O terror é um dos gêneros que mais desperta curiosidade e fascínio, assim como trata de questões relevantes por meio de alegorias e analogias. Mary Shelley, Bram Stoker, Horace Walpole e Edgar Allan Poe são exemplos de autores clássicos de livros de terror, que inspiram obras até hoje. A mais recente série de terror da Netflix leva o nome de um dos contos de Edgar Allan Poe: A Queda da Casa de Usher.

Comemorado no dia 31 de outubro, o Dia das Bruxas – também conhecido como Halloween ou até mesmo Dia do Saci, aqui no Brasil – deriva de um festival pagão celta, intitulado Samhain, que celebrava a chegada do inverno e era tido como o momento em que a barreira que separava os mortos dos vivos deixava de estar presente.

Por conta da colheita que era feita antes do inverno, a abóbora era um dos símbolos do Samhain. O Halloween se tornou cada vez mais como conhecemos hoje após a influência do catolicismo ao mesclar as tradições celtas ao Dia de Todos os Santos.

A atmosfera sobrenatural que cerca a data certamente inspira a leitura de histórias de terror e as nuances que estão presentes no gênero, seja por meio do mistério, do horror, do misticismo ou até mesmo do que é considerado científico. Para se aprofundar mais nas histórias que não te deixarão dormir, confira cinco livros que são clássicos do medo.

Livros de terror para ler no Halloween

Drácula, de Bram Stoker

Elaborado como um romance a partir de uma série de cartas, relatos, diários pessoais, reportagens de jornais, registros de bordo, etc, o livro nos apresenta os costumes, tradições e a cultura da Inglaterra vitoriana e a reação dos britânicos com relação ao que vem do estrangeiro, personificado através do medo da figura do vampiro.

Quando foi publicado em 1897, “Drácula” não foi um best-seller imediato. O romance tornou-se mais significativo para os leitores modernos do que foi para os leitores contemporâneos do autor, atingindo seu grande status lendário clássico ao longo do século XX. A edição bilíngue de “Drácula” pela Editora Landmark conta com um primeiro capítulo excluído por Stoker da publicação e recuperado após a morte do autor.

O Estranho Caso do Doutor Jekyll e do Senhor Hyde, de Robert Louis Stevenson

Escrito em 1886, o clássico conta a história de Utterson, um advogado que acompanha os horrores acontecidos em Londres no final do século XIX por um misterioso homem que comete crimes e provoca a polícia local. O clima sombrio da capital inglesa contorna a história e dá o tom de mistério, pois mesmo durante o dia, a névoa deixa a cidade escura.

O contexto histórico do país é transcrito na trama: avanço nas pesquisas e experimentos científicos, êxodo rural devido à Revolução Industrial, contraste econômico, poluição e aumento dos índices criminais, motivo pelo qual, em 1829, foi criada a Scotland Yard. Em meio a esta conjuntura, o lado tenebroso da sociedade vitoriana e a dualidade do homem são discutidas pela obra.

Frankenstein, de Mary Shelley

O livro relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que busca recriar um ser vivo, uma criatura, através do uso da ciência em seu laboratório. Mary Shelley escreveu a obra quando tinha 19 anos. Publicada em 1818, sem o devido crédito para a autora em sua primeira edição, o romance obteve grande sucesso e gerou todo um novo gênero, tendo influência na literatura e na cultura popular ocidental.

Frankenstein aborda diversos temas ao longo de sua narrativa, sendo a mais gritante a relação entre a criatura e o seu criador, com óbvias implicações religiosas. Preconceito, ingratidão e injustiça também estão presentes. A criatura é sempre julgada por sua aparência, e agredida antes de ter a oportunidade de se defender. Por fim, a inevitabilidade do destino, tema muito desenvolvido na literatura clássica, é constantemente aludida ao longo da obra que se presta a múltiplas interpretações e leituras.

O Fantasma da Ópera, de Gaston Leroux

Publicado originalmente em série na famosa revista literária “Le Gallois”, entre 23 de setembro de 1909 e 8 de janeiro de 1910, e posteriormente em livro em abril de 1910. O romance é parcialmente inspirado em fatos históricos da Ópera de Paris durante o século XIX e em um conto relativo à descoberta de um esqueleto de um bailarino durante a produção da ópera “O Franco-atirador”, de Carl Maria von Weber, em 1841.

O livro combina romance e suspense para narrar o triângulo amoroso entre a linda e talentosa cantora lírica Christine Daaé, o frágil e apaixonado visconde Raoul de Chagny e o sinistro e obcecado gênio da música que habita os porões do teatro. Relatado como uma investigação real, a obra busca atestar a existência do habitante do subterrâneo da Ópera de Paris. Com contornos de relato histórico, a narrativa conduz o leitor pelos labirintos da Ópera de Paris e do coração humano, revelando o que há de mais obscuro em ambos.

A Volta do Parafuso, de Henry James

Para aqueles que se interessam por histórias mais sobrenaturais, em A Volta do Parafuso somos levados ao dia a dia de uma governanta num casarão em Bly, Inglaterra, a qual cuida de duas crianças, que serão possuídas por espíritos de um criado de quarto e de sua antecessora na função.

O livro provocou polêmica quando foi publicado porque nunca ficou claro se tudo o que se passou foi de fato real ou apenas fruto de uma imaginação obsessiva da narradora da história. Essas leituras em aberto são capazes de levarem a grandes acertos e enormes absurdos na experiência de interpretação do livro.

Bônus: 1984, de George Orwell

Mais real do que se espera, distopias também podem dar medo. 1984 oferece uma descrição quase realista do vastíssimo sistema de fiscalização em que passaram a assentar as sociedades capitalistas modernas. A história se passa em um futuro onde o Estado impõe um regime extremamente totalitário, através da vigilância do Grande Irmão, imposta pelo partido (Ingsoc), onde ninguém escapa do seu poder.

O país é dominado pelo medo e repressão, pois quem pensa contra o regime é acusado de cometer um crime. Neste mundo, o personagem principal, que representa o contraponto ao regime, Winston Smith logo começa a questionar o modo como age o Estado. Winston faz parte do Ministério da Verdade, sua função é falsificar registros históricos, a fim de moldar o passado à luz dos interesses do presente tirânico.

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