Sonic Racing: CrossWorlds é uma síntese agressiva de tudo o que a série experimentou no asfalto. Desenvolvido pela Sonic Team, a nova proposta busca oferecer um jogo de corrida no estilo arcade e de alta velocidade, com pistas que se reconfiguram e uma progressão que incentiva experimentar veículos, dispositivos e itens a cada campeonato. O diferencial vem dos Rings de Travessia, portais gigantes que, na segunda volta, transportam o grid para uma dimensão alternativa, daí os CrossWorlds do título, antes de retornar ao trajeto original para a volta final.
Essa ruptura planejada torna cada prova imprevisível, quebra o piloto automático e cria decisões em tempo real, sobretudo para quem lidera e escolhe o portal. O jogo chega com muito conteúdo, oferecendo 24 pistas principais, 15 CrossWorlds, 23 personagens, com o maior elenco da franquia, 45 veículos e 70 dispositivos para personalizar sua build, além de 23 itens que mantêm o caos controlado em disputas locais e online com até 12 jogadores.

Com o lançamento de Sonic Racing: CrossWorlds é inevitável as comparações com Mario Kart, ainda mais com o lançamento recente do Switch 2. Em termos de leitura de pista, ritmo e legibilidade visual, o jogo da SEGA finalmente conversa de igual para igual com seu principal concorrente, mas de uma maneira indireta. Nos pontos em que Mario Kart aposta na consistência de trajetos e minijogos para oxigenar a experiência, Sonic abraça a metamorfose, em que a corrida muda de cenário e condição no meio do caminho, com elementos que alteram rotas e atalhos na volta decisiva. No lugar do ecossistema de batalhas, o foco é corrida em suas variações, além de buscar o metagame de montagem com veículos e gadgets.
Corrida com viagem no tempo e espaço
Em Sonic Racing: CrossWorlds, o loop de jogo é simples e profundo ao mesmo tempo. Drifts longos recompensam com boosts, truques no ar encadeiam acelerações, anéis modulam a velocidade máxima e o posicionamento para coletar cápsulas e dispositivos vira uma disputa a parte entre as curvas. O pulso das provas muda ao atravessar os anéis, fazendo com que o ritmo, obstáculos e leituras mudem, mas sem perder a fluidez das três voltas. O jogo também escala a intensidade, com a volta final abrindo novas rotas, ampliando risco e recompensa, e acelerando a trilha, criando um clímax reconhecível dos jogos competitivos.

Durante a corrida frenética, Sonic Racing: CrossWorlds oferece mecânica dos Rings de Travessia e CrossWorlds com duas opções de portal, que surgem após a primeira volta. A escolha conduz para um dos 15 mundos na segunda volta, antes do retorno ao circuito base na terceira. Além da mudança de cenário, a pista sofre ajustes na volta final, abrindo atalhos e alterando elementos.
A graça está em encontrar o seu ponto de equilíbrio entre velocidade, aceleração, potência e manuseio dentro de uma garagem que incentiva a experimentação. Personagens e máquinas não ficam engessados, pois a árvore de dispositivos altera a identidade do seu veículo e como você percebe a evolução de cada pista. Afinal, além dos 45 veículos originais, você poderá combiná-los com 70 dispositivos diferentes que funcionam como perks e que puxam anéis ao longe, aceleram truques, priorizam itens, mitigam impactos e assim por diante.

Tudo isso com foco no competitivo online, com partidas para até 12 e progressão de classificação, reforça a sensação dessa necessidade de buscar e treinar uma composição de build, para refinar suas estratégias e jogabilidade. No entanto, para quem não curte o formato online, Sonic Racing: CrossWorlds oferece opções robustas no formato single-player ou multiplayer local como, por exemplo, o Grand Prix, que oferece sete copas com quatro corridas cada, e o Parque de Corrida, um party-mode local e online que altera regras e equipes em diferentes formatos, priorizando objetivos e jogo em time.
Velocidade e caos controlado
Impressiona a maneira como Sonic Racing: CrossWorlds se compromete em comunicar velocidade e legibilidade mesmo quando a pista muda de dimensão. Cores saturadas, leitura de pista visível em alta velocidade e silhuetas fortes dos personagens mantêm a HUD padrão dos jogos de corrida. Enquanto a diversidade de biomas, terra, mar, céu e espaço, consegue criar identidade para cada pista e ajuda a ensinar regras visuais novas quando se atravessa o portal, sem se apoiar em muita informação.

Se a direção de arte brilha ao buscar o carisma e a explosão de cores, a trilha sonora alterna remixes e faixas inéditas com ênfase na escalada de intensidade por volta, o que conversa com o design de corrida que clama por clímax na terceira passagem. Esse efeito acompanha a sensação de velocidade com a música, reforçando o caráter arcade da experiência.
Infelizmente a curva de aprendizado de Sonic Racing pode punir os iniciantes que ainda estão acostumados com a leitura das pistas, já que a mudança de cenário no meio da prova é excelente para variedade, mas pode gerar muita confusão. O balanceamento de itens e dispositivos causa muita liberdade e as partidas online podem oscilar, causando muitas frustrações, fazendo com que a dependência do online para longevidade do jogo crie um degrau para quem prefere partidas mais casuais.

Conclusão
Esse novo jogo da SEGA consegue reposicionar a série ao trocar a cooperatividade de Team Sonic Racing pelo shift dimensional dos CrossWorlds. Em vez de transformar veículos contextualmente a cada trecho, o design aposta em portais que reconstroem o segundo terço da corrida, preservando a identidade de cada circuito e usando a terceira volta como catarse com rotas novas e maior intensidade.

Sonic Racing: CrossWorlds consegue encontrar a própria voz ao transformar a volta do meio em portal para outra corrida, sem perder a cadência do arcade clássico. O resultado é um jogo de corrida veloz, legível e surpreendente, com o uso da garagem de maneira estratégico e que recompensa estudo e experimentação. Mesmo que ainda falte a variedade de modos no estilo party games, que consolidou o padrão do gênero, a coragem de remodelar o ritmo de cada prova garante uma identidade única.
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Nota final: 4/5
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