Expectativas. Elas podem tanto serem benéficas como também serem o carrasco para determinados produtos – como bem explica este psicólogo. Como os jogadores atualmente estão acostumados com experiências megalomaníacas e são bombardeados com propagandas, trailers e “TUDO É INCRÍVEL”, como bem disse o filme LEGO, é muito fácil que o produto final decepcione muitos deles quando finalmente chega ao mercado. É o que aconteceu com The Order 1886, da Sony.
Devido as altas expectativas, teve gente aí que torceu o nariz para o game, sem ao menos jogá-lo. Simplesmente ao ver vídeos por aí ou por declarar, via achismo, que não é um jogo legal.
O Geekness colocou as mãos no game, e o que temos a dizer é que trata-se de um bom produto final. A história ser curta em relação a outros jogos do gênero, mas traz uma trama envolvente, interessante e personagens carismáticos.
Apesar de ter o mesmo tipo e jogabilidade semelhante a Gears of War, da Microsoft, não chega a ser um game tão completo e não oferece jogabilidade multiplayer. Mesmo assim, somos apresentados a um mundo denso, bonito e que com certeza proporciona bons momentos de diversão em estilo blockbusters de Hollywood.
Os gráficos são incrivelmente bem feitos e um colírio para os olhos. Não há jogos do gênero que se aproximam graficamente a The Order 1886. Isso faz também com que a imersão do game seja primorosa. Você realmente se sente em uma Londres steampunk, cinza, com criaturas que espreitam entre os prédios e grandes construções. Sem falar nos efeitos de luz, que são bem usados e trabalhados.
A trilha sonora também não decepciona. Tanto os efeitos das armas quanto a música e a dublagem (em inglês) estão excelentes. A versão em português também ficou boa, mas é aquela coisa: dublagens nunca passam a experiência completa, seja de um filme ou de jogo. The Order 1886, em português, sofre com isso, pois as vozes e tons muitas vezes não combinam com o momento ou com o personagem.
Trata-se de um jogo linear, o qual acompanhamos a missão de um grupo secreto em acabar com uma infestação de criaturas nas ruas de Londres, enquanto batalha contra um grupo rival de rebeldes. É uma história interessante, e o jogo tem o mérito de exibir essa história sem cortes e de forma contínua. Isso faz parecer que estamos jogando um filme, o que pode ser bom ou ruim. Particularmente, achei a narrativa bem contada e praticamente não existem telas de carregamento durante o jogo, o que agradou muito.
Controlamos Sir Galahad, um soldado casca grossa que sabe lidar com qualquer tipo de perigo e situações extremas. Há variações de jogabilidade durante a narrativa, como lutas corpo a corpo, escaladas e manobras para chegar a determinados lugares. Mais ou menos como em Uncharted, em uma escala menor. Isso faz com que a ação não fique tão monótona e o jogador encontre desafios mais interessante à medida que o jogo progride. Especialmente porque a história fica cada vez melhor até chegar ao final.
O título também traz referências e easter-eggs interessantes, como o nome de “Zelda” estampado na foto de uma mulher ou um boneco do sackboy que repousa em cima de uma mesa. Há menções também a “Jack, o Estripador” em determinados diálogos, e quem constrói as armas dos heróis – que caçam lobisomens pelas ruas, é Nikola Tesla, perito em eletricidade e quem inventou a corrente alternada (AC). Outra referência fica para o comissário da polícia, que se chama Doyle (sobrenome do criador de Sherlock Holmes) e usa o bordão “elementar”, conhecido da série do investigar.
The Order 1886 pode ser curto e linear. Até aí, podemos incluir dezenas de jogos nesta classificação, inclusive a grande maioria das eras anteriores. A verdade é que estamos mais exigentes do que nunca, e isso pode atrapalhar a satisfação. Cada vez mais, precisamos de muito mais para nos sentirmos satisfeitos. Levando isso em conta, acho que vale questionar: o jogo que é ruim ou as pessoas é que são muito exigentes?
Em nossa singela opinião, The Order 1886 representa uma experiência muito agradável e divertida. Ponto final.
The Order 1886
- Desenvolvedora: Ready at Dawn
- Editora: Sony Computer Entertainment
- Plataformas: PS4
- Gênero: Tiro
- Data de Lançamento: 20/02/2015