Stardew Valley não é só um game. E seu sucesso não vem apenas da simplicidade e facilidade em jogar. É uma ferramenta de relaxamento e treinamento cerebral – o que inclui noções de organização, espaço, disciplina e até relações interpessoais.
Tudo começa quando você recebe uma carta do avô, com orientações e um pedido para que você fique responsável pela sua fazenda. Um rancho envolto de um belo lugar nas proximidades de um simpático vilarejo.
Ao aceitar a proposta e deixar a vida monótona de um trabalhador de grande empresa na cidade grande, seu personagem embarca em uma aventura que consiste em se tornar um exímio fazendeiro.
Um Harvest Moon turbinado
A experiência lembra muito os games da série Harvest Moon, em especial Back to Nature (do PlayStation 1) e a versão para Nintendo 64 – a qual inclusive dediquei centenas de horas quando era moleque.
Diferente da série da Atlus, este game criado por um único cara conhecido como Eric “ConcernedApe” Barone, traz muito mais opções do que o seu antecessor espiritual. A começar pelas opções de customização do personagem: Dá para escolher tipo e cor de cabelo, barba, roupas, animal preferido e até com quem você vai se casar (independente de gêneros).
O personagem portanto traça uma rotina diária dedicada ao trabalho de restauração e florescimento do local, e precisa não só limpar todo o terreno, mas também se organizar em relação aos custos.
Quanto vale uma semente? Em quanto tempo elas germinarão e darão frutos? Quanto de energia e tempo se dedicar a cada oportunidade?
São perguntas que vão surgindo na cabeça, que nos obrigam a organizar a rotina para finalmente obter sucesso na jornada.
Há diferentes opções de ações para se fazer em Stardew Valley. É possível minerar, cortar árvores, pescar, plantar, colher, paquerar, explorar, coletar itens para fabricar máquinas, acessórios, cozinhar, fazer artesanato, andar de cavalo, matar monstros, participar de festas e assim por diante.
Cada jogador escolhe suas prioridades. Focar na criação de animais e produzir derivados como queijo, leite, ou apenas plantar e colher frutos e vegetais? Ser um minerador que descobre pedras preciosas ou um exímio pescador?
Todas essas opções e ações trazem uma necessidade de organização. E uma vez que você atinge seus objetivos e “faz do seu jeito”, o Efeito Zeigarnik age. Trata-se de uma ação cerebral característica de nós, humanos, que faz a gente querer continuar por não ter concluído uma tarefa.
É a mesma força que nos leva a fazer maratonas de seriados, ou que nos prendem a determinados jogos.
Stardew Valley é praticamente uma experiência magnética.
Satisfação orgânica
O game oferece um sistema de recompensa efetivo e rápido. Ao colher, produzir, minerar e vender esses itens, concluir missões ou objetivos, as recompensas são instantâneas e instigantes. Fazem com que a gente queira investir mais e com isso produzir mais.
São tantas opções que o game acaba se tornando praticamente infinito, dependendo da “ambição” de cada jogador.
Para se ter uma ideia, existe dungeons (como as cavernas de mineração) com nada menos do que 120 andares para explorar e coletar itens.
Exercer essas funções em um ambiente amigável e colorido, como é apresentado visualmente Stardew Valley, é um processo extremamente relaxante. É como se pudéssemos encarnar os anseios e a “vida boa” do personagem. Que tem de preocupação apenas se seus animais e vegetais estão saudáveis, e que se dedica apenas às pequenas coisas da vida e pessoas que importam.
Um game leve, ingênuo e fabuloso. Não há morte, sangue, explosões ou violência, tampouco grandes preocupações sobre “o mundo acabar”, cunhos filosóficos ou catástrofes. Trata-se de uma jornada de paz, onde o único objetivo é estabelecer uma boa vida para o personagem. O que, de quebra, traz uma ~boa vida~ para quem joga.
Claro que há alguns pontos negativos na experiência, como o fato de o personagem se mover um pouco devagar e não existir viagem rápida. Melhora um pouco se você tiver o cavalo, mas depois de mais de 30 horas jogando e passando pelos mesmos caminhos, esses trechos ficam um tanto enjoativos.
Em suma, é tudo o que qualquer admirador de um bom RPG retrô ou fã de Harvest Moon poderia querer, especialmente depois de tantos anos de hiato sem jogos bons do gênero.
Daqueles que você joga e nem vê o tempo passar. Dias, noites, imerso em um ambiente simples e agradável.
Não é à toa que em dois meses após o lançamento já havia vendido mais de um milhão de unidades. Barone pode até ser comparado ao Notch (criador do Minecraft), levando em conta que ele criou o jogo sozinho.
Para quem quiser se aprofundar, ter mais dicas e informações sobre atualizações, pode acessar o site oficial ou a Wikipédia do Stardew Valley.
Por enquanto só está disponível para PC, no Steam. Em breve, ganha versões para PlayStation 4, Xbox One e Wii U.
Trailer
Stardew Valley
- Desenvolvedora: ConvernedApe
- Editora: Chucklefish Games
- Plataformas: PC e em breve para PS4/XONE/WiiU
- Gênero: RPG
- Data de Lançamento: 26/02/2016