Cinema

Ridley Scott revela que prefere ver seus próprios filmes a ‘afogar-se na mediocridade’ de Hollywood

Aos 86 anos, o lendário cineasta Ridley Scott não parece disposto a suavizar suas opiniões sobre o estado atual do cinema. Em uma conversa recente no BFI Southbank em Londres, o diretor por trás de clássicos como “Blade Runner” e “Gladiador” fez uma revelação que mistura autoconfiança com crítica mordaz: ele praticamente parou de assistir a filmes contemporâneos e agora dedica seu tempo de tela a reassistir sua própria filmografia.

“Estamos nos afogando em mediocridade”, declarou Scott sem rodeios quando questionado sobre seus hábitos de visualização. “Então comecei a assistir meus próprios filmes, e sabe de uma coisa? Eles são realmente bons! E também não envelhecem.”

Difícil argumentar com quem tem em seu currículo obras que definiram gêneros inteiros, do terror espacial de “Alien” ao cyberpunk visionário de “Blade Runner”, passando pelo épico histórico de “Gladiador” e pelo feminismo rodoviário de “Thelma & Louise”. O próprio diretor admitiu ter reassistido recentemente “Cidade dos Anjos” e se surpreendido com sua própria realização: “Pensei: como diabos consegui fazer aquilo?”

Sua crítica se estende à obsessão da indústria por quantidade em detrimento da qualidade. Scott estima que apenas 5% dos filmes atuais são “excelentes”, 10% são “bons”, 40% são “nada mal” e o restante – em suas palavras francas – não merece maiores elogios.

O veterano diretor também refletiu sobre as mudanças nas produções cinematográficas desde a Era de Ouro de Hollywood, observando que os efeitos especiais digitais frequentemente mascaram narrativas fracas. “Muitos filmes hoje são salvos e tornados mais caros pelos efeitos digitais, porque o que lhes falta é uma grande história no papel primeiro”, analisou. “Resolvam isso no papel.”

Apesar de suas duras avaliações sobre a indústria, Scott não demonstra intenção de diminuir o ritmo. Acabando de lançar “Gladiador II”, ele já prepara uma adaptação do romance pós-apocalíptico “The Dog Stars”, um biográfico dos Bee Gees e possivelmente um terceiro capítulo da saga romana.

Com cinco décadas de carreira e um portfólio de filmes que realmente resistem ao teste do tempo, Ridley Scott parece ter conquistado o direito de ser seu próprio crítico mais severo – e seu espectador mais assíduo. Enquanto Hollywood navega em mares de fórmulas repetitivas, o velho lobo do cinema prefere revisitar suas próprias obras-primas, confirmando que algumas histórias realmente não perdem seu brilho com o passar dos anos.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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