Eu não consigo acreditar, mesmo após ver o episódio de She-Hulk, que finalmente algum roteirista conseguiu enviar um super-herói para uma “terapia”. Não me recordo exatamente onde ou quando, mas ainda no auge dos Vingadores no cinema eu li que todos teriam um pouco mais de paz e sossego se realmente pensassem em sua saúde mental e emoções.
Vamos combinar, Tony Stark construiu um robô assassino. Steve Rogers mal descansou desde que foi descongelado. Bruce Banner eu preciso mesmo dizer? Thor tinha uma família, no mínimo, problemática. Viúva Negra e Gavião Arqueiro também tinham seus próprios problemas. E os que vieram depois também tinham questões a lidar. Pantera Negra perdeu o pai e teve de herdar um reino através de combate, Doutor Estranho carrega um ego que poderia consumi-lo…enfim, vocês entenderam.
Ao enviar Jen para o retiro do Abominável, apenas para checar se ele tinha violado sua condicional foi a melhor sacada que eu nunca teria imaginado. Após um pequeno incidente no local, ela acaba presa por lá e se vê no meio de uma reunião um tanto esquisita de vilões que gostariam de se reabilitar para viver em sociedade. Podia ser a cena mais esquisita do mundo, mas não é que ela enxerga certo sentido nas coisas e decide dar um passo por si?
Reflexões de She-Hulk
Neste capítulo de She-Hulk, vemos ela caindo de amores por Josh. Sim, o rapaz que ela conhece no casamento de sua amiga e acaba se tornando um grande interesse romântico. Após alguns encontros, o rapaz desaparece do mapa, executando o famoso “ghosting”. Quem nunca, não é? Não comentarei sobre os desdobramentos disso aqui, porém ela fica fissurada em checar o celular para ver se suas mensagens foram respondidas.
Nem mesmo Nikki consegue botar razão na sua cabeça, entrando em um espiral de auto-destruição enquanto não vê a notificação aparecer no seu telefone. Vamos combinar, quem em sua sã consciência vai passar o sábado vendo um filme dos Muppets de noite? Bom, ao menos eu nunca entrei nessas em todas as decepções que vivi. Porém, ela não está no controle e ir até Emil Blonsky acaba sendo o programa de domingo. Afinal de contas, alguém tem de segurá-lo se a situação deslizar para um conflito.
Sendo bem sincero, eu acreditei ter visto em Esquadrão Suicida o grupo mais esquisito de vilões reunidos em uma obra. Só o Doninha ganha pontos por metade do esquadrão. Porém, Homem-Touro, El Aguila, o Porco-Espinho e os demais outros creio que se superaram. Todos tem algo para melhorar em suas personas e decidem seguir até o Abominável para um tratamento psicológico. É aí que She-Hulk entra, no meio destes seres bizarros e vendo que ela não estava fugindo muito da proposta quanto imaginava.
Em uma jornada de superação e reconhecimento do seu próprio valor, ela passa a dar pequenos passos para sair do turbilhão que se enfiou. Afinal de contas, não é uma heroína há tanto tempo. Seus poderes surgem quando sente raiva. Uma advogada que brigava por um pouco de lugar agora é o centro de todas as atenções. Fora os relacionamentos amorosos, que desde o início da série estão indo de mal a pior.
Além do que a vista pode enxergar
Apesar de ser um capítulo divertido, como os demais, ele não entrega nada que fuja muito do previsto e todo o processo se torna bem previsível. O que era para ser o grande plot twist também não surpreende tanto, mostrando que o poder do roteiro se reserva apenas para aprofundar as raízes daqueles personagens, não trazer algo que realmente cause um impacto nos espectadores.
Não estou reclamando muito disso, para ser bem sincero, porque prefiro ver este tipo de conteúdo do que torcer por uma virada brusca e me desapontar. Nem todos os filmes ou seriados da Marvel vão mostrar que a Hydra se infiltrou totalmente na S.H.I.E.L.D., por exemplo. E eu sei que essa é a crítica de muitos, termos o “nada acontece feijoada” dentro do enredo.
Porém, nem tudo também precisa ser uma grande jornada contra uma ameaça que está desejando o controle mundial com genialidade. Sei que teremos isso em Invasão Secreta, por exemplo. Ou em Homem-Formiga e Vespa: Quantumania. Não preciso cobrar isso em She-Hulk, primeiro por não ser a proposta da produção e segundo pela falta de necessidade de vermos algo assim neste momento.
Tenho a certeza que Kevin Feige planejou ela no fim da Fase 4 justamente para nos deixar relaxar um pouco desta megalomania toda criada. Multiverso, invasões alienígenas, deuses surgindo do núcleo da Terra, um assassino de divindades buscando a Eternidade e tudo mais pós-Thanos…vamos com mais calma, não é? É aí neste miolo que eu vejo a série se encaixando e está tudo bem.
Querem uma reclamação genuína? Odiei ver uma cena pós-créditos nos primeiros episódios e isso desaparecer por completo nos mais recentes. Nenhuma delas oferecia algo de fato, mas me divertia nelas e sua ausência está sendo sentida. Restando poucos capítulos para chegar ao fim, no entanto, devem retornar apenas no último. Uma pena, diga-se de passagem.
A série She-Hulk é exibida todas as quintas-feiras através da Disney+. Veja mais em Críticas de Séries!