Hoje, Tom Cruise é sinônimo de cenas de ação insanas – seja saltando de aviões ou arriscando a vida em perseguições de moto na franquia Missão Impossível. Mas em 1996, quando o ator decidiu apostar no primeiro filme não só como protagonista, mas como produtor, o sucesso estava longe de ser garantido. Então, por que Cruise, no auge de sua carreira nos anos 90, escolheu justamente esse projeto para assumir o controle criativo?
“Foi a música”, brincou ele, durante um bate-papo no British Film Institute em Londres, ao lembrar o icônico tema da série clássica. Mas a verdadeira razão era mais ambiciosa: Cruise via Missão Impossível como uma chance de revolucionar o cinema de ação, misturando evolução técnica, experimentação e narrativa emocional.
“Era sobre pensar: ‘O que podemos fazer com as cenas de ação?’ Como evoluir a linguagem e trazer mais emoção para essa forma de contar histórias”, explicou. “Esse sempre foi meu interesse. Por isso estudei dublês, câmeras e tecnologia – para desenvolver minhas habilidades e o próprio cinema.”
Essa sede de inovação não surgiu do nada. Cruise contou que, em vez de ir para uma escola de cinema tradicional, criou sua própria formação na prática – aprendendo diretamente com lendas como Martin Scorsese, Dustin Hoffman, Paul Newman e Steven Spielberg. “Eu os entrevistava, estudava filmes, o sistema dos estúdios, a distribuição…” Ele até insistiu para as produtoras o enviassem ao exterior para entender como o cinema funcionava fora de Hollywood. “Na época, a indústria era muito focada nos EUA, mas eu pensava de forma global.”
Foi essa visão que o levou a inovar até nos bastidores. Foi ideia dele, por exemplo, lançar os blockbusters com estreias internacionais em tapete vermelho – algo que hoje é padrão no marketing de grandes filmes. “Criei essas premieres para levar a cultura de Hollywood a outros países e depois viajar o mundo.”
Ao relembrar Top Gun – Ases Indomáveis (1986), Cruise revelou que o filme só aconteceu graças a um encontro casual com Tony Scott, irmão de Ridley Scott, durante as filmagens de Legend. O resultado foi um fenômeno que o transformou em superstar. Mas quando os estúdios pressionaram por uma sequência, ele recusou – pelo menos por um tempo. “Queriam que eu repetisse Top Gun eternamente, mas eu buscava desafios diferentes, queria evoluir como artista.”
Essa recusa em se acomodar moldou sua carreira e transformou Missão Impossível de um thriller esporádico em uma das franquias mais ousadas e emocionalmente ricas do cinema.
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