A Editora JBC trouxe uma das mais aguardadas obras do gênero vampírico dos últimos anos: Vampeerz, o aclamado mangá de Akili que conquistou leitores ao redor do mundo com sua abordagem única e envolvente do universo dos vampiros. Com nove volumes completos e uma narrativa que combina romance, humor e elementos sobrenaturais, a obra promete redefinir como vemos as criaturas da noite na literatura japonesa contemporânea.
Durante o funeral de sua avó, a jovem Ichika conhece uma estrangeira de beleza assustadora chamada Aria, por quem se apaixona instantaneamente. O que começa como um encontro fortuito se transforma em uma jornada de descobertas quando Ichika descobre que Aria é uma vampira em busca de algo que pertencia à sua avó falecida. A trama ganha complexidade quando é revelado que o objeto desejado é uma espada especial capaz de matar vampiros, e Aria pede à protagonista que a crave em seu próprio coração, um pedido que Ichika se recusa a atender.

A premissa de Vampeerz apresenta uma interessante inversão das dinâmicas tradicionais do gênero vampírico. Enquanto obras clássicas como Drácula de Bram Stoker retratam vampiros como predadores ameaçadores, Akili opta por uma abordagem mais humanizada e romântica, ecoando tendências modernas do gênero que surgiram após Entrevista com o Vampiro de Anne Rice.
Influências e referências de Akili
Falando em obras conhecidas, o trabalho de Akili é um convite ao contraste que histórias de vampiros permitem, comparando o clássico ao contemporâneo. O Conde Drácula, de Bram Stoker, estabeleceu em 1897 as bases do vampirismo moderno, criando um monstro genuinamente aterrorizante que representava os medos vitorianos sobre doenças contagiosas e degeneração moral. O vampiro de Stoker era descrito como um ser asqueroso e aterrorizante, incapaz de sentimentos e movido apenas pela sede de sangue.

Com a chegada da saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer, o gênero foi revolucionado ao transformar vampiros em figuras românticas e sedutoras de uma maneira não muito convencional. Curiosamente, os vampiros de Meyer são mais fiéis ao Drácula original do que muitas adaptações, especialmente no que se refere à resistência à luz solar, afinal, eles apenas “brilham” em vez de se desintegrarem.

Anne Rice inovou ao dar voz aos próprios vampiros em Entrevista com o Vampiro, explorando a psicologia e os dilemas existenciais dessas criaturas imortais. Esta obra foi fundamental para humanizar os vampiros na ficção contemporânea, influenciando diretamente trabalhos posteriores como Vampeerz.

No universo dos mangás, Hellsing de Kouta Hirano, que também ganhará reimpressão pela Editora JBC, representa uma abordagem completamente diferente. Alucard, o protagonista vampírico da série, é retratado como uma força destruidora quase incompreensível, mantendo elementos do terror clássico enquanto adiciona camadas de complexidade psicológica. A obra é conhecida por sua extrema violência e tom sombrio, contrastando drasticamente com a leveza romântica de Vampeerz.

Outro ponto de comparação importante é Vampire Knight, de Matsuri Hino, que também explora romance entre humanos and vampiros em um ambiente escolar. Contudo, Vampire Knight mantém um tom mais dramático e gótico, enquanto Vampeerz opta por uma abordagem mais leve e bem-humorada.
O diferencial de Vampeerz no cenário GL
Vampeerz se destaca não apenas como uma obra vampírica, mas como um importante representante do gênero Girls Love (GL) ou Yuri. O mangá marca o retorno da JBC às publicações GL, demonstrando a crescente demanda por narrativas que explorem relacionamentos sáficos.

A obra de Akili se diferencia de muitos outros títulos GL por integrar elementos sobrenaturais de forma orgânica à narrativa romântica. Enquanto muitos mangás yuri focam exclusivamente no desenvolvimento do relacionamento, Vampeerz usa a mitologia vampírica como catalisador para explorar temas de aceitação, diferença e amor incondicional.
Uma nova era para os vampiros
A chegada de Vampeerz ao Brasil representa mais do que apenas mais um lançamento de mangá; ela também simboliza a crescente aceitação e demanda por narrativas diversas. A obra tem sido elogiada por críticos e leitores por sua abordagem respeitosa aos relacionamentos entre mulheres e por evitar estereótipos comuns no gênero.

O sucesso internacional da obra demonstra como o público contemporâneo busca novas perspectivas sobre mitos clássicos. Enquanto Drácula aterrorizava leitores vitorianos e Hellsing impressiona com sua violência extrema, Vampeerz conquista através da ternura e humor, provando que há espaço para múltiplas interpretações do vampirismo na cultura popular.
Vampeerz representa uma evolução natural do gênero vampírico, incorporando sensibilidades contemporâneas sobre relacionamentos, identidade e aceitação. A obra de Akili consegue honrar a rica tradição vampírica iniciada por Stoker, passando pelas contribuições de Rice e chegando às interpretações japonesas como Hellsing, enquanto oferece algo genuinamente novo e refrescante.

Com sua publicação no Brasil pela JBC, Vampeerz promete conquistar uma nova geração de leitores, demonstrando que os vampiros continuam sendo figuras fascinantes capazes de se reinventar para cada época. A obra não apenas entretém, mas também contribui para importantes conversas sobre representatividade e diversidade na literatura de entretenimento.
Para os fãs de vampiros que cresceram com Drácula, se emocionaram com Entrevista com o Vampiro, se arrepiaram com Hellsing ou se encantaram com Crepúsculo, Vampeerz oferece uma experiência única que celebra tanto a tradição quanto a inovação no gênero vampírico.