Depois de 3 anos de espera, finalmente um dos projetos mais aguardados por mim foi lançado. Silent Hill F. Felizmente minhas expectativas conseguiram ser superadas em praticamente todos os aspectos do jogo.
Te convido a analisar comigo o lançamento mais recente da franquia Silent Hill. Suas ousadas decisões e seu lugar numa franquia tão querida.
Uma nova equipe se aventura na névoa
Desde que o time original que criou a franquia foi fragmentado. A produção dos títulos passou na mão de diversos estúdios que ao meu ver, entregaram títulos sólidos que tinham seus momentos de brilho, principalmente considerando as condições da produção.
Silent Hill F, assim como o remake do segundo jogo, mantém essa “tradição” de novos estúdios deixarem sua marca na saga. Dessa vez oferecendo total liberdade aos envolvidos, que por sua vez, são renomados no gênero das visual novels.
Ryukishi07, conhecido por Umineko e Higurashi, escreve o roteiro e simplesmente toda a experiência é voltada para a trama que montou. Se a história exige mudanças consideráveis, isto reverbera na jogabilidade sem medo algum.
Ambientado numa vila isolada no Japão na década de 60, acompanhamos a jovem Hinako, que se encontra no meio de um cenário extremamente desconcertante devido as suas crenças e personalidade.
Realmente é complicado falar muito da história deste game sem revelar pontos importantes da história. A narrativa constantemente está agregando a este mundo, principalmente em seus documentos (Como de costume) criando passado e muita vida aos habitantes, costumes e locais da vila de Ebisugaoka.
A versatilidade de Akira Yamaoka na trilha sonora ficou clara aqui, apresentando temas distintos de tudo que fez anteriormente, mesmo em um cenário similar ao passado. Acompanhado de Xaki e Dai (Conhecidos pelo seu trabalho na 7th Expansion) a música é o que faz essa cidade e personagens respirarem.
Com um time tão experiente em valorizar cenários e cenas com suas composições, era praticamente impossível não ser marcante.
Se destacando entre os gigantes
Enquanto jogava, notei o por que de muitas das sequências não conseguirem marcar muito no coração dos fãs. Já conhecíamos aquela cidade, as ruas, prédios e a lore por trás. Enquanto Resident Evil não se prendeu apenas a Raccoon City por exemplo, Silent Hill parecia congelado no tempo.
Até mesmo em títulos que tentavam inovar, a aposta ficava por conta da qualidade dos novos personagens e monstros que cada vez menos cativava os jogadores.
F trouxe uma criação de mundo tão competente quanto o primeiro e terceiro jogo da série. Se conectando aos jogos anteriores com a temática, e interessantes vínculos através de alguns documentos. Tudo isso enquanto apresenta uma nova mitologia aos jogadores e dessa forma a tradição de novos personagens e monstros foi até melhor valorizada, o sentimento de descoberta ficou comigo do inicio ao fim.
A jogabilidade e combate vingaram?
Confesso que demorei para me ajustar a movimentação e timing de ataques de Hinako, tendo jogado no difícil a primeira vez, me frustrava em muitos combates até realmente pegar o jeito e entender o sistema do jogo e posicionamento da câmera.
Cada ação de Hinako possuí quase um estilo de jogo próprio para ser usado. Focando apenas em contra ataques usando sua barra de foco para atordoar, esquivas perfeitas para recuperar seu vigor ao máximo e claro, simplesmente fugir.
Os itens são pontos chaves no comportamento do jogador, não só recuperando vida, mas também oferecendo vigor infinito por certo tempo, ou utilizar a barra de foco sem a consumir. Vantagens equipáveis também dão as caras, fornecendo melhorias passivas e até mesmo golpes únicos.
A Neobards criou um sistema simples, porém divertido de se brincar e montar seu estilo de jogo, especialmente para o NG+. Não gosta (ou não lembra) de usar itens em boss fights e confrontos mais intensos? Ofereça em santuários para receber fé e aprimorar sua vida máxima ou sorteie para receber uma vantagem aleatória. Mesmo não apresentando armas de fogo como na maioria dos jogos da franquia, o corpo a corpo está mais do que completo.
Apenas em alguns segmentos, com inimigos implacáveis, fugir não é muito viável e um caos pode surgir em sua tela com meia dúzia de monstros te travando em algum canto ou impedindo de abrir uma porta de uma forma que não parece muito bem revisada por parte da equipe. E ainda existe a performance irregular, com stutters quase que frequentes, arranhando a experiência.
New Game + sempre foi um fator importante para o melhor aproveitamento da história e diferentes dificuldades dessa saga. Silent Hill F com certeza é o jogo onde isto é mais necessário. Com personagens que só possuem backgrounds contados em uma terceira ou quarta jogada por exemplo.
Isto certamente vai cansar parte do público, mas um certo cuidado também se mostra aqui. Com alguns segmentos encurtados por já sabermos solução de alguns enigmas, trechos removidos para adiantar a experiência e sempre que tentar pular uma cena inédita, o jogo vai te avisar que aquele conteúdo é novo.
Sua evolução na jogabilidade também continua, mais espaços para vantagens, aprimoramentos em sua vida, vigor, sanidade e os conteúdos do diário da Hinako. Tudo carregando entre as jogadas.
Conclusão
Fiquei extremamente satisfeito com minhas 40 horas em Ebisugaoka. O fator autoral de Ryukishi07 com seus artistas e compositores não só fazem a identidade do jogo se destacar dentro da própria franquia, mas de survival horror modernos no geral.
A “necessidade” de zerar múltiplas vezes para um entendimento completo da história vai incomodar até mesmo fãs de longa data e pode gerar algumas confusões dentre as interpretações sobre assuntos que na verdade possuem resposta.
Mas o jogo me entreteve entre todas suas zeradas com seu game design astuto, entregando um dos jogos de terror mais completos que pude jogar.
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Nota final: 5/5
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