Há décadas Hayao Miyazaki tem encantado o público das mais diversas idades com suas animações para o Studio Ghibli, a prestigiada casa de animação japonesa co-fundada por ele. Para conhecer um pouco mais sobre a vida e as ambições do homem que desenvolveu um método singular de contar histórias, nós separamos 6 curiosidades sobre Hayao Miyazaki.
As paixões de Miyazaki: Aviação e Arte
Miyazaki nasceu em Bunkyō, Tóquio, em 1941. Assim como muitas crianças que cresceram no Japão durante a Segunda Guerra Mundial, ele passou a infância observando o constante fluxo de aviões militares pelo céu. Seu contato com a aviação também começou em casa. Seu pai era diretor da Miyazaki Airplane, uma empresa que fabricava aviões de combate.
Outro elemento vital na infância de Miyazaki foi a arte. Desde pequeno, ele tinha interesse em desenhos e mangás. Apesar de mais tarde ter se formado na Universidade Gakushuin com diplomas em Economia e Ciência Política, seu coração ainda estava preso ao universo artístico.
As duas paixões se uniram mais tarde, quando os esboços de mangás saíram do papel e ganharam vida em “Porco Rosso”, “O Castelo Animado”, “O Castelo no Céu” e em muitas outras animações onde Miyazaki expressou seu fascínio pela aviação.
A jornada de um artista incansável
Antes de co-fundar sua própria casa de animação, ele trabalhou como artista intermediário no estúdio Toei Animation. Após subir de cargo, lá se tornou animador chefe. Eventualmente acabou deixando a casa, em 1971, e trabalhou com A-Pro, Nippon Animation e Telecom Animation Film até chegar ao estúdio Topcraft, onde lançou a animação japonesa “Nausicaä do Vale e do Vento”, baseado em sua série de mangá de maior sucesso.
O filme foi responsável por alavancar a carreira de Miyazaki, no qual ele mostrou suas habilidades como diretor, artista de storyboard, pintor de cenas e designer de personagens.
Em 1985, ele co-fundou o Studio Ghibli com Isao Takahata e Toshio Suzuki, onde desde então tem criado um universo particular do mundo das animações, com narrativas que despertam o que temos mais de humano dentro de nós.
As protagonistas femininas fodonas do Studio Ghibli
Além de destacar o futuro promissor de Miyazaki no mundo das animações, Nausicaä do Vale e do Vento serviu como a base que o diretor usaria desde então em suas narrativas: protagonistas femininas fortes, bem resolvidas, corajosas e autossuficientes – bem diferente do estereótipo feminino apresentados pelas animações tradicionais naquela época (como a Disney).
“Elas precisam apenas de um amigo como apoio, mas nunca um salvador. Qualquer mulher é tão capaz de ser um herói quanto qualquer homem”, ele disse durante uma entrevista, em 2013.
Miyazaki nunca começa um filme com roteiro
Em seu processo criativo do diretor processo criativo do diretor, quando começa a trabalhar em uma animação, é estruturado apenas nos storyboards – desenhos que o ajudam a mapear a sequência de eventos de um filme.
“Não tenho a história finalizada e pronta quando começamos a trabalhar em um filme”, ele disse em entrevista em 2002. “Normalmente não tenho tempo. Então a história se desenvolve quando eu começo a desenhar os storyboards. A produção começa rápido, enquanto os storyboards ainda estão em desenvolvimento. Nunca sabemos aonde a história vai chegar, mas continuamos trabalhando no filme à medida que ela se desenvolve. É uma maneira perigosa de fazer um filme de animação e eu gostaria que fosse diferente, mas, infelizmente, é assim que eu trabalho e todo mundo é forçado a se sujeitar a isso”, ele disse em entrevista.
+ Desenhos tradicionais – CGI
Ao contrário das animações de outros estúdios, Miyazaki evita o CGI e prefere apostar em técnicas tradicionais de desenho. Todos os seus filmes são 90% desenhados à mão.
“Na verdade, acho que o CGI tem o potencial de igualar ou até superar o que a mão humana pode fazer. Mas é tarde demais para eu tentar”.
Esse talvez seja o toque especial de suas animações na hora de criar as narrativas visuais, tornando todo o conceito tão original das animações do Ghibli.
No entanto, em 2016, Miyazaki lançou o curta “Boro the Caterpillar”, produzido inteiramente em CGI e aclamado pela crítica. Infelizmente, a animação é apenas exibida no Museu Ghibli, no Japão.
Neste vídeo do GKIDS Films, eles contam um pouco mais sobre a relação do diretor com o CGI.
Miyazaki 2 x aposentadoria 0
Após o lançamento da Princesa Mononoke, em 1997, o diretor anunciou sua intenção de se aposentar. Em 2000, no entanto, ele estava de volta com “A Viagem de Chihiro”, um dos seus filmes mais famosos.
Em 2013, ele anunciou sua aposentadoria. E, novamente, três anos depois, voltou atrás. Desde 2017, ele está trabalhando em seu novo filme “How Do You Live?”, outro filme inteiramente desenhado à mão, que possivelmente ainda vai demorar alguns anos para ser lançado.
Hayao Miyazaki é um artista incansável, para nossa sorte. E você pode conhecer um pouco mais sobre sua biografia e processo criativo com este documentário online.
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