Demorou exatamente três temporadas e dois episódios para The Mandalorian, um seriado sobre um mandaloriano e seu pequeno aprendiz, finalmente chegarem até o planeta Mandalore. Poderia criticar este fator, dizendo que foi uma espera bem demorada, considerando o nome da série e o tipo de enredo que trouxeram durante este tempo. Porém, ao assistir, a única resposta é oferecida pelo próprio Din Djarin. “Este é o caminho”.

Nos levou tudo isso para impactar, mostrar que todos aqueles que vimos e o futuro conflito que envolverá o Sabre Negro é em cima de um planeta completamente em ruínas. Algo que não está tão acabado quanto as lendas diziam, mas que esconde alguns segredos dentro de si capaz de abalarem a Força de qualquer um que conheceu sua história ou ousa visitá-lo.

Além de vermos tudo isso de forma inédita, também compreendemos melhor a doutrina qual estes personagens estão inseridos. Grogu está dando os seus primeiros passos dentro dela. Din Djarin está “preso” nela, tão dependente de sua fé que seria capaz de morrer buscando sua tão esperada redenção. Além de ambos, também vemos a relação de Bo Katan com uma religião e um planeta que um dia foram seus. E apesar do resultado ficar para o próximo episódio, nos mostra muito do que este arco deseja nos mostrar.

Mandalore é o grande destaque deste episódio

A fé dentro de The Mandalorian

Se o segundo episódio da Temporada 3 de The Mandalorian tem algum problema, este é que há um fim. Finalmente mostrarem mais de Mandalore, as ruínas e as coisas que ainda “vivem” por lá se provou um conteúdo tão interessante e intrigante que eu assistiria até um filme sobre isso numa manhã cedo de quarta-feira. É um daqueles que eu não reclamaria de ter mais do que 1h ou fosse até um capítulo duplo para mostrar tudo que precisavam de uma vez só.

No entanto, somos deixados no meio de algo e isso vai me atormentar até a próxima semana. Isso é ruim? Nem um pouco, principalmente porque apenas The Last of Us me deixou intrigado assim. E ainda que siga desta forma, é impressionante ver o carinho e cuidado que tomaram ao contar esta história. Nada ali é por acaso, nem mesmo o tempo de tela que passamos sem o próprio protagonista. Se as temporadas no passado tinham o problema de não parecerem levar a lugar algum, essa já se digna a nos dizer o contrário. Tem sim um caminho se formando e uma evolução direta dos personagens ao redor.

Din Djarin deseja chegar até as Águas Vivas, um poço dentro de Mandalore onde ele poderá se redimir do pecado de ter mostrado o seu rosto. O grande problema é que, para chegar lá, ele precisará sobreviver ao que se esconde no planeta que foi considerado “vazio”. Até mesmo Bo Katan se vê envolvida nesta trama, visitando um lar que não via desde o grande Purgo. Para mim, uma das minhas cenas favoritas da série foi o instante que discutem como a tal doutrina os afetou.

A fé que guia Din Djarin pode se tornar um dos pilares

Pela primeira vez em The Mandalorian essa linha de pensamento foi discutida e pudemos compreender melhor a forma como a doutrina influenciou seus caminhos. Inclusive, há um momento onde vemos uma lenda aparecendo bem na frente de ambos que mexeu bastante comigo. Imagine ter a prova viva de algo que você foi dito para acreditar, mas por razões de dureza da vida foi inserido como “ficção” ou uma “história para crianças”. É algo diferente e que faz você repensar suas questões de fé…tudo precisa ser mesmo provado ou podemos crer em coisas que talvez nunca sejam demonstradas? Fica aí o questionamento.

Fora tudo isso, acompanhamos mais uma vez uma prova de fogo que Grogu tem de passar para sobreviver. É bem importante vermos a evolução do pequeno, que antes até ajudava Din Djarin em suas missões para viver as suas próprias aventuras a partir de agora. O treinamento com Luke Skywalker foi muito importante, no entanto ele demonstrar o que está aprendendo também com seu atual “mestre” é algo bacana e muito bonito de assistir. Quero que mostrem muito mais disso no futuro, de verdade.

Grogu tenta sobreviver longe do Mandaloriano

Mistura entre nostalgia e o futuro da franquia

Outro ponto que me agradou bastante foi ter visto que as corridas de Pod Racers continuam acontecendo em Tatooine. Particularmente falando, esta é uma de minhas sequências favoritas da trilogia prequel de Star Wars e saber que nem mesmo a ascensão e queda de Darth Vader e do Império impediram o povo do deserto de se divertir com elas é algo muito bacana. Pode ter sido algo breve, mas vê-las de relance e logo em seguida vir uma chuva de fogos de artifício foi um belo toque na nostalgia.

Seguindo daquilo que vimos no episódio anterior, parece que há algo muito maior sendo contado aqui e que poderá abalar a franquia inteira. The Mandalorian pode ser uma série sobre o retorno de um povo há tempos perdido. Ou até mesmo outra queda da classe, tornando o destino deles tão fadado ao fim quanto os Jedi. É algo que saberemos apenas nos próximos capítulos. Ainda assim, é um conteúdo que está me empolgando ainda mais do que a trama criada para os arcos anteriores.

Com este aprofundamento, quem sabe não teremos uma resposta para a direção qual Star Wars vá daqui em diante? Eu pagaria sem pensar duas vezes os ingressos de cinema por uma trilogia mostrando Grogu no período pós-A Ascensão Skywalker como o “atual Mandaloriano” – dividindo isso com a sua afinidade com a Força. Não se prendam a isso, caros leitores, já que é apenas um sonho meu depois de ver o protagonista ensinando “o caminho” para o pequenino.

As ameaças vivas em Mandalore indicam que o planeta não está tão acabado assim

Porém, o que está claro é que Dave Filoni será o responsável por mover todo este conteúdo em frente. Ainda não está oficialmente divulgado qual será o próximo grande passo e o que eles desejam construir com as produções atuais, mas o envolvimento do profissional em múltiplos projetos e no crescimento da qualidade da linha é algo a ser pensado.

De qualquer modo, as coisas em uma galáxia muito, muito distante parecem finalmente estarem se movendo e o desfecho disso pode sim ditar o que veremos em Star Wars. E, se tem algo que eu não me arrependi ainda de fazer – mesmo nos episódios mais sem direção que tiveram – é de ter começado a ver as aventuras de Din Djarin e Grogu. Ainda que O Livro de Boba Fett seja fraco, Ahsoka seja uma sequência de Rebels e tudo mais, para mim o carro-chefe continua bem à nossa frente e é a dupla de personagens que nos dará um vislumbre do futuro.

The Mandalorian está sendo exibido todas as quartas-feiras a partir das 5h na Disney+. Veja mais em Críticas de Séries!

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