Já parou para pensar que todo tipo de música que você consome tem uma origem? É pensando em despertar essa noção nas pessoas que a jornalista musical Jenzia Burgos criou a Black Music History, uma biblioteca online sobre a história da música negra.
Através de um acervo online que compreende livros, artigos, podcasts e filmes, a jornalista americana deseja mostrar como artistas negros estão por trás das origens da música popular.
Isso porque artistas negros foram muitas vezes minimizados ou totalmente omitidos quando se trata de discussão, prática e pesquisa de muitas formas de música. A biblioteca deseja corrigir isso, esclarecendo como a música negra foi fundamental para a história da música americana, da música da América latina e da música popular em geral.
“Existem muitos arquivos notáveis fazendo um trabalho semelhante, mas não é incomum que alguns tenham uma visão limitada da música negra – que alimenta o centrismo americano e uma preferência pelas tradições musicais vernáculas. Esta coleção considera o termo “música negra” de forma mais ampla, pois visa abordar quaisquer instâncias em que a participação negra levou à criação ou inovação da música em toda a diáspora. Falando francamente, isso significa que quase todos os gêneros serão incluídos aqui.”, escreve a jornalista no site da biblioteca.
A ideia do acervo online surgiu após uma publicação de Jenzia viralizar no Instagram. No post, ela explicava como “sua música favorita existe por causa de pessoas negras” e “se você não conhece a história de artistas negros por trás da sua música favorita, então você não conhece realmente sua música favorita”.
O trabalho jornalístico sobre o mundo da música ensinou Jenzia que é sempre necessário fazer perguntas sobre a música que você está ouvindo, em vez de ser apenas um ouvinte ocioso. Sendo assim, a jornalista levanta algumas questões que você deve se fazer ao ouvir uma música:
Qual é a história por trás dessa música?
Qual é a identidade desse artista? Como isso informa sua música?
O que essa música pode significar para o público-alvo?
O que ela significa para mim?
“Essas perguntas quase sempre desvendam conversas sobre raça (e classe, gênero, sexualidade, religião e nação). Sei que muitos podem evitar fazer essas perguntas por medo de “complicar” sua experiência com a música.” diz a Jenzia no post do Instagram.
No entanto, avaliar uma música por apenas suas características tais como dançabilidade, produção e instrumentação é uma abordagem que falha diretamente em reconhecer o trabalho que os artistas negros depositam em uma indústria que todos nós consumimos diariamente.
“É onde encontramos formas apropriativas, revisionistas e racistas de lidar com a música. Sua ignorância intencional é exatamente o que as corporações musicais desejam. Eles querem ser capazes de categorizar facilmente (também conhecido como segregar) artistas negros em gêneros monolíticos – ou seja, “urbano.” Eles não querem que você saiba que música americana é música negra, ponto final.”, diz a jornalista.
Na biblioteca online, você encontra pastas dedicadas a gêneros musicais diferentes. Dentro delas, encontram-se artigos, indicações de filmes e podcasts para assistir e ouvir. Assim, você aprenderá novas perspectivas sobre o mundo da música que nunca havia imaginado.
Segundo Jenzia, se trata de uma “biblioteca viva”, que deve mudar e crescer à medida que novos materiais são adicionados.
Acesse a Black Music History neste link.
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