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Vida surpreendente é encontrada a quase 10 km de profundidade no oceano Pacífico

Em um mergulho que parece desafiar os limites da vida, o submersível Fendouzhe desceu cerca de seis milhas, quase 10 km, nas águas escuras do noroeste do Pacífico e encontrou um mundo que ninguém esperava. Em um ambiente onde a pressão seria capaz de esmagar um tanque, cientistas da Academia Chinesa de Ciências esperavam encontrar apenas silêncio e vazio nas fossas de Kuril-Kamchatka e Aleutas. Em vez disso, descobriram ecossistemas vibrantes, repletos de criaturas que parecem ignorar as regras da sobrevivência. A vida desconhecida do fundo do mar.

Essas regiões fazem parte da zona hadal, abaixo dos 6 mil metros de profundidade, locais onde as placas tectônicas colidem e o metano escapa do subsolo marinho. A Fossa de Kuril-Kamchatka, que vai do Japão à Rússia, chega a 9,4 km, enquanto a Fossa das Aleutas, próxima ao Alasca, atinge 8,2 km. Frias, escuras e caóticas, essas áreas se tornam laboratórios naturais, onde vazamentos químicos sustentam formas de vida independentes da luz solar.

Durante 23 mergulhos, o Fendouzhe registrou campos de vermes tubulares de quase 30 cm, moluscos brilhantes, crustáceos espinhosos e lírios-do-mar delicados, todos quimiossintéticos, organismos que transformam substâncias químicas em energia, como verdadeiros alquimistas do fundo do mar. Liderada por Xiaotong Peng, a equipe encontrou comunidades subaquáticas que se estendem por 2.400 km, mais densas e profundas do que qualquer outra já registrada, além de novas espécies que revelam uma biodiversidade ainda pouco explorada.

Até pouco tempo atrás, os cientistas acreditavam que a vida nessas profundezas dependia apenas dos restos que caíam da superfície. Mas essas “fontes de metano” mostram que o oceano profundo tem seu próprio sistema autossuficiente, um divisor de águas para a biologia marinha, e um indício promissor para a busca de vida fora da Terra, em mundos gelados como Europa e Encélado, onde a luz solar nunca chega.

Explorar essas profundezas não é tarefa simples. A pressão atinge oito toneladas por polegada quadrada, o suficiente para destruir qualquer equipamento comum. Mas o Fendouzhe, cujo nome significa “Perseverante”, foi projetado para levar humanos a lugares onde menos pessoas já estiveram do que na Lua. Agora, a equipe de Peng estuda como essas criaturas sobrevivem e evoluem em condições tão extremas, transformando cada mergulho em uma nova peça do quebra-cabeça do oceano profundo.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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