Aparentemente a Paramount decidiu engatar toda a trama apresentada até aqui em Star Trek: Strange New Worlds e ceder um desenvolvimento maior para cada um dos arcos mostrados durante a temporada. Ainda que o episódio tenha sido focado em Uhura e em seus dilemas junto ao mistério apresentado pela narrativa, a conclusão é que ele sintetiza completamente tudo o que nos faz amar a franquia – e porquê ela deve permanecer em exibição.
A trama é bem simples, nos é apresentado um panorama de alucinação – onde a jovem cadete começa a ver diversos momentos da sua vida e até mesmo a presença de Hammer como um “zumbi” atrás dela dentro da nave. Porém, as coisas começam a ficarem complicadas conforme avançamos – já que ela não foi a única a ter uma visão distinta da realidade.
Enquanto a acompanhamos, podemos também perceber um certo avanço nas histórias dos demais. Spock e a enfermeira Chapel tem um diálogo muito brilhante sobre “nomear” o seu relacionamento, assim como também temos o retorno de Paul Wesley como James T. Kirk para ajudar os demais personagens – assim como ter mais diálogos com La’An.
Se aproximando de Star Trek
É perceptível que este novo capítulo de Star Trek foi produzido para seguir em frente com todos os elementos que estão entre nós desde a primeira temporada. Ainda que seja mantido o formato, focando no desenvolvimento de apenas um dos personagens, fica bem claro que eles perceberam que não dava mais para manter tudo isolado e em algum momento teriam de preencher essa lacuna.
Porém, vale notar que ele é um grande aceno ao futuro da franquia – onde Kirk, Spock e Uhura se reunirão na mesma nave para seguir novas viagens e explorar o desconhecido. As citações e fanservice são muito bem-feitos, arquitetando perfeitamente a união destes personagens no futuro. Sendo bem honesto, eu sinceramente espero que mantenham os três atores até lá, pois juntos eles brilham muito.
E não são apenas eles que merecem um destaque por aqui. As discussões entre Una e Pelia também mostram um grande truque do roteiro em trazer debates inteligentes para eventos habituais. Eu mesmo não suspeitava que havia uma certa distância entre elas desde o princípio e isso é inserido como um conflito de ideais que chegou para questionar ainda mais a posição delas dentro da Enterprise. Acredito que isso tenha fortalecido ainda mais cada uma, trazendo mais nuances.
Outro ponto que eu realmente gostei foi o conflito entre La’An e Kirk em Star Trek: Strange New Worlds. Ela não pode falar sobre o que ocorreu no terceiro episódio, evitando o oficial – porém, sem muito sucesso nesta tarefa. Confesso que torci por mais interações entre os dois, mas os poucos momentos que recebi já me satisfez como espectador. Se nada te convencer, pense em vê-la com vergonha e tímida para curtir ainda mais o momento.
Ouso dizer que a equipe insere Kirk para trazer ainda mais conflitos e mover a história adiante como franquia. O debate com o seu irmão, que finalmente teve mais do que poucas cenas em tela ou servir apenas como alívio cômico, foi também construído de forma interessante e mostra que nenhum deles é tão perfeito quanto as aparências tentam mostrar. Este impacto, como visto também em Una e Pelia, aproveita a sua chance de preencher ambos com camadas que os tornam ainda mais intrigantes.
Um novo caminho
Uma das minhas maiores reclamações quanto a este episódio, como eu vi também em alguns outros, foi a longa duração que o episódio carrega. Em uma das sequências isso é mais perceptível, como a caminhada extensa de Uhura e Kirk nos corredores, indo atrás de um alvo dentro da nave. Se aquele momento fosse cortado pela metade – assim como alguns outros, não tão arrastados assim – teria aproveitado melhor o ritmo divertido que estava sendo trazido.
Não é a primeira vez que reparo nisso durante a segunda temporada de Star Trek: Strange New Worlds. Sei que cada capítulo traz uma direção distinta e isso varia com a proposta de cada profissional, no entanto não era algo que eu tinha de negativo durante o primeiro ano. As sequências pareciam mais fluídas e não era impactado pelos cortes e longevidade. Agora parece que estão se prolongando em determinados momentos em prol de algo que nem sempre é entregue como deveria.
Isso não torna a série em uma produção ruim, não me entendam errado. Eu apenas acredito que o editor poderia tomar menos do nosso tempo e entregar o mesmo resultado – dependendo do ritmo, às vezes até em algo melhor. Eles acertaram no elenco, nos roteiros, o investimento em efeitos visuais não desaponta em nada e também temos uma química entre todos que faz tudo funcionar de forma linda. Não acho justo perderem um pouco da mão justamente nos aspectos técnicos.
Não sei como a série seguirá para o seu fim daqui, mas acredito que finalmente estamos a caminho de uma sequência de eventos que darão continuidade aos elementos apresentados desde o início da temporada. Preparando o terreno para o grand finale e para o futuro da franquia, sinto que estamos mais próximos de enxergar a grande ameaça que Pike e os demais membros de sua tripulação enfrentarão para evitar o futuro visto em suas previsões.
Star Trek: Strange New Worlds está sendo exibida todas as quintas-feiras na Paramount+. Veja mais em Críticas de Séries!
O estranho é o Capitão evacuar e destruir uma valiosa refinaria só baseado em palavras da cadete sem provas nenhuma! Deviam confiar em alguém com delírios? no minimo isso causaria um problemão para o nosso capitão cozinheiro!