O clássico DOOM (1993) já rodou em calculadoras, testes de gravidez, smartwatches e até em geladeiras. Mas agora o game encontrou mais um dispositivo improvável para sua lista: a Anker Prime Charging Station, uma estação de carregamento que, teoricamente, só deveria servir para dar energia aos seus gadgets.
Quem conseguiu o feito foi o hacker e entusiasta Aaron Christophel, que descobriu que a estação tinha muito mais poder escondido do que parecia. O aparelho conta com várias portas, uma telinha LCD de 200×480 pixels, além de Bluetooth Low Energy e Wi-Fi. Por baixo do capô, ele encontrou um setup curioso: um ESP32-C3, usado para a conectividade, e um chip Synwit SWM341RET7, rodando a 150 MHz com arquitetura ARMv8-M. Esse último, pouco documentado e conhecido quase só em fóruns chineses, traz 16 MB de memória flash e 8 MB de RAM externos, um verdadeiro luxo para um dispositivo desse tipo.
Foi justamente nesse chip que Christophel conseguiu instalar DOOM. Ele usou o cabeçalho de debug do aparelho para carregar um firmware customizado, reescreveu partes do código do game para se adaptar à arquitetura ARMv8-M e mapeou a memória de forma que os arquivos do jogo coubessem perfeitamente. Em tela cheia o desempenho engasgava, mas com uma resolução levemente reduzida, o jogo rodava de forma surpreendentemente estável.
Claro, a estação de carregamento não foi feita para ser um console. Sem botões, sem joystick, a experiência de jogar DOOM ali exigiu improviso. O único controle disponível era um botão rotativo, um encoder que gira e também pode ser pressionado. Com criatividade, Christophel mapeou as ações básicas: pressionar para atirar ou abrir portas, girar para andar, e girar com clique para se mover lateralmente. É tosco, mas funcional.
No fim, a façanha não é sobre jogar DOOM de forma confortável, mas sim provar que o game continua sendo um benchmark universal da criatividade hacker. Mais de 30 anos depois, DOOM segue firme, rodando em qualquer lugar, inclusive na sua estação de carregar celular.
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