Em uma animação produzida pela TV Al Jazeera, Zygmunt Bauman narra o drama que os refugiados do Oriente Médio enfrentam.

Zygmunt Bauman é um renomado sociólogo polonês responsável por cunhar o conceito de modernidade líquida e é conhecido por suas análises sobre o consumismo pós-moderno.

Bauman usa o termo “líquido” como metáfora para ilustrar o estado dessas mudanças; facilmente adaptáveis, fáceis de serem moldadas e capazes de manter suas propriedades originais.

Segundo ele, as formas de vida moderna se assemelham pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter sua identidade por muito tempo, o que reforça esse estado temporário das relações sociais.

Em relação aos refugiados, Bauman os analisa como pessoas forçadas a deixar o lar que amavam e têm o orgulho destruído pelos conflitos locais e passam a ser caracterizados como “precariado”; em sua definição, pessoas que vivem marcadas pelo medo líquido (vulnerabilidade, ansiedade, angústia e exclusão).

Assista no player abaixo.

Zygmunt Bauman sobre os refugiados

Tradução

Estas pessoas que estão vindo agora são refugiados que não são famintos, sem pão ou água. São pessoas que, ontem, tinham orgulho de seus lares, de suas posições na sociedade, que, frequentemente, tinham um alto grau de educação e assim por diante. Mas, agora eles são refugiados. E eles vêm para cá. Quem eles encontram aqui? O precariado. O precariado vive na ansiedade. No medo. Nós temos pesadelos. Tenho uma ótima posição social e quero mantê-la.

“Precariado” vem da palavra francesa précarité que, em livre tradução, significa andar em areias movediças. Agora, surgem estas pessoas da Síria e da Líbia. Elas trazem esta ameaça de países distantes para nossas casas. De repente, eles aparecem ao nosso lado. Não conseguimos omitir suas presenças.

Os refugiados simbolizam, personificam nossos medos. Ontem, eram pessoas poderosas em seus países. Felizes. Como nós somos aqui, hoje. Mas, veja o que aconteceu hoje. Eles perderam suas casas, perderam seus trabalhos.

O choque está apenas começando. Não existem atalhos para o problema. Não existem soluções rápidas. Então, precisamos nos preparar para um tempo muito difícil que está chegando. Esta onda de imigração que aconteceu ano passado não foi a última. Há mais e mais pessoas esperando. Precisamos aceitar que esta é a situação. Vamos nos unir e encontrar uma solução.

Mais informações aqui.

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