Arquitetura Arte Tecnologia

Tor Alva é agora oficialmente a torre 3D mais alta do mundo, com 30 metros de altura

Na minúscula vila suíça de Mulegns, que tem apenas 11 habitantes, foi inaugurada nesta terça-feira (20 de maio) a Tor Alva, hoje reconhecida como a torre impressa em 3D mais alta do planeta, com impressionantes 30 metros de altura.

O projeto, que une a Universidade ETH Zurich e a fundação cultural Origen, foi criado para receber eventos de arte, música e teatro, transformando o local em um novo polo cultural.

Localizada ao longo da estrada de montanha Julier, Mulegns já foi um centro movimentado no século 19, conhecido por seus confeiteiros.

Hoje, ameaçada pela perda de população, vê na Tor Alva uma chance de se reinventar. Segundo representantes da ETH Zurich, o projeto só saiu do papel graças a uma soma de criatividade, tecnologia de ponta, apoio público e contribuições de empresas e cidadãos.

Construída onde antes funcionava uma antiga ferraria, a torre oferece uma área de apresentações com vista panorâmica do vale do Julier. Mas o grande feito está mesmo na forma como foi construída.

A equipe de Tecnologias Digitais de Construção da ETH Zurich usou impressão 3D robótica para extrudar camadas de concreto de apenas 5 milímetros, tudo guiado por um software próprio. O método reduziu pela metade o uso de material em comparação a obras tradicionais.

O arquiteto Michael Hansmeyer, que assina o projeto com Benjamin Dillenburger, explicou que a Tor Alva é um exemplo radical das possibilidades abertas pelo design computacional e pela fabricação digital.

Suas colunas em forma de Y giram de forma complexa, evocando a arquitetura detalhada do cantão de Graubünden. Uma das descrições mais curiosas veio da pesquisadora Vanessa Bleich, que comparou a estrutura a um “bolo de camadas ornamentado”.

A logística da construção foi outro desafio: as colunas foram impressas ao longo de cinco meses no campus da ETH em Hönggerberg e depois transportadas para Savognin, para só então serem montadas em Mulegns no verão de 2024.

Já a escadaria em espiral e a cúpula onde ocorrem as performances foram finalizadas no inverno.

O professor Matthias Kohler, também da ETH, destacou que o modelo digital permitiu repensar todo o processo de projeto, liberando o potencial criativo ao máximo.

Pensando no meio ambiente, os elementos da torre foram projetados para reaproveitamento. Sem a necessidade de formas para moldar o concreto, praticamente não há geração de resíduos durante a construção.

Segundo a fundação Origen, essa abordagem mostra como inovação pode andar junto com sustentabilidade.

A Tor Alva é temporária e deve permanecer no local por cinco anos, com possibilidade de ser transferida depois.

As visitas guiadas começam em 23 de maio de 2025, e os espetáculos estão previstos para iniciar em julho. A estrutura é fruto da colaboração entre diversos departamentos da ETH, incluindo Engenharia Estrutural, Fabricação Robótica e Ciência dos Materiais.

Para Mulegns, mais do que um monumento turístico, a torre representa uma nova chance.

Uma prova, nas palavras de Dillenburger, de que a tecnologia pode reanimar lugares esquecidos. A esperança é que esse símbolo de renascimento inspire projetos semelhantes em outras comunidades da região.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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