A Blackdot, uma startup de Austin, Texas, está levando o universo da tatuagem para um novo patamar com uma máquina que mais parece um braço robótico movido por inteligência artificial, capaz de registrar desenhos complexos e precisos diretamente na pele. No estúdio Bang Bang Tattoo, em Nova York, o cenário foge do tradicional: nada de artistas inclinados sobre a pele com agulhas manuais, mas sim um equipamento que combina câmeras, laser e um sistema inteligente para mapear cada detalhe da superfície a ser tatuada. Um robô tatuador.
O processo começa com a escolha do desenho em um catálogo digital, criado por artistas que recebem comissão toda vez que sua arte é selecionada. A imagem é então convertida para um formato específico, e o robô assume o controle. Antes de começar o trabalho final, a máquina aplica minúsculos pontos de teste, menores que um fio de cabelo, que servem para coletar dados sobre o tipo e profundidade da pele, ajustando automaticamente a configuração ideal. A partir daí, constrói o desenho ponto a ponto, aspirando o excesso de tinta e fluidos durante o processo.
A grande vantagem da Blackdot está na velocidade e precisão. Enquanto tatuagens tradicionais podem levar horas, o robô consegue reduzir o tempo pela metade, além de provocar menos dor graças a perfurações mais rasas. No momento, a tecnologia é usada principalmente em áreas mais planas, como braços e pernas, mas a empresa já trabalha para expandir para regiões mais complexas, como peito e ombros.
Apesar do fascínio tecnológico, nem todos os tatuadores estão empolgados, muitos veem a novidade como uma ameaça que pode transformar a arte em algo padronizado. O CEO da Blackdot, Joel Pennington, garante que a intenção não é substituir artistas, mas complementar o trabalho deles, atendendo clientes que buscam desenhos simples ou têm receio do ambiente de estúdios tradicionais. Isso permitiria que os tatuadores focassem em trabalhos mais elaborados e personalizados.
O equipamento, que começou a ser desenvolvido em 2019, continua em evolução e já atrai um público curioso e pouco tolerante à dor. Os desenhos ficam salvos em nuvem, permitindo que qualquer máquina da Blackdot no mundo reproduza o mesmo trabalho, com possibilidade de exclusividade limitada a um número específico de reproduções.
Ainda restrita a tatuagens em tons de cinza, a tecnologia já dá um vislumbre de um futuro onde o ato de tatuar pode ser mais rápido, acessível e menos intimidador para iniciantes. Pennington compara o impacto potencial à invenção da imprensa: não eliminou os escribas, mas abriu novas possibilidades. Se o mundo da tatuagem vai abraçar de vez essa revolução, só o tempo dirá.
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