficção. Ninguém mais liga na casa do amigo, prefere mandar por Whatsapp. Ninguém mais toca a campainha para brincar, envia solicitação de amizade no Facebook. Ninguém mais combina de jogar junto, entram em um servidor online com outros milhares de desconhecidos.
O cúmulo desta geração é comprar um Need for Speed e não poder jogar na mesma sala, lado a lado com meu amigo, pois o jogo só roda multiplayer em um servidor online. O cara estava ali do meu lado, num “jogo de dois”, e não pudemos jogar.
Como não pensar no abismo que a tecnologia está criando entre as pessoas? Sinto falta da época em que o meu PlayStation “deixava” eu dividir a TV com aquele bom amigo, porque agora a PSN manda cada um ficar na sua casa. Tá certo isso?
Autor: Luiz Henrique Castilho