Está bem claro que a She-Hulk, interpretada por Tatiana Maslany, não deseja de forma alguma entrar nos Vingadores. Nem mesmo fazer parte da comunidade super-heroica da Marvel, que está em constante crescimento e com bastante personalidades. Porém, isso não evita a personagem de ser chamada quando o dever se torna inevitável.
No episódio quatro, vemos Jennifer encarar um novo caso que envolve o Mago Supremo das Artes Místicas. Ela mesma comenta, em seu início, que a participação de Wong é uma probabilidade maior de sucesso no Twitter por uma semana. E vamos ser sinceros, sua afirmação não está errada. Desta vez, ele quer processar o jovem mágico Donny Blaze – qualquer semelhança deste nome com outros é mera coincidência – por uso de magia de forma irresponsável em seus shows.
Combinando os pés no chão que vimos anteriormente com o universo mágico do estúdio, temos uma bela representação do que podemos esperar da heroína no futuro. Podemos não ter ela como uma das maiores estrelas, porém será impossível não contar com uma “Hulk” na Terra quando as coisas apertarem. Seja nesta dimensão ou em qualquer outra que apareça em nosso caminho.
O carisma de She-Hulk
De tudo o que vimos de She-Hulk até agora, este foi o capítulo mais despretensioso dessa temporada. Já chega do peso da transição de uma humana para o seu lado verde, de dúvidas ou de evolução da narrativa. Aqui vemos ela em ação em todas as instâncias: sua vida pessoal, profissional, no seu status da Marvel e até mesmo em suas amizades. A representação de seu caminho está mais clara e sólida: servirá para ajudar tanto dentro quanto fora dos tribunais.
Grande parte disso se deve ao carisma da atriz que vive o papel principal, que vamos combinar, está sendo bem divertido e empolgante de se assistir. Mesmo com o humor como base principal, ela transiciona entre a vida comum, as piadas e até a raiva habitual de forma fluída e completamente justificável em seu roteiro. Sem esta habilidade, já estaríamos completamente cansados dessa saga ainda que não tenhamos chegado na metade da temporada.
A participação de Wong serve para destacar isso, já que ele tem um lado mais sério que os demais, ainda que passe por situações inusitadas. Mesmo em Doutor Estranho ou Vingadores, ele é colocado em circunstâncias absurdas e mantém toda a compostura exigida pela sua posição. Aqui não é diferente, já que Donny Blaze resolve usar magia de verdade em seus shows e acaba enviando jovens mulheres para outras dimensões, obrigando-as a realizar pactos demoníacos e entre outras coisas complexas.
É neste momento que podemos ver o total potencial de She-Hulk neste universo. Levar Wong aos tribunais para defender a ideia de que usar seus poderes mágicos pode ser algo perigoso demais, é inacreditável a habilidade de tentar justificar isso em termos comuns do nosso dia-a-dia. O seriado não é sobre jogar essa personagem na loucura da Marvel Studios, mas sim trazer tudo isso para algo mais próximo do que vivemos. Não enxergar isso é estar vendo as coisas sobre uma ótica pela metade.
Onde mais podemos ver a discussão sobre responsabilidades, consequências e tudo o que aprendemos desde crianças e estas histórias ignoram por completo? Eu já exaltei Ms.Marvel por ser humana demais e representar bastante sua personalidade nessas tramas, mas Jennifer Walters está se saindo tão bem quanto a adolescente da série anterior. Se formos colocar em comparação, diria que até um pouco melhor.
Ação e humor
E se você gostou de ver a briga contra a Gangue da Demolição no episódio anterior, que de luta mesmo foi quase nulo, vai adorar a ação deste episódio. Assim como Donny acaba transportando pessoas para realidades diferentes, ele acaba trazendo coisas também contra as quais apenas alguém verde com super força pode acabar derrubando sem causar muitos estragos.
A She-Hulk demonstra total domínio das situações, por mais que algum dos lados esteja bagunçado. Até mesmo a sua crescente raiva é palpável. Afinal de contas, quem aceitaria ser transportado para outro lugar do país subitamente no meio de um encontro para encarar demônios interdimensionais? Sim, caros leitores, é pedir demais e odiar aquilo é justificável.
Apesar de que ainda não sabemos para onde tudo isso está se encaminhando, temos a clareza de perceber o quanto podem contar uma história sólida dentro do caos que tudo isso se tornou. A Fase 4 tem seus méritos, mas é inegável que a situação está uma bagunça só. Thanos e os Vingadores deixaram o planeta uma zona e coube aos novos personagens cuidarem disso tudo, o que distanciou um pouco o seu público.
O papel deles, agora, é organizar as coisas e se reaproximar. Jennifer Walters é um dos pilares disso e, com um pouco de graça e piadas sobre todas essas histórias, está conseguindo se manter e trazer conteúdo de qualidade. Seja por ação aqui, uma dança ali e até mesmo discussões pertinentes dentro da nossa realidade, ela vai ganhando o seu espaço e tenho certeza que será essencial para as próximas sagas que virão.
A série She-Hulk é exibida todas as quintas-feiras através da Disney+. Veja mais em Críticas de Séries!