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Road 96 | Review: road-game em um país na crise política

Road 96 é a nova aventura do estúdio francês Digixart, estúdio liderado por Yoan Fanise – que criou o excelente Valiant Hearts, junto de uma equipe de outros 15 desenvolvedores.

Desta vez, a narrativa toma o rumo de explicar os acontecimentos de alguns personagens jovens que têm de lidar com um país em disputa política. Um ditador está no poder, quase não existem direitos civis, a imprensa é completamente manipulada e não é permitido sair de lá.

Em um estilo de aventura que se assemelha a uma mistura de HQ com filmes de Quentin Tarantino, a gente acompanha no jogo diversos personagens diferentes que passam por situações as quais envolvem ideologia, esperança, revolução e a busca para cair fora daquele lugar.

Foco na política, mas pouco impacto no gameplay

Toda a história se passa entre uma disputa entre dois candidatos: Tyrak, um ditador que atualmente está no poder, e Florres, uma mulher que representa a oposição.

A gente encarna alguns personagens diferentes e encontra um monte de outras pessoas no caminho. A história se desenrola de forma bem interessante, e os diálogos são legais. Mas infelizmente, apesar de termos opções distintas para fazer durante a viagem, há pouco impacto de fato na história do game.

Como um road-movie, em que personagens fazem a sua viagem em busca da liberdade, a gente controla seis personagens que querem cair fora daquele país em conflito chegando até a fronteira.

Os personagens, porém, não tem uma voz, não tem aparência. E isso faz com que a gente infelizmente se identifique menos com eles, ou crie certa empatia.

Com um tempo de jogo, as coisas acabam se misturando, e todos eles parecem muito iguais, o que pode gerar uma certa frustração na progressão do jogo com a repetição.

Você se foca, então, nos personagens os quais interagimos. Eles que, no final das contas, são o coração do jogo. E os verdadeiros protagonistas. Oferecem diálogos muitas vezes interessantes, e habilidades únicas que podem nos ajudar a criar a rota de fuga para tentar sumir daquele país em crise.

Em relação a narrativa, as coisas acontecem de forma progressiva, e você se vê em meio a várias situações malucas. Pega carona com bandidos, se envolve com gente nefasta, ajuda a tacar foco em um cadáver, leva as pessoas ao extremo, e muitas outras atrações criativas que a história proporciona.

Road 96 oferece gráficos animados simples, mas bonitos. E o destaque maior fica para a trilha sonora, que é embalada por músicas indie, eletrônica ou rock. E ela pode ser encontrada ao longo da viagem em forma de fitas – escondidas em algum lugar ou compradas em um camelô.

Narrativa, personagens e ambientação interessante, mas não exatamente memorável

Tá, temos aqui alguns personagens legais e um estilo de jogo que se aproxima das loucuras de filmes road-movie. E também uma ambientação bem interessante focada em conflitos e na política de um país que vive um momento ruim. Com gráficos ok e uma trilha sonora excelente, é um jogo que pode oferecer algumas horas e diversão e levar você para momentos únicos e distintos de acordo com o que seleciona para seguir com a história.

No final das contas, porém, não se trata de um game realmente memorável, daqueles que você realmente vai se lembrar por muito tempo. É mais como se fosse uma aventura diferente, que você pode explorar e descobrir gradualmente do que se trata e o que tem a oferecer.

A proposta é que o jogo ofereça diferentes rumos à medida que você joga e faz suas escolhas. Infelizmente, no entanto, não é um jogo que prende tanto a ponto de ter aquela vontade de jogar novamente e ver no que dá seguir outras opções.

No mais, vale a pena conferir para apreciar o trabalho de Yoan Fanise, que sempre tem alguma coisa de real e fascinante.

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