Caros leitores, vou ser bem sincero com vocês em relação à série She-Hulk: eu realmente não esperava que fosse boa. Não digo isso pelo CGI mal-feito que tanto foi falado nos trailers ou no fato de estarem se apoiando em outro dos Vingadores, como vimos em Gavião Arqueiro. Falei em conversas particulares e repito aqui que estava muito apreensivo em ver uma “sitcom do MCU”. Óbvio que ela era a melhor personagem da Marvel para se fazer isso, mas não tinha confiança de que executariam bem.
Para a minha surpresa, não só executam como elevam um pouco mais a minha expectativa do que esperar daqui em diante. Os 30 minutos do episódio 2 não voaram, eles simplesmente me atropelaram e quando encerrou eu mal acreditei. Não que houve um mega plot twist ou revelaram algo importante demais para as próximas produções, muito longe disso na verdade. É que você mal sente o tempo passar, tamanha é a leveza que ele te passa.
Parte disso é pela colossal atuação de Tatiana Maslany, vamos combinar. Ela não te convence apenas como a super-heroína, mas também como Jennifer Walters e isso pega os expectadores de várias maneiras possíveis. Qualquer um compra fácil o seu papel de filha, advogada, super-heroína ou outra posição que ela se encontre pelas nuances delicadas que o seriado exige. Aí onde isso chega? Você assistindo e acompanhando sem ter a menor noção de onde está indo o tempo e se lamentando ao final por não ter mais uns cinco minutinhos ali de tela para continuar.
She-Hulk segue o seu próprio caminho
Eu acredito fielmente que um dos maiores argumentos de She-Hulk e que se provou a melhor opção é deixar de lado a fórmula de “grande filme dividido em x partes”. Você sente o corte do primeiro para o segundo capítulo. Tenho certeza que o terceiro terá um clima próprio também. A história está amarrada, antes que comece a se preocupar. Porém, cada um terá o seu plot principal e isso também ajuda bastante e aliviar o peso de quem está assistindo.
Inclusive, adorei o fato de terem largado de mão a história de origem. Ela já foi contada, temos uma mulher verde nos tribunais e é nisso que vão focar agora. Aceitando ou não, é aí que o episódio nos convence de suas diferenças das demais que assistimos. Não é como Ms.Marvel ou Falcão e o Soldado Invernal que temos toda uma preparação do início ao fim para contar o começo da saga heroica deles. Inclusive, a heroína nem quer esse manto para si.
Tudo isso combinado dão uma nova pretensão para o conteúdo e te fará desarmar um pouco de tudo que eles quiserem te enfiar goela abaixo até agora. Não temos que nos preocupar com o próximo grande lance ou se ela trará algo mega relevante para os próximos passos da Marvel Studios. Sim, há uma conexão, mas está um pouco mais “contida” em relação aos demais conteúdos. Acredito que nem mesmo a tão esperada participação do Demolidor desequilibrará este fator. Calma: ele ainda não apareceu neste, porém todos sabemos que eventualmente ele virá pelos trailers.
Aqui encontramos Jen após revelar que se transforma na She-Hulk, nome que odiou logo de cara, desempregada e sem saber o que fazer da sua vida. Uma proposta surge e ela tem que avaliar se isso funcionará dentro de sua própria vida e carreira ou se continua tentando algo por fora que, vamos ser sinceros, não estava funcionando de forma alguma. Para isso, ela tem de aceitar um caso delicadíssimo: representar o Abominável, o homem que tentou matar o próprio Hulk.
Voltando a comparar com outras produções, achei que a adaptação se assemelha muito à delicadeza que vi em Ms.Marvel por exemplo. Em termos de contar a história do ponto de vista da personagem, trazer ela para um pouco mais próximo da nossa realidade e mostrar seus principais dilemas de forma tão clara. Jennifer é apenas uma advogada, que sofreu para pegar seu diploma e conseguir o seu espaço, que viu sua vida ser bagunçada por uma forma verde que ela não escolheu carregar. Inclusive ela pondera se devia deixar as pessoas serem mortas por aí só para manter o status quo. Não é o que um herói faria, mas tenho certeza que todos se questionariam da mesma forma na posição que está.
Vamos aproveitar enquanto está bom
Devo admitir que fiquei um pouco chateado com a velocidade que o episódio 2 me absorveu e depois me deixou. Isso não é algo ruim, longe disso, mas está aí uma produção que podia ter carregado um pouco mais de tempo de tela que eu não reclamaria. Muito melhor do que certos seriados que têm quase 1 hora de conteúdo e você sente que estão arrastando ao máximo com cenas longas de forma proposital. Porém, devemos aceitar aquilo que nos é oferecido em uma forma boa, certo?
Vale lembrar que She-Hulk terá mais episódios que o costumeiro pacote de seis que o MCU trabalha, então por bem ou por mal, não será algo tão desvantajoso assim. Estou ansioso para ver quais serão as próximas aventuras da advogada e, sinto muito aos fãs, mas nem quero vê-la na posição de super-heroína tão cedo assim. Vai me incomodar, tenho certeza, ver isso tudo como uma preparação da personagem para um próximo Vingadores, A-Force, Quarteto Fantástico ou qualquer coisa que desejem enfiar ela no futuro.
Mantê-la como uma advogada, fazendo as suas atribuições como estamos vendo e se destacando por ser quem é realmente seria algo admirável da parte da Marvel de permitir. Acredito que será isso que ocorrerá? Claro que não, ninguém é inocente aqui. O primeiro episódio joga uma nave alienígena na frente do carro dela e temos um pequeno indício do que isso significa neste segundo, logo há uma ameaça pairando e provavelmente ela que terá de resolver. Até imagino a reação da personagem quando isso cair sobre seus ombros.
Como falei acima, preferia mil vezes não apelarem para todo o processo heroico e deixassem ela apenas transitar dentro do MCU como uma excelente figura que segue seu próprio caminho. Abriria muitas brechas para vermos produções semelhantes no futuro e deixaria as coisas um pouco mais leves para quem esteve acompanhando toda essa saga por tanto tempo. Nem tudo precisa ser sobre aliens, multiverso ou coisas do gênero. Bom, vamos ver onde isso vai parar, não é?
A série She-Hulk é exibida todas as quintas-feiras através da Disney+. Veja mais em Críticas de Séries!