A relação tecnológica entre Estados Unidos e China acaba de ganhar um novo capítulo. O presidente Donald Trump anunciou que a Nvidia recebeu autorização para voltar a vender o chip avançado de IA H200 para clientes aprovados em território chinês, flexibilizando uma das restrições mais importantes que vinham limitando o mercado de semicondutores.
A decisão marca uma mudança relevante na política de exportações para Pequim.
Com a nova diretriz, a Nvidia poderá retomar o envio do H200, um processador de alto desempenho usado no treinamento e operação de modelos de IA de grande escala.
Porém, a liberação não vem sem amarras: apenas compradores previamente avaliados poderão adquirir o hardware, e um quarto de toda a receita gerada irá diretamente para o governo dos EUA.
Trump classificou a medida como um equilíbrio entre manter oportunidades econômicas e garantir supervisão estratégica, afirmando que a China não terá acesso às tecnologias mais avançadas da empresa.
Segundo o presidente, a decisão foi comunicada com antecedência ao líder chinês, Xi Jinping, que teria recebido a notícia de forma positiva.
A Casa Branca reforçou ainda que a política se aplica exclusivamente ao H200, que está uma geração atrás dos novos chips Blackwell da Nvidia.
Esses modelos de ponta, assim como arquiteturas futuras, como Rubin, continuam completamente bloqueados pela regulamentação atual.
A mudança chega depois de meses de pressão por parte da Nvidia. Jensen Huang, CEO da companhia, vinha alertando que cortar totalmente o acesso ao mercado chinês poderia enfraquecer as fabricantes americanas e acelerar o desenvolvimento de alternativas domésticas por parte da China.
Para defensores da medida, permitir vendas controladas mantém os EUA competitivos e preserva influência nas cadeias globais de IA, ao mesmo tempo em que impede a transferência das tecnologias mais sensíveis.
Do ponto de vista técnico, o H200 representa um salto considerável em relação aos modelos que estavam autorizados até então.
Lançado em 2023, ele entrega mais banda de memória e capacidade de processamento que o H100 e é considerado várias vezes mais potente que o H20, que era o limite máximo permitido para o mercado chinês desde as restrições impostas pelo governo de Joe Biden. Essas regras foram criadas por considerar chips de IA como itens de uso dual, capazes de reforçar sistemas militares e de vigilância.
A decisão também abre a porta para que outras empresas americanas aproveitem o mesmo modelo de exportação.
Tanto Intel quanto AMD devem poder vender determinados processadores avançados sob condições semelhantes, o que pode redefinir o equilíbrio competitivo do setor de semicondutores.
Para a Nvidia, que vinha sofrendo com a queda nas vendas para a China devido às sanções sucessivas, essa liberação representa uma reviravolta significativa.
Nas próximas semanas, o Departamento de Comércio deve oficializar as novas regras de licenciamento e fiscalização.
Mesmo que a medida não devolva o acesso total ao mercado chinês, ela mostra claramente que o governo Trump está recalibrando sua estratégia, buscando um ponto de encontro entre poder econômico e segurança nacional dentro da disputa tecnológica entre EUA e China.
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