Dá até medo. Quando a gente vê os dizeres “Um Filme Netflix”, é praticamente certo que aí vem decepção. Grande parte dos filmes produzidos pela Netflix são uma bomba em quesito qualidade.

Não só expressam grandes problemas de narrativa, como muitas vezes pecam no roteiro, na fotografia, na edição, na continuidade, e oferecem muitos furos na história – o que faz a gente infelizmente perder a imersão na hora de assistir essas produções.

Os exemplos são inúmeros, e inclusive refletem em bancos de dados online (como o IMDB e Rotten Tomatoes), com notas horríveis e aceitação bem baixa pelo público.

Mas o que está por trás dessas produções medíocres? O que será que torna esses filmes tão descartáveis, sem sal? E que deixam aquela sensação de “perdi o meu precioso tempo de vida assistindo a essa m****”?

A gente cita alguns aspectos que podem revelar a fórmula Netflix de arruinar os filmes.

Porque ‘Um Filme Netflix’ significa filmes medíocres

Um Filme Netflix: Porque esse termo significa “filme ruim”

Os filmes do Netflix são feitos para a TV, não para o cinema

Não há uma janela de cinema para as produções do Netflix, diferente de outros serviços de streaming, como o Amazon Prime. A Amazon, por exemplo, contrata diretores de peso e fazem uma exibição nos cinemas antes de lançarem no serviço de streaming.

Significa que esses filmes do Netflix não vão ter espaço para elogios, críticas, premiações.

Essas produções portanto carregam o selo “filmes de TV”. Isso dificulta muito a contratação de diretores e roteiristas realmente bons.

Fórmula genérica gera popularidade e, consequentemente, mantém assinantes

A ideia central da plataforma de streaming é fazer o máximo para manter seus assinantes. Filmes, portanto, precisam ter uma certa fórmula para “darem certo”. A narrativa hollywoodiana é comumente usada nos filmes produzidos por eles.

São cheios de clichês e aquela coisa de “já vi isso em algum lugar”.

A grande maioria dos filmes com este selo “Um Filme Netflix” parece mais uma cópia de outros filmes que fizeram sucesso. Como exemplo temos o “The Silence”, cópia descarada de “Um Lugar Silencioso”. Estes filmes, no entanto, não oferecem nada novo. Só mais do mesmo.

Filmes baratos e que não exigem muito da produção, dos atores, refletem essa política popular, e mantém a quantidade sobre a qualidade em alta. Quanto mais filmes, mais “variedade” e mais chances de mais pessoas gostarem.

Filmes com tons artísticos, oníricos, reflexivos, de difícil digestão, não atraem muita gente. Portanto, pra quê investir alto em algo que pode não dar certo, quando temos Adam Sandler para divertir as pessoas sem qualquer necessidade de uso cerebral, não é mesmo?

Um Filme Netflix: Porque esse termo significa “filme ruim”

Séries de TV são um investimento melhor e mais certeiro

Apesar de muitos seriados criados pela Netflix serem também de péssima qualidade, eles investem mais em seriados.

Isso acontece porque seriados têm um valor a longo prazo, diferente dos filmes. Uma série de TV que tem uma temporada após a outra pode criar uma base de assinantes voraz para a próxima temporada. A maioria dos filmes não tem esse efeito, pois não oferece continuidade. Então, o investimento é menor.

Há pouco conteúdo de qualidade excepcional na plataforma

Se formos analisar bem a variedade de títulos licenciados e presentes na plataforma como um todo, podemos notar que há pouquíssimos filmes que oferecem uma qualidade peculiar e única.

São quase inexistentes as produções de diretores premiados e aclamados. Basta procurar por alguns nomes conhecidos pelos seus dons artísticos e maestria no quesito cinema. Experimente fazer uma busca de nomes como Francis Ford Coppola, Paul Thomas Anderson, Richard Linklater, Woody Allen, Alfred Hitchcock, Roman Polanski, os irmãos Coen, Bergman, Antonioni, Stanley Kubrick, entre muitos outros. Um ou outro filme desses caras podem aparecer, mas nunca uma variedade considerável, ou suas melhores produções.

Um Filme Netflix: Porque esse termo significa “filme ruim”

As coisas parecem estar mudando, mas a passos lentos

Parece que a plataforma notou que muitos assinantes estão muito descontentes com a qualidade das produções criadas por eles. O resultado disso é que a Netflix tem buscado fechar contratos milionários com alguns diretores, roteiristas e produtores aclamados.

Um exemplo disso é o filme de Breaking Bad, “El Camiño”, criado pelo próprio autor da série, Vince Ghilligan. Outro é “Roma”, de Alfonso Cuarón. Outras produções do gênero incluem “The Irishman”, de Martin Scorcese. Aos poucos, a empresa tem investido em mais qualidade. Mas infelizmente isso é a exceção. Enquanto temos um filme bom sob o selo “Um Filme Netflix”, temos 30 ruins.

Que tal mais espaço para a cultura de fato?

As coisas vão ficar interessantes de fato quando a plataforma resolver investir em conteúdo que realmente importa. Quem sabe filmes do novo e velho cinema francês, produções alemãs, suecas, dinamarquesas, norueguesas, japonesas que realmente valham a pena? E não só aquela batelada de filmes e seriados “B” que vemos de outros países, que aparentam ser jogados lá para fazer volume.

O intuito, claro, não é minar o entretenimento das massas, com produções enlatadas no estilo hollywood, mas sim oferecer uma maior variedade para os diferentes tipos de assinantes que a plataforma pode angariar.

Quem gosta de filmes blockbusters ou de puro entretenimento estão muito bem servidos. Mas e quem gosta troca de culturas, elementos subjetivos, pensamentos, reflexões, filosofia? O cinema na sua melhor forma como obra de arte?

Leia também: Os filmes originais da Netflix que valem a pena

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Lucas
Lucas
2 anos atrás

Falou exatamente o que eu sinto ao assistir os filmes originais da Netflix.

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