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Thor: Amor e Trovão | Crítica: A Sessão da Tarde do MCU

Nenhum herói, até o momento, recebeu quatro filmes no MCU e Thor é o primeiro a ter essa honra em mãos. Em Amor e Trovão, vemos o deus do trovão perdido pelo universo e pela primeira vez sem um propósito. Se antes algo dependia dele, como Asgard ou os Vingadores, nada disso pertencia a ele atualmente. Para isso, o herói se une aos Guardiões da Galáxia para tentar encontrar um significado para suas aventuras por aí.

Enquanto tenta se descobrir, uma ameaça começa a surgir no papel de Gorr, o Carniceiro dos Deuses. Motivado a exterminar cada entidade divina com suas próprias mãos, ele acaba no caminho do deus do trovão e um violento duelo é prometido entre ambos. O que nenhum dos dois esperava nessa conta é o surgimento de Jane Foster na fórmula, que acaba surpreendendo eles de forma significativa neste embate.

Uma coisa que você precisa saber logo de cara e não tem outra palavra melhor para definir este filme do que “comédia”. Se Odinson fazia algumas piadas aqui e ali em cenários mais pesados, neste só deixam este clima em algumas cenas envolvendo Gorr e pontos sérios da saga de Jane no Universo Cinematográfico Marvel. De resto, pode ter certeza que verá o humor de Taika Waititi sendo trabalhado ao extremo durante a produção. E, sendo sincero, isso acaba não se tornando nada ruim.

O clima leve equilibra o peso de Mjolnir

O teor humorado de Thor

Eu garanto que, enquanto você estiver vendo Thor: Amor e Trovão, vão rolar umas gargalhadas muito boas. Particularmente falando, tem uma parte do núcleo que bastava aparecer em tela que eu mesmo não me aguentava e soltava umas risadas. Isso não significa que resolveram “meter o louco” e transformaram tudo em uma palhaçada. Até mesmo a jornada emocional segue firme ali, intocada. Porém, é bom compreender o gênero do filme que vai assistir para não acabar se desapontando.

Vamos colocá-lo no mesmo hall de Guardiões da Galáxia Vol.2 e dizer aqui com todas as letras que ele daria um ótimo longa da Sessão da Tarde. Despretensioso, com muito humor e um conteúdo que pode ser consumido por qualquer um sem temor algum. Nem mesmo com um vilão chamado “Carniceiro dos Deuses” vemos atrocidades em tela e apesar disso decepcionar alguns, o clima é justificável com a construção que Christian Bale executa de seu papel. Sua jornada se assemelha muito ao Kratos, de God of War, só que se ele usasse a inteligência desde o primeiro jogo no PS2.

Falando em Bale, o ator é responsável por dar vida a alguns dos pontos mais altos do filme sem mesmo parecer que está fazendo algum esforço. Em determinado momento, você inclusive teme que ele realmente atinja seus objetivos e coloca nossos heróis em perigo de forma extrema. Não digo que sua construção ali é do nível de Thanos e Loki, por exemplo, mas vai se tornar um vilão memorável no hall do MCU. Isso você não terá dúvida alguma sobre a discussão.

Gorr é um excelente vilão…mas não é o melhor deles

Já que estamos conversando sobre atuação, acredito nunca ter visto Chris Hemsworth tão confortável quanto em Thor: Amor e Trovão. Abraçando o teor das piadas e gracinhas que o deus já apresentou nos filmes anteriores, ele mostra todo o seu potencial para a comédia ali de forma até admirável. Não me surpreenderia algumas cenas inclusive serem improvisadas por ele, diga-se de passagem. Não se deixe impedir por este fator para ir vê-lo nos cinemas, pensando “ah, fugiram muito da proposta”. Continua sendo uma aventura épica, a diferença mesmo é que cansaram de deixar o humor em segundo plano e se seguraram neste lado de vez.

Outra bela surpresa que teremos é na lendária Natalie Portman no papel de Jane Foster. Fechando o trio do protagonismo do filme, ela não é negligenciada em momento algum e é uma força a ser considerada enquanto assiste. Ter todo este destaque permitiu que víssemos o melhor lado, tanto da atriz quanto da personagem em toda a saga da Marvel Studios. Se Chris é o herói “principal”, ela é a sua principal rival ali e chamará tanto a atenção quanto Odinson. Pode ter certeza que se encantará e torcerá pela heroína também, sendo uma adaptação que honra sua origem nas HQs.

Os deuses se reúnem para debater assuntos relevantes

O preço da piada

Apesar de, no fim, eu considerar o saldo positivo, teve alguns pontos da direção e do roteiro que realmente não gostei. Um deles é os flashbacks e explicações diretas feitas por Korg, que é interpretado pelo próprio diretor do longa. Eu compreendo que nem todos acompanham essa história desde 2011 e precisam de uma recapitulação. Principalmente pelos filmes antigos serem ruins, vamos ser sinceros. Porém acredito que foi uma escolha pobre de recurso colocar Taika Waititi explicando cada detalhezinho e mostrando cenas dos longas anteriores. Dava sim para cortar parte disso e incluir em diálogos comuns para manter outras cenas que devem ter sido aniquiladas na edição.

Se isso não bastasse, Thor: Amor e Trovão tem decisões no roteiro que me soaram de muito mal-gosto. Nem em questão das piadas, esse foi o ponto mais positivo que tive ao assistir ele no cinema. Digo em relação das escolhas que tomam para contar essa história em particular. O fim, em particular, será algo que devemos ver muitos debates nas próximas semanas e eu mesmo não compreendi tomarem certas decisões. Não ofereço spoilers por aqui, mas saiba que pode sair com uma sensação amarga da experiência por este grande recurso que acaba deixando a desejar.

Em contrapartida, achei que foi um grande acerto mostrar detalhes da relação entre Thor Odinson e Jane no meio do filme. Ali podemos ver como era a dinâmica dos dois, completamente descartada pelo imediatismo da Saga do Infinito. Como estamos no “reinício” de sua franquia, cabia mostrar os dois juntos e isso traz cenas divertidas e que nos mostram como acabaram se separando. Não se torna tão triste quanto o arco de Gorr, mas faz bem o seu trabalho ali na trama.

O filme nos permite ver de forma inédita o relacionamento dos dois

Apesar disso, vi muitas pessoas comentando sobre os efeitos visuais e eu creio que acabam acertando junto ao tom da produção. Gorr é capaz de invocar criaturas das sombras, quais inicialmente parecem um conceito mais “porco” para não terem de gastar tanto a verba do MCU com monstros de CGI. Porém, em um dos embates, quando o grupo de heróis segue para o esconderijo de Gorr, se torna uma verdadeira obra-prima e deixar tudo o mais simples possível me impactou bastante na frente da telona. Então, se pudesse bater o martelo aqui, diria que isso dará a mesma sensação para muitos.

Se o CGI não é tão bem-trabalhado, não podemos falar o mesmo dos cenários. As locações que arrumaram, assim como os templos e grandiosas construções, são de uma excelência ímpar. Se lembra da primeira vez que viu Asgard e se encantou com os prédios dourados, a cachoeira descendo no meio do espaço e o templo de Heimdall logo na ponta? Em Thor: Amor e Trovão terá essa sensação outras vezes, sendo encantado por locais tão incríveis quanto e que merecem ter essa citação aqui.

Tomando um caminho inédito, aproveito a oportunidade para recomendar que vá assistir ao filme. Ainda que não ache a experiência perfeita ao todo, é uma ótima chance de ver como funcionaria uma comédia dentro do Universo Cinematográfico Marvel, um dos maiores acertos que o longa carrega. Se já descartou a chance de ver um épico do deus do trovão e apenas quer um momento para relaxar e dar boas gargalhadas, mergulhe nessa aventura sem medo que não será negativo de forma alguma. Caso a sua pegada seja outra, no entanto, recomendo pular por enquanto e assistir em outras oportunidades.

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